Inovações tecnológicas revolucionam o seu tratamento
O seu aparecimento é mais comum na puberdade (15-20 anos) ou pouco depois desta. Irregularidade que, na maioria dos casos, causa baixa visual e numa fase mais avançada não é possível atingir boa visão com óculos. O ceratocone, segundo a oftalmologista, Eliana F. Pires, é uma doença da córnea, porção transparente mais anterior do olho, que pode apresentar baixa rigidez do colágeno de córnea e desta forma, permite que a área central ou para-central assuma forma cônica ou “bicuda”, tornando-se progressivamente mais fina e irregular.
Nos casos iniciais, de acordo com a oftalmologista, o ceratocone parece um astigmatismo que o uso de óculos pode proporcionar uma melhora na visão, mas, com o decorrer do tempo, percebe-se uma perda progressiva da visão que atinge, em geral, os dois olhos de forma desigual, ou seja, na maioria das vezes um olho pode estar em uma fase mais avançada que o outro. “Os casos que iniciam cedo, aos 10 -12 anos de idade, tem-se observado que apresentam progressão mais rápida e mais freqüente e precocemente necessitam de transplante de córnea”, revela a médica.
Os tratamentos atuais para o ceratocone, por ocorrer, na maioria dos casos, baixa visual e em uma fase mais avançada não ser possível atingir boa visão com os óculos, essa irregularidade pode ser corrigida, como explica Dra. Eliana, com o uso de lentes de contato (LC) rígidas ou gelatinosas de desenhos especiais. “As LC representam uma opção importante para melhora da acuidade visual, porque substituem a superfície irregular da córnea por outra regular. Elas permitem melhora da visão, mesmo nos graus avançados da doença, mas não evitam a progressão do Ceratocone”, afirma a médica.
Segundo Dra. Eliana, os tratamentos cirúrgicos constam em:
– Anel Intra-Corneal – indica-se para pacientes intolerantes ao uso de LC, para melhorar a visão e/ou auxiliar a centralização da LC, sendo recomendável apenas para alguns tipos e graus de ceratocone em córneas transparentes. O anel, fabricado com polimetilmetacrilato (PMMA), transparente e ultra-fino é implantado cirurgicamente na córnea sob anestesia tópica. Esse procedimento é rápido e indolor e apresenta baixo índice de complicações. Na maioria das vezes, é necessário readaptar LC (rígidas ou gelatinosas) ou utilizar óculos para corrigir o grau restante. Contudo, também não evitam a progressão do Ceratocone.
– Cross-Linking do Colágeno de Córnea: Indica-se para evitar a progressão do ceratocone. O tratamento consiste em desepitelizar a córnea após anestesia tópica (colírio), instilar riboflavina (vitamina B12) e aplicar luz UVA por 30 minutos. Tem como finalidade aumentar o número de ligações covalentes entre as fibras de colágeno para fortalecer a córnea e estabilizar a doença. Os pacientes devem ter 15 anos ou mais e espessura corneana mínima de 400µm, no ponto mais fino. É contra-indicado para casos com cicatrizes na área central da córnea. Em estudos clínicos realizados em diversos países, especialmente Alemanha e EUA, esse tratamento mostrou-se seguro e eficaz em fazer o que ele se propõe. O objetivo a que ele se propõe é estabilizar o quadro de ceratocone. É o único tratamento existente no mundo que consegue evitar que o ceratocone evolua, piore.
– Transplante de Córnea: Indica-se para córneas com cicatrizes e para ceratocones avançados quando não se obtém boa visão com lentes de contato (LC). A finalidade do transplante é substituir a porção central da córnea alterada por outra sadia, contudo, é um procedimento mais invasivo e o tempo de recuperação varia de6 a 12 meses e o sucesso é cerca de 90%.
Inovação em tratamento do ceratocone
O Cross-linking é o mais recente método utilizado para o tratamento do ceratocone e ectasias de córnea. “Através do feixe de luz ultravioleta junto com a riboflavina aumenta a quantidade de ligações entre as fibras de colágeno que formam a córnea. Isso torna a córnea mais forte e impede que ela se deforme e ocorra a evolução do ceratocone”, esclarece a oftalmologista. O Cross-linking, conforme a médica, faz com que a córnea fica com mais ligações entre suas células e com isso mais forte, aumentando cerca de 320% a rigidez corneana, o que fará com que o ceratocone não evolua.
Para saber se o ceratocone está piorando, Dra. Eliana ressalta que a progressão pode ser avaliada pela mudança no grau dos óculos, pela piora no exame de topografia da córnea ou até pela piora da visão relatada pelo próprio paciente.
O Cross-linking (CXL) pode ser feito, de acordo com a oftalmologista, por todo paciente com ceratocone que ainda tenha uma boa visão com óculos ou com lentes de contato e que esteja tendo progressão do quadro. Pacientes que tenham opacidades da córnea ou que a visão esteja muito baixa mesmo com lentes de contato, já não tem mais indicação de CXL e, provavelmente, precisarão de transplante de córnea. Paciente com córneas muito finas (menor que 400µm) também não são bons candidatos.
Exame oftalmológico de rotina e Check up de córnea devem ser realizados periodicamente, a cada 6 meses ou anual, de acordo com a orientação do seu oftalmologista. “Contudo, nos casos de enfraquecimento da visão antes de completar 1 ano ou ocorrer sensação de dor intensa nos olhos, deverá ser examinado pelo oftalmologista o mais breve possível, principalmente nos casos de dor súbita e intensa, devido ao risco de ruptura do bico corneano”, salienta Dra. Eliana. Estas informações tem apenas a finalidade de dar orientações gerais ao paciente. Variações podem ocorrer de acordo com cada caso.