psicologia esportiva

A psicologia esportiva trabalha o aspecto mental e sua influência no desempenho de atletas de alto nível, mas também ajuda praticantes amadores

Belo Horizonte. 8 de julho de 2014. Os olhos de todo mundo estão voltados para o estádio Mineirão. É a semifinal da Copa do Mundo de futebol. De um lado, a Seleção Brasileira passa pelo maior vexame de sua história, de outro, o selecionado alemão joga com seriedade e tranquilidade.

O resultado não é difícil de lembrar: 7 a 1 para Alemanha.

Muitos detalhes fizeram com o que o desfecho dessa partida fosse esse. Comentaristas atônitos tentaram encontrar a causa da goleada.

Houve quem dissesse que foi questão de projeto, também havia os grupos dos que apontaram uma clara defasagem técnica do lado derrotado em relação ao vencedor.

“Um apagão”, foi a teoria do mais famoso narrador brasileiro. 

Pode ser que todos os aspectos estejam corretos, mas esse último, em especial, chama ainda mais atenção.

A ideia de que algo não estaria emocionalmente bem no time do Brasil, ao contrário do da Alemanha, foi um dos mais determinantes fatores para que os eventos acontecessem de tal forma. Aí entra o papel da psicologia esportiva trabalhada da maneira correta.

De acordo com o presidente da Associação Paulista da Psicologia do Esporte e doutor em Psicologia do Esporte pela USP, João Ricardo Cozac, em entrevista ao site do jornal El País, em 2017, a Seleção Brasileira até contava com um psicólogo em sua comissão técnica.

O trabalho, porém, havia começado apenas duas semanas antes da competição.

Ainda na mesma publicação, Cozac defende que o lado emocional do time brasileiro já havia demonstrado sinais de fragilidade em outros jogos. Um exemplo foi o choro do capitão Thiago Silva após a disputa de pênaltis nas oitavas de final. A pressão por vencer a copa do mundo em seu país natal pode ter sido um fator preponderante para o abalo dos jogadores.

Por outro lado, a Alemanha conta com trabalho psicológico desde as categorias de formação de sua seleção. Isso é o que nos conta o psicólogo clínico Luiz Felipe Mikulis Passareli (CRP/PR: 33600).

“Desde a base os atletas são acompanhados com as técnicas do treinamento psicológico. Eles chegam na equipe principal preparados para lidar com as pressões, críticas e desafios, tendo uma melhor performance nos jogos”, explica.

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Como funciona a Psicologia esportiva?

Que ela tem poder de impactar resultados e mudar os rumos do esporte não há dúvidas. Porém, como isso ocorre de fato?

Luiz comenta que a Psicologia do Esporte é o estudo científico das pessoas e seus comportamentos no âmbito esportivo.

“Na psicologia esportiva busca-se compreender como os fatores psicológicos afetam no desempenho físico dos atletas. A ideia é trabalhar na redução desses fatores, buscando sempre potencializar seu rendimento”, complementa.

Para o psicólogo, o cenário competitivo exige cada vez mais dos atletas.

“A busca incessante por vencer, estar sempre se superando, cobrança extrema de dirigentes,  empresários e torcida, acaba gerando alta ansiedade e estresse nos atletas”, relata.

Quando não controlada, essa ansiedade pode gerar sintomas físicos, possibilitando sua melhor performance. “O atleta que possui um bom treinamento emocional, consegue lidar de forma mais tranquila com estas situações estressantes e se destacar”,.

A psicologia esportiva pode ajudar pessoas normais?

Nesse sentido, é possível que atletas ou agremiações que atuem em alto nível procurem por esse profissional. Porém, a atuação da psicologia esportiva não se restringe aos esportistas profissionais. 

“O psicólogo que atua no esporte pode ser procurado também por praticantes de atividades físicas que buscam apenas bem estar, saúde e lazer. Qualquer pessoa que desejar potencializar seu rendimento, ou de sua equipe, pode buscar esse auxilio”, esclarece.

De acordo com Luiz, o treinamento psicológico auxilia de maneira a reduzir a ansiedade e potencializar a motivação. Além disso o foco, concentração e planejamento de metas são aspectos que podem ser trabalhados.

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Campeões com problemas

Recentemente a saúde mental de atletas de alto rendimento voltou a ser tema de discussões na mídia esportiva e também nas redes sociais.

Simone Biles e os problemas de saúde mental

Sete vezes medalhista olímpica, a americana de 25 anos era franca favorita em diversas modalidades da Ginástica nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 (que foram disputados em 2021 por conta do adiamento ocasionado pela pandemia de covid-19).

Ela, entretanto, decidiu não disputar algumas das finais para as quais havia se classificado no Japão. Abrindo mão de disputar 5 medalhas.

À mídia, na época, a atleta declarou que não estava bem psicologicamente. “Tenho que me concentrar na minha saúde mental”, afirmou. Veio a público que ela estaria sofrendo de twisties.

Esse problema é uma espécie de apagão que competidores sofrem, sendo caracterizados pela perda da noção espacial. Isso acaba fazendo com o que os movimentos executados não sejam os desejados pela cabeça.

O caso de Simone Biles chama a atenção pela bravura da atleta. Em um dos mais importantes e esperados momentos da vida profissional, ela preferiu se afastar e cuidar de sua saúde mental. 

Gabriel Medina pausa temporada para focar na saúde mental

Quem também estava no auge de competir para cuidar de sua saúde mental foi Gabriel Medina. Depois de um ano marcado por polêmicas, o surfista brasileiro parecia ter encontrado a redenção com o seu terceiro título mundial.

Porém, em janeiro, ele anunciou que se absteria de competir nas duas primeiras etapas do circuito, que aconteceram no Havaí. Além disso, o anúncio do fim do relacionamento de Medina com Yasmin Brunet parece ter contribuído para a situação.

De qualquer forma, a atitude do surfista foi elogiada por especialistas. Reconhecer que está passando por dificuldades é o primeiro passo para superar a situação. A atitude é louvável porque, assim como no caso de Simone Biles, chama atenção para a questão de saúde mental. Ele deve voltar aos mares em maio, competindo nas ondas da Indonésia, na etapa de G-Land.

Adriano Imperador desabafa e apoia Simone Biles no Instagram

 Simone Biles… Sei exatamente o que está passando e não deixe as pessoas te crucificarem. Seja feliz e cuide da cabeça”; Foi isso que publicou em seu Instagram o ex-jogador de futebol Adriano Leite Ribeiro, mais conhecido como Imperador.

Ele usou a postagem para desabafar, falando que também havia passado por situação parecida e que era cobrado até hoje.

Apenas uma década antes a questão da saúde mental dos atletas não era tão debatida. Quando estava no auge de sua carreira e tinha se firmado como um dos principais jogadores do mundo, o craque brasileiro perdeu o pai.

Não conseguindo trabalhar o luto na época, acabou entrando em depressão e não conseguiu mais recuperar o mesmo nível que apresentava antes.

Atualmente Adriano busca contribuir com a discussão usando seu exemplo. Ao programa  Resenha do canal esportivo ESPN ele contou sobre como abriu mão de um bom dinheiro do futebol europeu para ficar perto da família no Brasil.

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