golpe do falso medico

Caso de golpe do falso médico com repercussão nacional volta a acender alerta sobre estelionatários atendendo como profissionais habilitados

Em março um fato chocou o Brasil. O Fantástico contou a história de Gerson Lavisio, de 32 anos, que ganhou repercussão a nível nacional na reportagem exibida pelo programa na noite do dia 20.

O rapaz, que trabalhava como médico socorrista na rodovia Presidente Dutra, gostava de publicar em seu Instagram sobre os plantões e dizia que estava indo salvar vidas. Ele omitia apenas um detalhe: ele era um falso médico.

Ou seja não era formado de verdade e acabava colocando a vida dos atendidos em risco.

O comportamento do falso médico chamou atenção de demais profissionais envolvidos em um resgate no dia 13 de março, uma semana antes da reportagem ir ao ar. O chamado havia ocorrido em Lavrinhas. As suspeitas iniciaram quando Lavisio ordenou a amputação de uma das pernas de um homem de 36 anos que havia ficado preso às ferragens. 

Ouvido pelo Fantástico, um dos colegas que trabalhou com o falso médico na estrada contou algumas situações. Na ocasião, o profissional pediu para não ser identificado.

“A conduta que ele tomava não era de um médico. Por exemplo, quando é problema de coluna, a gente tem que aplicar um analgésico ou até mesmo um remédio via oral, mas o que que ele fez? Ele aplicou um calmante 10mg na veia. O usuário ficou desfalecido já, não estava nem andando mais”.

Outro exemplo de atitude suspeita, ainda segundo o ex-colega, foi quando um paciente necessitou ser suturado.

“Ele fez a sutura, mas os pontos que ele fez estavam todos irregulares, ele não conseguia fazer o laço do ponto. E fez tudo errado”, complementa.

Veja mais: Médico: a profissão que salva vidas

Como ele conseguiu ser contratado?

Ao tomar conhecimento dessa história recheada de absurdos, a primeira sensação que vem é o espanto. E esse caso não foi isolado. Ele foi contratado por três empresas diferentes nos últimos 4 meses.

Além da medicina, Gerson levou seus golpes para outras áreas. Tendo atuado como um falso pastor e coach evangélico. Ele chegou a recolher doações de suas vítimas.

É difícil imaginar o falso médico tenha conseguido chegar tão longe, mesmo nunca tendo sequer estudado medicina. A principal causa seria a falta de processos robustos de verificação de suas informações durante as contratações.

De acordo com o Secretário-geral do CRM/PR, Dr. Luiz Ernesto Pujol, isso é um dos resultados da terceirização da contratação de trabalhos médicos.

Ele compartilha o que acredita ter faltado para que esse problema fosse descoberto antes. “Simplesmente terem entrado em contato com o Cremesp, que é o Conselho de Medicina do Estado de São Paulo. Como faz aqui, faz lá. Faz em Belo Horizonte, faz no Rio Grande do Sul, faz na Bahia, no Amazonas, os conselhos existem também para isso””

Gerson Lavisio apresentou um diploma falso e utilizou o registro profissional de um médico já falecido.

Golpe do falso médico em Reserva, no Paraná

Em janeiro deste ano mais um caso de pessoas se passando por médicos foi denunciado ao Ministério Público. Dessa vez, uma empresa terceirizada contratada pela Prefeitura de Reserva, na região dos campos gerais, aqui mesmo no Paraná, colocou duas  pessoas atendendo como médico, mesmo não sendo habilitadas para tanto.

Novamente, de acordo com o Secretário-geral do CRM-PR, esse é mais um caso das fragilidades de processos de checagem de informações promovida pela terceirização.

“Até pouco tempo os médicos eram contratados por concursos nas prefeituras. No entanto, houve uma precarização dessa contratação. Hoje, algumas prefeituras, por questões econômicas, contratam empresas que empregam médicos. E aí entra o grande risco de colocarem gente que não é médico, no meio dos médicos”, pondera.

Segundo a RPC, um dos suspeitos do caso em Reserva trabalhava principalmente em ambulâncias da cidade, na transferência de pacientes para outros municípios. Entretanto, a prefeitura do município afirmou à emissora que ele também chegou a atender a população no pronto atendimento da cidade.

Ainda de acordo com a matéria da RPC, para se passar por médico, esse homem usou o registro do CRM de um profissional de Santa Catarina. A Polícia Civil chegou a confirmar, inclusive, que eles têm semelhança de nome e aparência.

As investigações começaram depois do falso médico se recusar a fazer um transporte de uma criança entubada para Curitiba. Com as apurações realizadas pela polícia, mais um suspeito de realizar a pratica ilegal da medicina foi identificado. 

Os dois indivíduos pegos no golpe do falso médico foram estudantes de medicina na Bolívia. Ainda de acordo com a RPC, um deles é de Santo Antônio da Platina, enquanto o outro era morador do Pará, mas passou por diferentes cidades do Paraná. Além dos dois, a empresa que os contratou e a prefeitura serão investigados pelo inquérito aberto pelo Ministério Público.

Falsa Médica em Coronel Vivida

Ainda em janeiro, mais um caso ocorreu no estado. Uma mulher de 40 anos foi presa em Londrina.  De acordo com a Agência Estadual de Notícias,  a suspeita estaria atuando nas unidades de Saúde do município há aproximadamente quatro meses. Para exercer a falsa função, ela utilizava o número de CRM de uma médica com nome parecido ao dela.

A mulher é técnica em química e quis passar a atuar na medicina após conhecer o cotidiano da clínica em que trabalhou como recepcionista.

O primeiro município em que ela tentou aplicar o golpe foi em São João do Ivaí, no Vale do Ivaí, mas não teve sucesso, de acordo com a investigação.

Como se proteger de golpes de falsos médicos?

Tanto organizações que contratam profissionais da medicina, quanto a população atendida por eles podem verificar as credenciais através do site do CRM-PR, pelo campo “Busca Profissional”. O endereço é https://www.crmpr.org.br/. Essa é a primeira forma para evitar ser pego pelo golpe do falso médico.

“Se você vai fazer uma consulta e o médico tem um comportamento que te chama atenção e que não parece ser um profissional médico de fato, entra no site do conselho de medicina”, reforça o Dr. Pujol.

Vale ressaltar que o CRM disponibiliza canais para denúncias diversas. Nesse sentido, todos desvios de conduta durante o atendimento podem ser reportados para que sejam investigados. Você conhece todos os contatos pelo Box a seguir.

“O julgamento da conduta médica terapêutica pode ser complicado para o leigo, mas o comportamento é muito importante. O comportamento com o doente é algo que exige sempre muito respeito, muito contato, muita atenção, muito olhar com ele”.

A ajuda de demais membros da sociedade é vista com bons olhos pelo CRM, de acordo com o Secretário-geral da entidade. Ele explica que hoje são mais de 400 mil médicos no Brasil, e mais de 35 mil em nosso Estado. Isso torna a fiscalização de quem os 399 municípios do Paraná contrata um pouco complicada.

“Contarmos com a colaboração da população é muito importante. Desconfiou? Liga. Manda perguntar. E a gente faz absoluta questão de ajudar, porque é inadmissível que ainda hoje tenhamos falsos médicos por aí”, finaliza.

Canais do CRM para denúncias:

E-mail: protocolo@crmpr.org.br

Telefone: (41) 3240-4033

Carta: Rua Victório Viezzer, 84, Vista Alegre – 80810-340 -Curitiba-PR

Para entender mais sobre as denúncias acesse o link.

Leia mais informações como essa na Mais Saúde

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