Essa dúvida dos pais pode ser solucionada em uma consulta ao fonoaudiólogo

 

O processo de aquisição da fala segue várias etapas. Porém, pode apresentar ritmos de progressão variáveis, ou seja, para cada idade cronológica é esperado um certo desenvolvimento. Por volta dos 2 anos, a maioria das crianças já tem um número de vocábulos que lhes permite expressar-se verbalmente com facilidade. Segundo a fonoaudióloga Thaiza Cristine Menon, algumas crianças nessa idade e até um pouco antes, utilizam pequenas frases, relatam fatos e até mesmo criam seus próprios vocábulos.

O desenvolvimento normal da linguagem se divide em dois períodos:

  • Período pré-linguístico – (0 a 10 meses);
  • Período linguístico – (a partir dos 10 meses).

Para cada fase da criança existem sons ou vocalizações que vão aparecendo conforme o seu crescimento:

0 a 6 semanas: Sons reflexos e fisiológicos;

6 semanas a 4 meses: Surgem as vocalizações, o bebê adora rir e arrulhar. Quando está feliz, produz sons guturais, vocálicos e bilabiais. Vocalizar para eles se torna um prazer;

4 a 7 meses: Balbucios, imitação, intencionalidade. Brinca com os sons que produz e também os utiliza para comunicar-se, parecendo que tem a intenção de pedir um objeto. Fica bastante tempo numa espécie de jogo vocal com o adulto, onde um imita geralmente os que estão mais próximos da criança;

7 a 10 meses: Jargão, prosódia, sons semelhantes a língua materna. O bebê responde emitindo uma variedade de sons e inflexões que parece estar realmente conversando, ora exclamando, ora perguntando ou dando uma ordem;

10 a 13 meses: Primeiras palavras no meio do jargão mais longo, como uma verdadeira conversação;

13 a 18 meses: Adquire cerca de 50 palavras isoladas ou combinadas em jargões, onde a compreensão é maior que a expressão. Comunica-se através de uma espécie de “língua própria” que é só sua. Sabe pouquíssimas palavras (em torno de 10), mas comunica-se muito bem através de sorrisos e expressões. Nesse caso compreende muito mais do que consegue expressar através de palavras;

18 a 24 meses: Diminui os jargões e aumentam as palavras reais, surgem as frases de dois elementos (às vezes 3). A criança já compreende bastante do que é dito pelos adultos;

24 a 30 meses: Estilo telegráfico. A criança passa a adquirir mais vocabulário a cada dia, sua fala parece um telegrama, pois não usa artigos e preposições, usa apenas substantivos, adjetivos e advérbios;  

30 a 36 meses: Grande ampliação do vocabulário, aquisição das regras gramaticais. Suas frases se tornam mais completas. A criança brinca de rabiscar por exemplo, e mostra seu desenho para a mãe mostrando o que é cada coisa, “esse é o papai e essa é a mamãe” ou mostra ainda as cores primárias que usou “ó céu é azul”, por exemplo.

36 meses em diante: Aperfeiçoamento da linguagem oral.

 

Diversos fatores podem interferir no desenvolvimento da fala, tanto para que a criança inicie mais cedo, como quando demora a falar. Segundo a fonoaudióloga, geralmente uma criança possui um bom desenvolvimento de linguagem, quando se é estimulada para isso. “Um dos fatores que auxiliam nesse processo é quando a criança possui contato com outras crianças da sua idade ou próximo a sua idade. A escola também se torna um peça chave nesse caso, com as professoras e as atividades que propõem, a criança começa a demonstrar através de sua fala, suas emoções, vontades, curiosidades, assim propiciando um diálogo”.

Para ela, quando a criança demora um pouco a mais para começar a falar vários fatores podem estar interferindo nesse processo, como:

  • Falta de estímulos adequados: tudo o que a criança tenta vocalizar os pais ou responsáveis não deixam a mesma ter a autonomia de fala ou até a tentativa de pedir algo;
  • Não possui contato com outras crianças;
  • Timidez excessiva;
  • Dificuldade auditiva;
  • Excessos de tecnologias (tablets, celulares e computadores);
  • Síndromes genéticas ou neurológicas;
  • Alterações de motricidade ou órgãos fonoarticulatórios (musculatura da face);
  • Alimentação;
  • Autismo;
  • Dificuldades cognitivas;
  • Distúrbio específico de linguagem;
  • Alterações psicológicas;
  • Apraxia de fala;
  • Entre outros.

