A ejaculação precoce é uma doença, catalogada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que atinge o público masculino e consequentemente a relação do casal. Mas, quando pode ser considerada ejaculação precoce e quais as situações mais comuns que ela acontece? Esses questionamentos são respondidos pelo urologista, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia, Marcelo de Campos Lima.
Quando a ejaculação é considerada precoce?
Marcelo – Não existe um tempo determinado, varia muito da sintonia do casal. No entanto, a ejaculação è considerada precoce se acontecer antes da penetração ou logo no primeiro minuto após a penetração, determinando insatisfação sexual ao casal.
O que provoca a ejaculação precoce?
Marcelo – Na maioria das vezes é a ansiedade presente no ato da relação sexual e a preocupação com o próprio desempenho. As situações mais comuns acontecem em adolescentes, que estão iniciando a fase sexual, relacionamentos novos ou pessoas que passaram por um relacionamento longo e estão começando um novo relacionamento.
Existe orgasmo sem ejaculação?
Marcelo – Existe. Na cultura Oriental existem relatos de treinamentos que permitem ao homem ter orgasmo sem ejacular. A ejaculação é importante para ser pai. Algumas doenças impedem a ejaculação durante o orgasmo, mas não inibem a sensação de prazer, como o diabetes, cirurgias pélvicas e cirurgias prostáticas.
Como funciona o orgasmo do ponto de vista fisiológico?
Marcelo – É uma resposta cerebral. A sensação do orgasmo envolve a contração rítmica de músculos pélvicos mediada pela liberação de substâncias cerebrais chamadas de neurotransmissores que determinam sensação de prazer e relaxamento.
Existe um período que pode ser considerado “ideal” para satisfazer o casal?
Marcelo – Depende muito da sintonia do casal. O padrão normal é de 5 minutos, podendo existir grande variação. È preciso levar em conta que a estimulação do homem é diferente da estimulação da mulher, que demora mais, por isso é aconselhável retardar o máximo o momento da penetração e investir tempo nas carícias preliminares e envolvimento emocional do casal.
Qual a principal reclamação do homem?
Marcelo – Atendo quase diariamente casais com reclamação de ejaculação precoce. O homem se sente frustrado em não conseguir atingir o orgasmo na companheira e se cobra muito por isto. Sua masculinidade é colocada a prova pelo desempenho sexual insatisfatório.
Como é feito o diagnóstico?
Marcelo – Raramente há a necessidade de realização de exames complementares. Uma entrevista médica bem conduzida, dando oportunidade e abertura para o paciente expressar suas queixas com franqueza são suficientes para se fazer o diagnóstico.
Como evolui o relacionamento do casal quando o homem tem ejaculação precoce?
Marcelo – A satisfação sexual faz parte da boa saúde. Com a ejaculação precoce não se tem a percepção de saúde completa e harmonia do relacionamento como um todo. O resultado positivo, proposto pelo tratamento, melhora a saúde física e a saúde emocional do casal.
O uso de preservativo tem alguma influência sobre o tempo de ejaculação?
Marcelo – O uso do preservativo faz parte das estratégias utilizadas, pois diminui a estimulação direta no pênis.
O que fazer para prolongar a ejaculação?
Marcelo – Tratamento médico. Trabalhar a situação que gera a ansiedade, orientações técnicas e eventualmente a psicoterapia. Em muitos casos é necessário, na fase inicial do tratamento, o uso de medicações para retardar a ejaculação.
O que a mulher pode fazer para auxiliar o parceiro?
Marcelo – A cumplicidade e companheirismo como um todo. Participar do tratamento junto como o parceiro. A cobrança do parceiro quanto ao seu desempenho sexual só perpetua o problema. A ejaculação precoce é doença e existe tratamento, alguns casos são mias difíceis, mas 90% têm um bom resultado.