Acne é um dos problemas de pele mais comum. Causada pelo fechamento dos poros, aumento do sebo e consequente proliferação bacteriana, inicia-se geralmente na puberdade, quando intensifica a produção de hormônios, acarretando problemas nessa e nas demais fases da vida.

A dermatologista Beatriz Bianco Cabrera Garcia desvenda alguns mitos e verdades sobre a acne e alerta que apenas cuidados básicos com a pele nem sempre são suficientes para evitá-la.

 

Revista + Saúde – A acne pode ser um problema genético?

Beatriz – A acne é uma doença multifatorial, mas o papel da genética pode ser importante. O aumento do tamanho e atividade da glândula sebácea na puberdade, somados a alteração folicular, pode ter influência genética. Quando ambos os pais tem acne, há cerca de 50% de possibilidade de aparecimento da doença nos filhos, com gravidade variável. Sendo assim, pacientes cujos pais tiveram acne grave ou tem cicatrizes de acne, devem iniciar o tratamento o quanto antes.

 

Revista + Saúde – Apenas cuidados básicos com a pele, como limpar, esfoliar e hidratar, evita as espinhas?

Beatriz – Às vezes. Numa fase inicial podem ajudar. Mas normalmente a acne requer medicação adicional.

 

Revista + Saúde – É verdade que espremer uma espinha piora a situação?

Beatriz – Verdade. Quando uma espinha é espremida corre-se o risco de infecção secundária por outras bactérias que residem na pele, de septicemia (infecção generalizada) e ainda existe a possibilidade de deixar sequela, como a cicatriz.

 

Revista + Saúde – Após uma cicatrização ou uma mancha de pele causada por espinhas, não é mais possível recuperar a região?

Beatriz – As manchas avermelhadas ou arroxadas melhoram com cremes clareadores e uso de filtros solares. Já as cicatrizes são para sempre, mas podem ter sua aparência melhorada com peelings ou lasers fracionados.

 

Revista + Saúde – Como os alimentos, em geral, interferem na formação da acne e quais estimulam essa produção?

Beatriz – Os alimentos a base de açúcares (doces, massas, macarrão, pratos a base de farinha de trigo branca) têm absorção rápida e causam uma elevação da produção de insulina pelo pâncreas, gerando uma resposta pró-inflamatória, que culmina com aumento de oleosidade, comedões (cravo) e acne. O leite e seus derivados, principalmente os suplementos alimentares, também pioram a acne. O leite aumentaria a produção de IGF 1 (fator semelhante à insulina tipo 1 que estimula o crescimento muscular), causando o aumento da oleosidade e assim da acne. Os leites desnatados são piores ainda que o leite comum. Uma opção benéfica é o leite de soja. Estudos recentes eximiram as gorduras como causadoras de acne. Além disso, algumas vitaminas têm efeito acnegênico, ou seja, propiciam o surgimento da acne, como a vitamina B12 e medicamentos como hormônios e corticoides.

 

Revista + Saúde – É verdade que a poluição das cidades agrava o aparecimento de espinhas?  

Beatriz – Mito. A acne não significa pele suja. O estresse metabólico decorrente da poluição e o próprio estresse do dia a dia podem estar relacionados, mas não a poluição de maneira direta.

 

Revista + Saúde – Então é verdade que o estresse estimula a produção de espinhas?

Beatriz – Verdade. O estresse pode levar ao aumento de cortisol (hormônio ligado ao sistema emocional), que em quantidades acima do normal acelera a produção de sebo pelas glândulas sebáceas e ainda modifica a consistência desse sebo, tornando-o mais grosso. Com isso, as espinhas se agravam.

 

Revista + Saúde – Muitas receitas caseiras para acabar com a acne (como passar pasta de dente ou limão) já foram comprovadas como mito. Há alguma maneira alternativa que funcione para acabar com a acne?

Beatriz – Não. A acne é um problema que pode ser solucionado apenas com cuidados medicamentosos.

 

 

 

DEIXE SEU COMENTÁRIO

Por favor deixe seu comentário!
Por favor informe seu nome