No dia 02 de abril, é o Dia Mundial de Conscientização do Autismo
O mês de abril é o mês onde a cor azul representa a importância do respeito, da inclusão e do diagnóstico precoce do Transtorno do Espectro Autista (TEA). O TEA é um transtorno de desenvolvimento que compromete as habilidades de comunicação e interação social. Segundo a musicoterapeuta Cristiane Kramer Maibuk, a descoberta do TEA geralmente ocorre antes dos três anos de idade. “As crianças que apresentam um atraso importante na comunicação e na interação social, se isolam, não fazem contato visual, gostam de brincadeiras repetitivas, como rodar um objeto ou se interessam sempre pelos mesmos objetos podem ser autistas. Crianças autistas muitas vezes não atendem ao serem chamadas, uma característica que começa a ser percebida desde os bebês”.
O Transtorno do Espectro Autista é classificado segundo o DSM V conforme critérios de diagnósticos do autismo como nível leve, moderado ou severo. “No nível leve as crianças se comunicam bem, na maioria das vezes são crianças muito inteligentes e com dificuldade de interação social. Nesses casos, é necessária a intervenção, porém, de forma mais direcionada, trabalhando as necessidades específicas. No nível moderado é necessário fazer um acompanhamento mais frequente, pois algumas crianças podem não saber como se comunicar e interagir em socialmente. No terceiro nível denominado severo, as crianças não verbalizam, possuem um comprometimento maior de interação e comunicação, com outros fatores associados. O paciente com TEA severo é o que mais necessita de intervenção para ter uma melhor qualidade de vida”, afirma a musicoterapeuta.
“Em todos os níveis do TEA é importante fazer o diagnóstico precoce, antes dos três anos de idade, consultando um neuropediatra para avaliar e indicar as terapias necessárias. Quanto mais cedo à criança realizar um acompanhamento, melhor será o seu desenvolvimento” enfatiza a musicoterapeuta.
A família tem um papel fundamental no desenvolvimento da criança. “Orienta-se sempre que a família estimule a criança a interagir e a buscar o contato com o outro”, explica Cristiane. Mesmo com a variação de sintomas, existem alguns que são cruciais para o diagnóstico: o modo de se relacionar ou não com as pessoas, dificuldade na comunicação, estereotipias, fala repetitiva (ecolalia) e também, a dificuldade da criança aprender atividades diárias simples para realizar sozinha como: vestir-se, calçar um sapato, comer, tomar banho, sozinha e outros. Para isso necessitando de um acompanhamento profissional e orientação individual para aprender a desenvolver essas habilidades.
“Se a família contar com uma equipe de profissionais especializados (psicólogo, musicoterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, pedagogo, entre outros) e com uma escola inclusiva, juntas devem estimular a criança ou adolescente a interagir, manter uma rotina organizada, identificar e controlar birras e movimentos estereotipados, assim os sintomas podem reduzir e a evolução acontecer gradativamente, cada um no seu tempo. Caso contrário, sem ser estimulada a criança perde habilidades já adquiridas e com o tempo as características do TEA vão se acentuando e prejudicando o desenvolvimento até a fase adulta. Por isso, a família precisa estar sempre presente e buscar apoio de quem possa orientar de maneira adequada em como proceder com seu filho”, salienta a musicoterapeuta.
Na maioria dos casos, a música é um meio facilitador na comunicação e interação da pessoa com TEA, pois as pessoas com autismo têm um maior interesse por sons relacionados à música do que por sons vindos da fala, por ser feita de modo não verbal. “É um caminho sonoro que oferece oportunidades de autoexpressão e de vivências criativas, como experiências de comunicação e interação sem a necessidade do discurso verbal. É interessante associar a música ao movimento corporal, dar significado aos objetos sonoros explorados, adaptar o ritmo, a entonação e a intensidade da voz conforme cada paciente. Muitas crianças com TEA têm uma sensibilidade auditiva muito desenvolvida, podendo ou não gostar de determinados sons que sente e ouve, explorar objetos sonoros diferenciados e ter interesses musicais restritos, mas tudo isso pode ser utilizado como recurso terapêutico”, diz Cristiane.
É muito importante que os pais fiquem atentos aos primeiros sinais e procurem ajuda de um profissional. O apoio da família faz toda a diferença no tratamento e o acompanhamento profissional só tem bons resultados com a colaboração de todos que participam de cada conquista da criança.
Além de buscar ajuda profissional para a criança, é necessário que as famílias procurem grupos de apoio, como a Associação Guarapuavana Mundo Azul (AGMA), criada por pais de crianças autistas. Segundo Cristiane, a maioria procura ajuda após certo tempo do diagnóstico com o objetivo de trocar experiências e informações com outras famílias.