{"id":572,"date":"2011-11-29T07:01:22","date_gmt":"2011-11-29T10:01:22","guid":{"rendered":"http:\/\/temp4.time2party.com.br\/?p=572"},"modified":"2019-05-30T18:03:57","modified_gmt":"2019-05-30T21:03:57","slug":"a-percepcao-do-som-muda-todo-o-sentido","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.maissauderevista.com.br\/saude-geral\/a-percepcao-do-som-muda-todo-o-sentido\/","title":{"rendered":"A percep\u00e7\u00e3o do som muda todo o sentido"},"content":{"rendered":"
A audi\u00e7\u00e3o tem papel fundamental no processo de comunica\u00e7\u00e3o e intera\u00e7\u00e3o social<\/em><\/p>\n Ouvir o canto dos p\u00e1ssaros, a melodia da can\u00e7\u00e3o, a voz da pessoa amada, as gargalhadas dos pais, o som da campainha, o latido do cachorro, o toque do telefone, o barulho da chuva, \u00e9 uma sensa\u00e7\u00e3o sem igual. Um dos seis sentidos do ser humano, a audi\u00e7\u00e3o, pode estar comprometida desde o pr\u00e9-natal ou a partir da inf\u00e2ncia at\u00e9 a velhice (terceira idade). Segundo a Organiza\u00e7\u00e3o Mundial de Sa\u00fade (OMS), 15 milh\u00f5es de pessoas sofrem com algum tipo de perda auditiva no Brasil, destas 350 mil n\u00e3o conseguem ouvir.<\/p>\n O ouvido, conhecido tamb\u00e9m como orelha, \u00e9 uma estrutura complexa dividida em tr\u00eas partes \u2013 externa, m\u00e9dia e interna. \u201cO ouvido externo \u00e9 o respons\u00e1vel por captar as ondas sonoras (som), atrav\u00e9s do pavilh\u00e3o auricular, esp\u00e9cie de concha ac\u00fastica, e conduzi-las ao canal auditivo. As vibra\u00e7\u00f5es que as ondas produzem na membrana do t\u00edmpano prosseguem pelo ouvido m\u00e9dio e pelo interno at\u00e9 as c\u00e9lulas sensitivas que as transformam em sinais nervosos para serem transmitidos ao c\u00e9rebro\u201d, explica o otorrinolaringologista, Lincoln Norimassa Yoshida.<\/p>\n Diferenciar o som de um carro, de uma sirene, de uma fala, \u00e9 poss\u00edvel pela codifica\u00e7\u00e3o sonora realizada pelo c\u00e9rebro, por isso qualquer falha na fisiologia do ouvido pode prejudicar a audi\u00e7\u00e3o. \u201cA onda sonora captada pelo ouvido externo faz vibrar a membrana timp\u00e2nica, o som \u00e9 transmitido pelos 3 oss\u00edculos do ouvido m\u00e9dio: martelo, bigorna e estribo at\u00e9 a c\u00f3clea, uma das partes do ouvido interno. Na c\u00f3clea, existem c\u00e9lulas ciliadas capazes de reconhecer se o som \u00e9 forte ou fraco, agudo ou grave, e de conduzi-lo ao nervo auditivo, em forma de ondas el\u00e9tricas para o c\u00e9rebro, o qual realiza esta interpreta\u00e7\u00e3o\u201d, diz Yoshida.<\/p>\n Uma perda auditiva pode ser quantificada como leve, moderada, severa e profunda. \u201cDe uma forma geral, a perda leve corresponde de 25% a 30%, a moderada de30 a50%, a severa at\u00e9 75% da audi\u00e7\u00e3o e, acima desta porcentagem, perda profunda, avaliando tamb\u00e9m as freq\u00fc\u00eancias atingidas\u201d, afirma o otorrinolaringologista. Os problemas de audi\u00e7\u00e3o podem come\u00e7ar ainda no per\u00edodo intra-\u00fatero, ou seja, no desenvolvimento do beb\u00ea. \u201cNo pr\u00e9-natal a principal causa \u00e9 gen\u00e9tica, contudo tamb\u00e9m s\u00e3o fatores de riscos as doen\u00e7as como rub\u00e9ola, s\u00edfilis, herpes, citomegalov\u00edrus e toxoplasmose durante a gesta\u00e7\u00e3o\u201d, declara o m\u00e9dico. Outro agravante, segundo ele,\u00a0 s\u00e3o beb\u00eas prematuros que ficam internadas na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) , com quadros de hip\u00f3xia neonatal (falta de oxigena\u00e7\u00e3o cerebral), infec\u00e7\u00f5es graves e, muitas vezes, pelo uso de \u00a0medica\u00e7\u00f5es otot\u00f3xicas.<\/p>\n Um exemplo de defici\u00eancia auditiva pelo fator heredit\u00e1rio \u00e9 o caso da menina Gabriela Cristina Cidral, de Guarapuava, que hoje est\u00e1 com 12 anos. \u201cQuando a Gabriela nasceu, n\u00f3s n\u00e3o percebemos nada de diferente em rela\u00e7\u00e3o ao est\u00edmulo auditivo at\u00e9 porque ela era muito ativa, e com um ano de idade ela chegou a balbuciar, mas acredito que isto aconteceu de tanto estimularmos-la\u201d, conta a m\u00e3e de Gabriela, Cl\u00e1udia Cristina Marcelino. Conforme Cl\u00e1udia, que \u00e9 pedagoga e psicopedagoga, depois que descobriram que a filha mais nova n\u00e3o escutava, foram buscar o porqu\u00ea e ao fazer o teste gen\u00e9tico foi constatado que o casal tem muta\u00e7\u00f5es no mesmo alelo do gene da Conexina 26, gene relacionado a audi\u00e7\u00e3o.