21 de junho é o Dia Nacional de Combate a Asma. A doença é crônica e exige uma série de cuidados para evitar crises mais graves.
É hora de sair de casa. Na bolsa, a publicitária Amanda Karnoski Ribas, de 26 anos, não carrega apenas habitual. Além da carteira, documentos, chaves, cremes e álcool em gel, um item em especial se faz ainda mais essencial. Sua bombinha de medicamentos para asma.
Diagnosticada há cerca de quatro anos, ela buscou ajuda quando teve crises recorrentes. “Um aperto muito grande no peito, como se tivesse alguém sentado em cima”, conta a jovem. Agora, após ter feito tratamentos com corticoides as crises são mais leves, mas ainda assim, ela não sai de casa sem a companhia de seus fiéis escudeiros: a bombinha e os vasodilatadores.
Quem também convive com a asma e suas consequências é o administrador de hangar Bruno Gasparello Hilgemberg, de 28 anos. Ele teve o diagnóstico ainda na pré-adolescência. “Senti os sintomas, mas tanto eu quanto meus pais não sabíamos. Então, fomos ao médico e ele me diagnosticou com a doença e encaminhou para um especialista”, relembra.
Alguns aspectos de sua rotina são diferentes. Ele revela que mesmo depois de adulto os sintomas ainda aparecem, porém com mais experiência ele sabe como controlá-los. “Durante o dia dificilmente tenho crises, mas antes de dormir e principalmente quando acordo sinto falta de ar. Então uso medicamento para resgate, que age em instantes. Porém hoje sei controlar mesmo que não tenha à disposição o remédio”.
Bruno e Amanda não estão desacompanhados, segundo estimativas do Ministério da Saúde, são aproximadamente 20 milhões de pessoas que sofrem dessa doença crônica no Brasil.
Sintomas
Dificuldades e esforço para respirar, acompanhadas de um chiado no peito são as principais características dessa patologia respiratória. Asma significa “respiração difícil”, explica o alergista e imunologista clínico, Gilberto Saciloto (CRM/PR 5303/RQE 12539/RE 946).
Tosse e expectoração comumente acompanham tais sintomas, lembra o médico. Em alguns casos pode ser ainda pior. “Dependendo da intensidade, esta falta de ar pode levar a perda da consciência”, complementa
De acordo com o Ministério da Saúde, em sua página sobre o Dia Nacional de Controle da Asma, essa é uma doença pulmonar inflamatória crônica. Além dos sintomas já listados por Gilberto, o órgão federal cita, também, que as crises podem piorar à noite ou com atividades físicas.
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Genética conta
Os dois têm em comum o principal fator para o aparecimento dessa patologia respiratória, a hereditariedade. Amanda conta que sua mãe também sofre de asma, já Bruno lembra que descobrir a doença não foi tão surpreendente para ele e sua família, já que seu avô também tinha o diagnóstico.
“O genótipo, ou seja, a predisposição genética em ter a doença, é o principal fator. A partir daí, ela será desencadeada por algum mecanismo durante a vida do paciente”, explica Dr. Saciloto. O médico lembra também os pacientes asmáticos, sejam alérgicos ou não, costumam ter uma situação física diferentes, que ao serem analisadas, evidenciam a presença da doença.
Gatilhos para crises
Independente da gravidade da doença, algumas coisas costumam desencadear crises nos pacientes. Entre os fatores que o alergista e imunologista aponta estão a mudança de clima, a poluição, o estresse, as atividades físicas e infecções.
O Ministério da Saúde também evidencia alguns fatores que podem provocar reações típicas da asma. Nesse caso, estão as alergias, como ao pó domiciliar, ácaros, fungos, pólens, pelo e saliva de animais, fezes de barata. Outro fator são os agentes irritantes, nesse caso entram a fumaça em geral e principalmente de cigarro, a já mencionada poluição do ar, aerossóis.
Prevenção
O combate da asma é feito pelo controle da doença e pelo evitamento dos gatilhos das crises. Entretanto, é importante conscientizar a população a respeito desse mal e desmistificar o preconceito a respeito. “Os pacientes e familiares têm medo da palavra asma, preferindo ‘bronquite’ ou similares. Não aceitam tratamento, o que deve ser feito de modo contínuo”, ressalta Saciloto.
Outro ponto que o médico lembra, é que através do diagnóstico correto é possível entrar com o uso de medicamentos, porém o tratamento é contínuo, já que essa é uma condição crônica.
Segundo o alergista e imunologista, com o avanço dos tratamentos o número de internações decorrentes de crises de asma diminuíram drasticamente nas últimas décadas. Hoje, isso é exclusivo para casos graves, que ainda existem, porém em menor quantidade.
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Como recomendações para prevenção, o médico aponta algumas coisas que podem ajudar. “Exercícios físicos acompanhados, apoio psicológico, nos auxiliam sobremaneira dentro de um conceito holístico, além de não fumar”, enumera.
Doenças que ajudam a piorar a asma
Gilberto lembra que a asma é a principal patologia respiratória, assim sendo, sua presença poderá agravar, ou ser agravada, por outros males. “Se o paciente é tabagista, irá desenvolver enfisema e piorar a asma e assim por diante”, exemplifica.
A Covid-19, inclusive, apresenta um risco a mais para pacientes com asma grave, ou seja, aquelas pessoas que necessitam do uso de corticoide oral contínuo. “É o único caso elencado para vacinar os pacientes contra Covid. Em função da gravidade. Pois esta pandemia nestes pacientes é muito perigosa”, finaliza.