 

Para tranquilizar os pais, devemos destacar que cada criança é única. Por isso, quando o filho não fala ou seu vocabulário é pouco desenvolvido, é importante antes de tudo, investigar e analisar suas particularidades e todos os aspectos ao seu redor. “É importante analisar o desenvolvimento global, a capacidade de aprender, de imitar, de brincar, de interagir, de socializar e outros”, explica a especialista.

O papel dos pais ou responsáveis pelas crianças é muito importante nessa fase. Para essa fala ser produzida a criança precisa ter a liberdade de expressão, assim como ter o estímulo de linguagem dentro de casa. Algumas dicas de Thaiza que auxiliam nesse processo são:

  • Converse com seu filho(a) sobre o que eles estão fazendo, sobre as atividades da escola, atividades do cotidiano, como no momento do banho, da alimentação, do passeio, qual o nome da mamãe, da vovó, do papai, qual a cor do céu, como é o nome do amigo da sala de aula;
  • Leia para seu filho com frequência, de preferência livros ilustrados e chamativos; As histórias auxiliam a criança a interagir, assim como ajudam no processo de memorização e propiciam o diálogo;
  • Fale claramente e de forma natural, use palavras reais, concretas e com bastante entonação e expressão facial; 
  • Mostre empolgação quando a criança fala e ouça o que ela tem a dizer. Por diversas situações alguns pais acabam fazendo tudo por ela e acabam limitando que a própria criança vocalize e tente se comunicar;
  • Ensine o nome dos objetos, pessoas, familiares e ações; 
  • Estimule jogos de imitação;
  • Imite sons conhecidos, como o latido do cachorro, pássaros, gato, carros;
  • Elogie as tentativas de comunicação;
  • Ensine-o a seguir instruções como: “Pegue a bola!”; 
  • Ouça músicas, cantem juntos;
  • Cuidado com o uso de diminutivos frequentes;
  • Utilização de músicas e vídeos que auxiliam nesse processo, desde que a criança tenha aceso por tempo limitado a isso, pois ao mesmo tempo que contribuem, o excesso pode ser prejudicial;
  • Enfatize características dos objetos, sua cor, forma e tamanho: “Nossa que carro grande!”;
  • Dê a oportunidade de usar palavras novas, deixe-o completar uma frase;
  • Estenda a comunicação mantendo uma “conversa”;
  • Preste atenção quando a criança falar alguma coisa, retomando os sons que tiver dificuldade;
  • Corrija-o, as correções na fala são construtivas para um desenvolvimento correto de linguagem;
  • Dê um tempo para a criança responder;
  • Exagere, repita, enfatize palavras para chamar a atenção;
  • Permita que a criança participe das atividades da casa; 
  • Utilize conceitos de espaço e posição enquanto brinca, como: “Coloque o carro em baixo da ponte!”;
  • Estimule brincadeiras criativas (faz-de-conta), jogos com regras; 
  • Permita que a criança participe das tarefas da cozinha;
  • Ver filmes ou programas na tv e depois conversar sobre o que viu;
  • Definir palavras e conceitos novos. 

 

Entenda um pouco mais sobre a função do fonoaudiólogo

“Lembrando que não há necessidade de existir algo diagnosticado ou patológico para a procura desse profissional, apenas pelo simples fato da pessoa perceber dificuldade em sua comunicação ou algum dos sintomas já apresentados, pode estar procurando um fonoaudiólogo para realizar uma avaliação precisa”, afirma Thaiza

O fonoaudiólogo é um profissional da saúde, de atuação autônoma e independente, que exerce suas funções nos setores público e privado. É responsável por promoção da saúde, avaliação e diagnóstico, orientação, terapia (habilitação e reabilitação), monitoramento e aperfeiçoamento de aspectos fonoaudiológicos envolvidos na função auditiva periférica e central, na função vestibular, na linguagem oral e escrita, na articulação da fala, na voz, na fluência, no sistema miofuncional, orofacial e cervical e na deglutição. Exerce também atividades de ensino, pesquisa e administrativas. É por isso que a fonoaudiologia agrega diversas especialidades em si. Na infância ou adolescência alguns fatores ou queixas que mais se destacam para a procura desse profissional são:

  • Dificuldades na comunicação e diálogo;
  • Trocas ou omissões de fonemas;
  • Atraso de fala;
  • Dificuldade na elaboração do raciocínio para comunicação;
  • Dificuldades na leitura e escrita;
  • Alterações de órgãos fonoarticulatórios (DTM,bruxismo,mastigação, sucção…);
  • Dificuldades na audição;
  • Alterações vocais;
  • Disfagia (dificuldade na deglutição);
  • Padrão respiratório;
  • Autismo;
  • Síndromes genéticas.

 

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