<\/p>\n A perda auditiva n\u00e3o est\u00e1 condicionada apenas aos fatores gen\u00e9ticos ou infec\u00e7\u00f5es pr\u00e9-natais, pode acontecer em outras fases da vida. \u201cNa fase pr\u00e9-escolar geralmente a crian\u00e7a tem infec\u00e7\u00f5es de ouvido e uma infec\u00e7\u00e3o mal tratada causa seq\u00fcelas, como a perfura\u00e7\u00e3o timp\u00e2nica, onde a perda da audi\u00e7\u00e3o \u00e9 de30 a40%\u201d, alerta Yoshida. Conforme ele, a crian\u00e7a que n\u00e3o escuta bem e est\u00e1 aprendendo a falar vai pronunciar erradamente as palavras e, consequentemente, escrever errado. A audi\u00e7\u00e3o \u00e9 essencial para o processo de comunica\u00e7\u00e3o.<\/p>\n Na fase adulta, a perda auditiva pode estar associada \u00e0 intensidade sonora dos ru\u00eddos, seja no trabalho, na faculdade, na rua, em shows. \u201cO som muito alto e prolongado no trabalho, o uso de Ipods e MP3 em alto volume e cont\u00ednuo, podem comprometer seriamente a sa\u00fade auditiva\u201d, ressalta o otorrinolaringologista. A incid\u00eancia de adolescentes e jovens com perda auditiva vem aumentando e um dos principais respons\u00e1veis s\u00e3o os fones de ouvidos usados inadequadamente. Segundo a Associa\u00e7\u00e3o Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cervico Facial (ABORLCCF), o ouvido humano suporta at\u00e9 90 decib\u00e9is. A partir da\u00ed, j\u00e1 existe a possibilidade de uma pessoa apresentar les\u00e3o, muitas vezes irrevers\u00edvel, levando a perda auditiva.<\/p>\n Outra causa de surdez, que afeta principalmente o p\u00fablico feminino na menarca (primeira menstrua\u00e7\u00e3o), gravidez e na menopausa, \u00e9 a otosclerose. Mas, segundo o m\u00e9dico, \u201cesta perda auditiva \u00e9 uma doen\u00e7a enigm\u00e1tica e acontece em menor freq\u00fc\u00eancia\u201d. Ainda na fase adulta, acima dos 30 anos, o d\u00e9ficit auditivo pode estar associado ao labirinto, conhecida popularmente como labirintite, no entanto, o termo correto para as doen\u00e7as relacionadas ao labirinto \u00e9 \u201cvestibulopatia ou labirintopatia\u201d. \u201cO labirinto \u00e9 o \u00f3rg\u00e3o respons\u00e1vel pelo equil\u00edbrio e audi\u00e7\u00e3o. O equil\u00edbrio est\u00e1 inclu\u00eddo como o sexto sentido pelo fato de ser fundamental para manter o corpo est\u00e1vel ou em movimento de modo harm\u00f4nico\u201d, explica Yoshida. De maneira ampla, o equil\u00edbrio corporal depende do funcionamento do labirinto (parte interna do ouvido) e da sua complexa rede de comunica\u00e7\u00e3o com os sistemas ocular e com o sistema nervoso central. Sintomas como tonturas, vertigens, desequil\u00edbrio, surdez ou zumbido podem estar relacionados \u00e0 labirintopatia.<\/p>\n O decl\u00ednio da audi\u00e7\u00e3o tamb\u00e9m pode ocorrer de forma lenta e gradual a partir dos 40 anos, sendo mais notificado depois dos 60 anos. \u201cA presbiacusia \u00e9 definida como a diminui\u00e7\u00e3o da audi\u00e7\u00e3o relacionada ao envelhecimento por altera\u00e7\u00f5es degenerativas, incluindo as das c\u00e9lulas da c\u00f3clea\u201d, afirma o otorrinolaringologista. Fatores como problemas circulat\u00f3rios, cigarro, colesterol, diabetes, press\u00e3o alta, contribuem para estas altera\u00e7\u00f5es auditivas. A dificuldade de ouvir, principalmente os sons agudos, traz s\u00e9rias limita\u00e7\u00f5es e pode prejudicar o relacionamento familiar, emocional e social. Para n\u00e3o ser alvo da depress\u00e3o e do isolamento, \u00e9 importante que os familiares se esforcem ao m\u00e1ximo para integr\u00e1-los no contexto social e consultem um otorrinolaringologista para realizar o diagn\u00f3stico e o tratamento.<\/p>\n <\/p>\n