Os métodos contraceptivos são usados a gerações como forma de controle familiar. Com o tempo, novas técnicas e os métodos aliados com a tecnologia trazem mais segurança e conforto para as ações de contracepção, acarretando, também, diversas dúvidas e mitos ao redor de si. A ginecologista e obstetra Dra. Andressa Araújo explica que os métodos de barreira como os preservativos masculinos e femininos são apenas alguns dos métodos contraceptivos, já que dentro deste grupo entram também os anticoncepcionais orais, adesivos, anel vaginal, injetáveis, tabelinha e o DIU – podendo ser hormonal ou não – e os dois definitivos, sendo a vasectomia e a laqueadura.
O anticoncepcional oral (medicamento hormonal) é o método contraceptivo preferido pelas mulheres. Apesar disso, este método ainda é cercado de questões que têm sido levantadas desde a sua criação, e as respostas nem sempre são tão claras. Por isso, a Dra. Andressa respondeu para a nossa equipe 7 dúvidas frequentes sobre esse método, confira!
1 – É verdade que existe uma idade ideal para o início da utilização dos métodos contraceptivos ou de anticoncepcionais?
Mito. Não existe uma idade ideal para que a paciente comece a se prevenir de uma gravidez, isso vai depender de quando ela passou e ter relações sexuais. O método contraceptivo deve ser sempre usado quando uma gestação quer ser evitada. Em relação aos anticoncepcionais orais, indicamos que a paciente inicie o uso pelo menos dois anos após a primeira menstruação, porque nesta fase o anticoncepcional pode influenciar no ganho final de estatura da paciente.
2 – Em longo prazo, estes anticoncepcionais podem trazer malefícios para o corpo da mulher?
Meia verdade. Ao mesmo tempo em que nem todas as mulheres sofrem com mudanças estéticas, não existe uma garantia de que elas nunca ocorrerão, por isso, o anticoncepcional oral deve ser prescrito de preferência por um ginecologista. A escolha da pílula vai depender de fatores como idade, peso, queixa da paciente (irregularidade menstrual, acne), fatores de risco (fumo, hipertensão), por isso, cada paciente deve ter seu caso individualizado, levando em conta suas características e também os efeitos colaterais da pílula.
3 – É verdade que existem mudanças no corpo de quem utiliza anticoncepcionais, como mudanças na saúde da pele e cabelo?
Meia verdade. Cada tipo de anticoncepcional oral tem uma combinação, na maioria deles existem dois tipos de hormônio, estrogênio e progesterona. Alguns deles tem maior ou menor efeito anti-androgênico, o que leva a uma melhora do acne e da oleosidade do cabelo. O tipo de hormônio e a dose podem influenciar na retenção de líquido pelo organismo, o que pode levar a um aumento da gordura localizada, como a celulite. Hoje, com concentrações mais baixas, a pílula apresenta menos efeitos colaterais do que antigamente.
4 – Em todos os casos de ciclos irregulares deve se utilizar o anticoncepcional?
Mito. Se a paciente tem o ciclo irregular primeiro eu preciso entender o “porquê” desta paciente ter essa condição, por meio de consulta médica e avaliações, já que isto pode ser resultado de distúrbios hormonais, como o de tireoide, que não serão resolvidos com o anticoncepcional. Quando existe um ciclo irregular, o primeiro passo é consultar um médico para identificar a causa. Em algumas situações o anticoncepcional também pode agir como regulador, e se for o caso, usaremos assim, mas é importante lembrar o foco inicial da pílula: ser um método contraceptivo.
5 – É verdade que o uso de anticoncepcionais se sobressai em relação á métodos como o DIU?
Depende do caso de cada paciente. Um método anticoncepcional não se sobressai ao outro, não existe “o melhor”, mas sim, qual será o melhor no caso de cada paciente, levando em conta sua idade, se ela quer ter filhos em um futuro próximo ou não, se ela tem de fato objetivo de ter filhos, por quais processos ela está passando no momento, entre outros. É importante sempre ressaltar em relação aos outros métodos que o uso da camisinha é extremamente importante, e é indicado usá-lo até mesmo em conjunto com os métodos anticoncepcionais, afinal, ela não só evita a gravidez mas também doenças sexualmente transmissíveis.
6 – É verdade que fazer a famosa “tabelinha” é ineficaz?
Mito. A “tabelinha” pode ser muito eficaz, desde que a paciente tenha um ciclo menstrual extremamente regular. A tabelinha não entra para as pacientes que não tenham ciclos regulares, já que seu índice de falha pode girar em torno de até 30%, pois depende de um ciclo muito regular, o que se tornou mais raro na atualidade devido o estilo de vida corrido das mulheres. Ela é indicada principalmente para aquelas que conhecem muito bem seu próprio corpo.
7 – É verdade que quanto menor a concentração de hormônios na pílula, melhor ela é para a saúde da mulher?
Pode se dizer que sim, porém, a melhor pílula para a mulher é aquela que com a menor dosagem de hormônio vai fazer o efeito anticoncepcional desejado. A pílula pode ter várias doses de hormônio, então não é para todas as pacientes que certa dose fará efeito. É óbvio que quanto menor a concentração de hormônios menores serão os efeitos colaterais, mas muitas vezes a paciente não se adapta e não possui o efeito desejado. Se fosse assim existiriam apenas pílulas de baixíssimas dosagens no mercado.