O quadril é a articulação entre o fêmur e o acetábulo da pelve, e é a maior do corpo. Devido ao seu papel importante no nosso dia a dia, sendo o principal responsável pelo movimento de marcha, o quadril é uma das primeiras articulações a sofrer com o desgaste, e quando não tratado da forma correta, pode desenvolver outras patologias, além de sobrecarregar regiões importantes como joelho, tornozelo e coluna.
Por que o desgaste ocorre?
De acordo com o ortopedista, especialista em cirurgia do quadril, Angelo Rafael L. Lawryniuk, o desgaste é um termo popular para a perda de cartilagem de uma articulação, quando ocorre no quadril chama-se coxartrose. Não ocorrendo só na região dos quadris, mas em toda articulação que a possui. “No caso de quaisquer articulações, o cigarro e álcool são fatores que estão associados à sua perda, junto com um estilo de vida no geral. O grande impacto na região, seja pelo sobrepeso, pelos esportes ou pelo serviço pesado em excesso, também podem colaborar para o desenvolvimento de uma artrose”, conta o profissional.
“No quadril, a maior porcentagem do desenvolvimento de problemas está nas mulheres acima dos 50 anos devido ao processo degenerativo, mas está relacionado a várias outras causas, como fraturas, luxações (congênitas ou traumáticas) no quadril, uso recorrente de algumas medicações como os corticoides por período prolongado e fatores que trazem uma propensão maior à artrose”, revela Dr. Angelo.
Quais os sintomas?
Os sintomas geralmente começam com dor na virilha podendo se estender ao joelho pela parte interna da coxa evoluindo com a falta da mobilidade da articulação, e o primeiro movimento que tende a ser perdido é o de mover a ponta do pé para o lado de dentro e para o lado de fora. “Com o tempo, afastar uma perna da outra também se torna difícil e, depois, a tendência é de, também, perder o movimento de extensão, que é jogar a perna para trás, obrigando a pessoa a andar naquela posição mais arcada, quase como agachada”, descreve o profissional.
Já nos primeiros sintomas, segundo o ortopedista, começa a dor, pela limitação do movimento, sendo uma dor bem localizada e que pode irradiar para a parte interna da coxa.
Não perca tempo!
Notado os sintomas, consulte seu ortopedista o mais rápido possível. Dr. Angelo salienta que o maior perigo em relação à artrose é demorar para iniciar o tratamento. “Deve-se manter em mente que a artrose não tem cura, porém, é possível retardar o processo evolutivo da doença por meio de medicações, dando um tempo maior de sobrevida para o quadril, evitando a cirurgia, que deve ser feita o mais tarde possível, devido a vida útil da prótese”, afirma.
O especialista em cirurgia do quadril diz que para os pacientes com histórico de traumas, processos infecciosos, no geral, a artrose ocorre em apenas um dos lados. Já no caso de pacientes que desenvolveram por doenças metabólicas, reumatológicas ou uso intenso de corticoides, por exemplo, a artrose tende a ocorrer em ambos os quadris. “Quando a artrose ocorre apenas de um lado, ou com mais intensidade naquele quadril, são grandes as chances de ocorrerem artroses no joelho e tornozelo da mesma perna, as vezes atingindo também a coluna”, salienta.
Como evitar?
O hábito de vida é o principal decisor. De acordo com o ortopedista, a sobrecarga, seja pelo excesso de peso, ou atividades externas, é um fator que influência muito. A boa alimentação, assim como exercícios moderados, vão ajudar a evitar este mal. “As atividades físicas certas ajudam a manter a musculatura sadia, o que é muito importante, pois ela mantém a estabilidade da articulação, prevenindo o desgaste. A alimentação também é um aliado, principalmente para as pessoas que tem questões genéticas”, indica. “Que a artrose irá chegar, isto é certo, não tem como fugir, a questão é que quanto mais tarde ela nos atingir, melhor. Por isso, a importância de um bom estilo de vida”, salienta.
O tratamento
Apesar de não haver cura, a prorrogação da evolução da doença pode ser feita nos estágios iniciais por meio de fisioterapia, hidroterapia e pilates, por exemplo, que ajudam na manutenção da mobilidade e da musculatura do quadril. “Em segundo momento, as medicações, entram em cena, trazendo um grande benefício no processo inflamatório intra-articulares, apesar de não existirem comprovações científicas de que renovam a cartilagem, ajudam no processo de manutenção. E, por último, existem as medicações intra-articulares, ou viscosuplementação, que substitui o líquido intra-articular por um sintético”, descreve o profissional.
De acordo com o médico, o último tratamento é a prótese. No caso das artroses graves, o tratamento mais indicado é a substituição da articulação, a artroplastia do quadril. “O procedimento é a colocação de um componente no lugar do fêmur e outro no lugar da pelve, criando uma mecânica nova para a área de trabalho. Ela vai aliviar bastante, ou até mesmo eliminar a dor, propiciando maior qualidade de vida e possibilitando o retorno à andar e à prática de atividades físicas moderadas”, relata o especialista. “Quanto mais tempo pudermos esperar para operar melhor, pois um dos problemas da técnica é o desgaste do componente, apesar de hoje, existirem materiais para a prótese de quadril que possuem uma vida útil mais prolongada”, complementa o profissional, em relação ao processo.