Ao procurar por atendimento odontológico, não sinta vergonha em investigar a formação e capacitação do profissional.
O ideal é que ao buscar um profissional para cuidar de sua saúde oral e de sua família, assim como outros profissionais que atuam na saúde, o paciente procure averiguar sobre a sua formação, capacitação, história e ética. “Apesar de o Brasil possuir 20% dos dentistas do mundo e contar com ótimas e respeitadas escolas de odontologia, ainda existe a atuação de profissionais antiéticos, que prezam mais pelo fator financeiro do que pela saúde de seus pacientes, e falsos profissionais, mais conhecidos como “dentistas práticos”, ou seja, não freqüentaram nenhuma escola de odontologia e atuam sem conhecimento”, alerta o cirurgião-dentista, Dr. Diego R. dos Santos.
A declaração proferida durante o juramento da profissão de cirurgião-dentista, “… ser sempre fiel aos deveres da honestidade, da ciência e da caridade…”, nem sempre é levada a sério pelos profissionais. “Ainda existe ‘colegas’ que infringem a declaração de tal forma que mutilam seus pacientes em benefício próprio”, avalia Diego. Já os dentistas práticos são criminosos que atuam no exercício ilegal da profissão e enganam os seus pacientes. Segundo o cirurgião-dentista, neste crime inclui as secretárias, auxiliares e ajudantes de clínicas odontológicas que intervém diretamente na boca do paciente, pois apenas cirurgiões-dentistas e técnicos em saúde bucal tem habilitação para este fim dentro da odontologia.
Existem várias maneiras de identificar um falso profissional. “Uma delas é solicitar o seu número de registro no conselho e pesquisar no site do Conselho Regional de Odontologia (CRO) para ver se o mesmo coincide com o profissional em questão. Para obter este número o paciente pode verificar a placa do estabelecimento (que deve conter o número do profissional ou da clínica, esta terá um responsável técnico que responderá pelo estabelecimento), solicitar a carteira do conselho (que contém a foto e assinatura do profissional) ou observar carimbos e receituários”, ressalta Diego.
Com o número do registro em mãos, a busca de informações fica fácil ao paciente. Mesmo sem acesso a rede internacional de computadores, ele pode obter informações do profissional ligando para o CRO do seu estado. “Quando solicitado o cirurgião-dentista tem o dever de apresentar sua carteira do conselho para apreciação do paciente, assim como o alvará sanitário, expedido pela prefeitura municipal, que é um documento obrigatório de todo consultório odontológico”, afirma o cirurgião-dentista.
Quem deve fiscalizar as clínicas e consultórios odontológicos?
Conforme o cirurgião-dentista, a atuação de pessoas incapazes nas clínicas e consultórios odontológicos é alvo de investigação e repreensão dos órgãos reguladores (como CRO, Anvisa e polícias) que necessitam da colaboração dos pacientes, através de denúncias, podendo ser anônimas ou não. “Apesar desta incessante vigilância, todo o ano observamos registros de apreensões destas pessoas em todo Brasil. Para erradicar isto, é de suma importância a atuação sincronizada dos pacientes, através de delações, com os órgãos competentes”, diz.
Não custa lembrar que para evitar ou diminuir o número de profissionais incapazes atendendo existem órgãos competentes, como o CRO e a Vigilância Sanitária, que visam coibir as atuações ilegais.
Riscos ao paciente causados por um falso profissional
Os riscos de submeter-se ao atendimento de um “falso profissional” são incalculáveis. “Vão desde mutilações na cavidade oral até a contaminação sistêmica de doenças graves como Aids, Hepatites, cânceres, etc”, enfatiza o cirurgião dentista.
Em relação aos “dentistas práticos”, por não estarem habilitados nos conselhos, não possuem registro de estabelecimento de saúde na prefeitura, o que dificulta a ação dos órgãos como a Vigilância Sanitária. Assim, a certificação de esterilização e descontaminação dos materiais fica dificultada pela Vigilância Sanitária.
Os materiais contaminados, de acordo com Diego, podem provocar infecções cruzadas (de um paciente para outro) e a contaminações graves como AIDS, Hepatites, tuberculose, entre outras. E esse cuidado com a cadeia asséptica não é prezado pelos falsos e antiéticos profissionais.
Outro risco é a mutilação do paciente devido ao desconhecimento técnico científico destas pessoas. “Eles farão os procedimentos sem a mínima instrução e ao invés de melhorar a saúde dos pacientes acabarão colocando-a em risco, favorecendo o desenvolvimento de cânceres, tumores, infecções graves, entre outros”, avalia o profissional.
Aparelhos dentários, restaurações, próteses, clareamentos, limpezas, extrações e demais procedimentos odontológicos devem ser executados apenas por dentistas formados e capacitados para isto. “Quanto executados por auxiliares e ‘falsos profissionais’ podem provocar alterações graves na saúde do paciente. Pela falta de conhecimento técnico científico, estes criminosos colocam em risco a saúde da sociedade e podem favorecer o aparecimento de diversas doenças graves e desordens orais e gerais à população”, ressalta Diego.
Não fique calado às irregularidades
A única maneira de diminuir o número de profissionais incapacitados que ainda permanecem atendendo e proteger a população é através de denúncias incansáveis às autoridades.
Para denunciar a atuação antiética de cirurgiões-dentistas habilitados, conforme Diego, deve-se entrar em contato com o Conselho Regional de Odontologia do seu estado, através do telefone ou site, e informar à entidade a má conduta do profissional.
Auxiliares, secretárias, ajudantes e dentistas práticos não podem atuar diretamente na cavidade oral do paciente. “Se realizarem algum procedimento na cavidade oral estarão cometendo um crime, segundo artigo 282 do Código Penal Brasileiro, podendo ficar até 2 anos preso. Portanto, não deixe que cometam um crime com você, denuncie-os à Polícia e Vigilância Sanitária”, orienta o cirurgião-dentista.