Dar a criança a oportunidade de aprender a partir de atividades de vida diária é muito importante para o desenvolvimento dela nos aspectos socioemocionais, cognitivo e psicomotor
Imagine seu filho na vida adulta, dependendo de você para escolher a camisa que irá usar para sair com os amigos? Pois é, sempre que pensamos em desenvolvimento infantil tendemos, como pais, a vê-los somente neste estágio da vida, mas, eles crescem.
De acordo com a psicopedagoga especialista em desenvolvimento infantil Kelly Ribeiro Gomes (ABPMC 03932), cada fase da criança é um momento único para a aprendizagem, que posteriormente irá refletir em autonomia e responsabilidade. “É de extrema importância para o desenvolvimento das habilidades que possibilitam a compreensão e interiorização do mundo humano por ela, neste sentido é essencial trabalhar atividades operacionais, pois é a partir da interação com o meio, determinado por um ato intencional e dirigido que a criança aprende”, afirma Kelly.
A profissional propõe ainda que ter autonomia significa não apenas possuir independência, mas também estar inserido na sociedade, assumir consequências por decisões tomadas e pse responsabilizar. “Vale ressaltar que é necessário compreender a linguagem da criança para então conseguir ensinar algo a ela”, destaca.
Como os pais podem saber se tais funções são adequadas para a idade do filho?
- Do nascimento até os seis anos, ou primeira infância, é o período sensível para o desenvolvimento de diversas habilidades. Nesta fase, há elevada capacidade de transformação do cérebro devido aos estímulos e experiências vivenciadas;
- As habilidades operacionais (concretas e práticas) desenvolvidas neste início serão fundamentais para o desenvolvimento de habilidades mais complexas em fases posteriores da vida;
- Desperdiçar as possibilidades da primeira infância significa limitar o potencial individual, uma vez que nem sempre é possível recuperá-lo plenamente com investimentos posteriores;
- É importante que os adultos ensinem às crianças algumas responsabilidades e as ajudem a realizá-las, de acordo com suas possibilidades. Assim, aos poucos, elas passarão a adquirir autonomia e a gerenciar determinados aspectos da sua vida sem precisar mais da ajuda de adultos;
- Evite dar à sua criança atividades complexas para sua idade, por exemplo: “Arrume seu quarto” se a criança não tem habilidades de planejamento, execução, atenção e controle inibitório estabelecidas ainda, ela terá dificuldade em arrumar o quarto com autonomia. Portanto, o que deve ser feito é uma lista numerada com figuras para mostrar a ela por onde começar, como guarda, onde é o lugar de cada objeto etc;
- Ao longo do segundo ano de vida, enquanto começam a adquirir a capacidade de comunicação por meio da linguagem, as crianças desenvolvem gradualmente as habilidades necessárias para organizar os processos cognitivos mais complexos. Nessa idade, as crianças se tornam capazes de atender a pedidos verbalizados, elas mantêm as instruções e as usam para guiar o comportamento;
- Lembre-se ela está em desenvolvimento, ou seja, precisa de ajuda e orientação de adultos para as atividades, então reforce com elogios todas as tentativas.
As tarefas podem afetar diretamente o desenvolvimento das crianças. A autonomia, por exemplo, depende fundamentalmente do desenvolvimento das funções executivas do cérebro, as quais iniciam antes mesmo do nascimento. “O desenvolvimento do controle consciente e autônomo de pensamentos, ações e emoções não ocorre de forma independente do contexto em que a criança vive. Ao contrário, as situações vivenciadas pelas crianças podem afetar positiva ou negativamente o desenvolvimento”, salienta Kelly.
Atividades como andar, falar, engatinhar, comer, brincar, ler, escrever, ou jogar, estão relacionadas a diferentes, mas interligados, aspectos do desenvolvimento, que pode ser físico, cognitivo e socioemocional. Quando se estabelece vínculos positivos com os adultos cuidadores, na família ou na escola, potencializa o desenvolvimento saudável da criança. Interações sociais adequadas à formação de um bom funcionamento executivo devem incluir, também, incentivo e orientação ao longo do processo de aquisição de autonomia pelas crianças.
Confira a segunda parte desse especial