Saiba mais sobre os sintomas, fatores de risco, diagnóstico e tratamento.
Acordar a noite com azia (gosto amargo ou azedo na boca), pirose (queimação), são alguns dos sintomas que podem caracterizar a doença do refluxo. Para entender melhor a doença, será explicado brevemente o funcionamento do aparelho digestivo. A primeira etapa da digestão acontece na cabeça ao perceber que está com fome ou vontade de comer os órgãos da digestão começam a trabalhar. Há aumento da salivação e do suco gástrico, rico em substâncias ácidas, responsável pelo trabalho de digerir os alimentos. O alimento, após a mastigação, começa a percorrer o esôfago – um tubo muscular localizado no tórax – que conduz o alimento da boca até o estômago.
No final do esôfago, existe a esfíncter (espécie de válvula) que se abre para o alimento passar para o estômago. Em seguida o esfíncter se fecha, impedindo que o suco gástrico e os alimentos voltem ao esôfago. “Quando a esfíncter não funciona bem, acontece o retorno da secreção que está dentro do estômago para o interior do esôfago chamado de refluxo, causando lesão na mucosa do esôfago”, explica o gastroenterologista, Dr. Edson Bruck Warpechowski.
Entre as alterações que propicia o refluxo gastroesofágico, segundo o médico, está a hérnia de hiato, aumento de peso ou toda a situação de pressão intra-abdominal. “A hérnia de hiato é a protusão de parte do estômago através do orifício pelo qual o esôfago atravessa o diafragma para penetrar na cavidade abdominal”, esclarece o gastroenterologista.
Os sintomas mais freqüentes do refluxo, conforme Warpechowski, são azia, queimação logo no epigástrico ou retroesternal e dor torácica. “Os sintomas mais graves da doença são dificuldades de engolir, vomitar frequentemente, tosse noturna, broncoespasmo, sendo as situações mais críticas a impossibilidade de engolir, estenoses do esôfago, irritação do brônquio, brônquio espasmo e a asma causada por refluxo”, ressalta o médico. Ele lembra que o refluxo fisiológico é natural todo mundo ter um pouco, nessa situação o liquido que reflui é eliminado naturalmente pelos movimentos do esôfago.
Fatores de risco para o Refluxo
As situações que favorecem o refluxo, de acordo com o gastroenterologista, são pessoas que erguem muito peso, gestação, fumantes, quem toma chimarrão com água muito quente, bebidas alcoólicas, hábitos alimentares, como gordura, frituras, chocolate, por causar o relaxamento do esfíncter, e refrigerantes e bebidas gasosas, porque o gás aumenta a pressão dentro do estômago.
Criança com refluxo
Refluxo não atinge apenas adultos, criança também tem refluxo. “Na criança recém nascida os tecidos ainda não estão totalmente formados, existindo certa fragilidade na transição entre o estômago e o esôfago. Além disso, a criança mama e logo depois deita, não tendo o efeito da gravidade. Contudo, esse tipo de refluxo acaba sendo resolvido espontaneamente com o desenvolvimento dos tecidos, mudança da alimentação e posição da criança”, afirma Warpechowski.
Nos primeiros meses, o bebê se alimenta apenas do leite, depois são introduzidas papinhas e alimentos sólidos que tem menor facilidade de refluir. “Outra questão favorável é a gravidade, pois a criança ficava a maior parte do tempo deitada e agora fica em pé ou sentada”, constata o médico.
Mas, quando o refluxo é responsável por causar problemas respiratórios ou pneumonia repetitiva, o profissional diz que a criança pode ter uma deficiência no músculo e o esôfago não ter uma contração muito boa, sendo necessário a avaliação de um médico especializado.
Diagnóstico e Tratamento
O exame padrão ouro para diagnosticar o refluxo em adulto, segundo o gastroenterologista, é a endoscopia digestiva. “A endoscopia permite verificar se há lesão no esôfago para se ter uma idéia de como tratar. O Raio X contrastado é mais indicado para ver o tamanho da hérnia de hiato e para as crianças”, afirma.
A progressão da doença de refluxo, conforme Warpechowski, ocasiona esofagite, inflamação na mucosa do esôfago, que pode ser leve ou severa. “O esôfago tenta se transformar em uma célula diferente incidindo em metaplasia gástrica e/ou metaplasia intestinal (esôfago de Barrett), onde a displasia (célula com defeitos) pode evoluir para câncer de esôfago”, ressalta o médico. Ele diz que esôfago de Barrett, hérnia muito grande e bronquite freqüente causada por refluxo são indicados o tratamento cirúrgico.
“O tratamento clínico visa à administração de medicamentos que bloqueiam a produção de ácido no estômago e que estimulam a contração do esfíncter interior”, explica Warpechowski. Paralelamente, o paciente é orientado a emagrecer, evitar alimentos e bebidas que pioram o refluxo, não deitar logo após as refeições e a fracionar a dieta. Essas recomendações o paciente deve seguir durante toda a vida.