Mudanças climáticas, cosméticos e maquiagem estão entre os fatores responsáveis por desencadear a doença.
Doença genética que ocorre a uma resposta imune acentuada por vários estímulos externos, a dermatite atópica é uma inflamação crônica da camada externa da pele que se manifesta, segundo a dermatologista, Renata F. C. Tavares, com lesões cutâneas, muito pruriginosas (coça bastante), pele seca e áspera e com menor defesa a infecções cutâneas secundárias, devido a uma diminuição do fator de hidratação e proteção natural da pele. “Em alguns casos pode estar associada também a rinite e asma brônquica”, completa Renata.
Os fatores responsáveis por desencadear a dermatite atópica, de acordo com a médica, são: mudanças climáticas, uso de certas medicações, alimentos ricos em conservantes e corantes, ácaros, cosméticos, maquiagem, produtos químicos, roupas de lã, banho muito quente e demorado, uso excessivo de sabonete e, até mesmo, o estresse.
A doença pode advir em qualquer faixa etária e atinge ambos os sexos, em porcentagens praticamente iguais. “Contudo, ocorre com maior incidência durante os primeiros anos de vida quando entramos em contato com agentes e substâncias ainda não reconhecidos para o nosso organismo, e em fases de modificações hormonais como puberdade e gestação”, afirma a dermatologista.
É possível prevenir a dermatite atópica?
“Como se trata de uma doença de caráter genético, o paciente já nasce atópico. Entretanto, às vezes só vai manifestar a doença com um fator desencadeante. Por isso é uma doença de controle, onde procuramos detectar, para cada paciente, qual a causa externa que faz a atopia se manifestar e o que fazer para impedir os sintomas da doença”, responde Renata.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico é baseado principalmente nos sintomas e características clínica das lesões. “As lesões podem manifestar-se na pele de todo o corpo, mas geralmente acomete as dobras e áreas quentes do corpo. Nos bebês, geralmente, manifestam-se na face, apresentando pele seca e áspera”, explica a médica. Em caso de dúvida diagnóstica, de acordo com a dermatologista, pode ser realizada a biópsia cutânea que não é específica, mas pode excluir diagnósticos diferenciais ou testes alérgicos para triar os desencadeantes da atopia.
Já o tratamento, conforme Renata, varia de acordo com a gravidade e extensão da dermatite, a idade de acometimento e se há associação com atopias respiratórias, como asma e rinite. “A pele deve estar sempre hidratada para tentarmos repor o fator de hidratação natural que é ineficiente, é preciso evitar cosméticos de uso pessoal muito perfumados ou coloridos, evitar ambientes fechados com fungos e ácaros, assim como tapetes e cortinas no quarto do paciente atópico”, declara.
As orientações e dicas da profissional para os pais de crianças com dermatite são diminuir o consumo de corantes e conservantes, manter abertas as janelas e portas para que o ar circule pelos ambientes, banho rápido, com água em temperatura amena, roupas de malha, algodão e moletom de preferência.
Quanto ao tratamento medicamentoso existem vários que ajudam no controle da dermatite atópica. “Dependendo do caso, pode ser indicado fórmulas e pomadas antipruriginosas, imunomonuladores tópicos, anti-histaminicos orais, para controlar a coceira e diminuir as erupções na pele, corticosteróides e até imunossupressores sistêmicos, como ciclosporina, em casos mais graves”, diz Renata. Segundo ela, embora a dermatite atópica seja uma doença, em determinadas situações, grave, normalmente é bem controlada com os cuidados dermatológicos. Assim, ao surgir os sintomas é importante procurar assistência médica para evitar que o quadro se agrave.