A SIM-P, ou Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica pode estar associada a Covid-19 em crianças. Doença é perigosa e pode levar ao óbito
Desde os primeiros casos da Coronavírus-Disease-2019, a Covid-19 como ficou conhecida no mundo todo, ainda em dezembro do ano que dá nome a doença, muitas informações foram sendo descobertas.
Cerca de 15 meses depois, em março de 2021, as pesquisadoras Lindsay Thompson e Sonja Rasmussen, da Faculdade de Medicina da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, publicaram um artigo sobre as sequelas que podem ser encontradas na população infantil afetada.
As autoras concordam com a tese de que os pequenos costumam adoecer menos que adultos. Porém, ressaltam que algumas crianças que de fato desenvolveram um quadro infeccioso causado pelo novo coronavírus, ficaram severamente doentes.
Elas explicam que os infantes podem ser contaminados por meio do contato com familiares, bem como de outras pessoas próximas, como professores e amigos da escola.
Outra informação interessante que o artigo sumariza, diz respeito a idade dos indivíduos. Conforme envelhecem, o risco de contrair Covid-19 é maior.
SIM-P – Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediatrica
A mais perigosa sequela que pode ser observada nas crianças é a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica, ou SIM-P, que também é conhecida pelo nome em Inglês, MIS-C.
Segundo Thompson e Rasmussen, as crianças que apresentam esse quadro requerem hospitalização e várias terapias de assistência. Elas afirmam que essa é uma condição que pode aparecer em uma janela de tempo que compreende duas a quatro semanas após a infecção.
A Coordenadora de Atenção à Saúde do Instituto Fernandes Figueira, IFF, entidade ligada a Fiocruz, a pediatra e infectologista, Lívia Almeida de Menezes, comenta que a SIM-P tem sido temporalmente tratada como sequela de Covid-19.
Ela explica apesar de não se saber a origem ao certo, muitos dos casos dessa doença foram em crianças foram infectados pelo novo coronavírus, que tiveram contato próximo com alguém que apresentou diagnóstico positivo.
A médica do IFF conta que a doença pode ser definida como uma grande resposta inflamatória, acontecendo dias ou semanas após a infecção pelo SARS-CoV-2, como é tecnicamente conhecido o novo coronavírus.
“É uma síndrome rara, contudo, grande parte dos casos cursam de forma grave com necessidade de internação em unidade de terapia intensiva e podem evoluir até para o óbito”, cita.
De acordo com informações do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, foram notificados 903 casos confirmados da SIM-P temporalmente associada à Covid-19 em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos.
Desse total, 61 pacientes perderam a vida. Nesse sentido, a letalidade da doença é de 6,8%.
Os números foram obtidos a partir das notificações de casos das secretarias de saúde ao Ministério, por meio de um formulário online. Entretanto, Lívia lembra que as taxas podem estar enviesadas, já que essa condição clínica pode ser subnotificada no Brasil.
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Sinais da SIM-P
A médica pediatra e infectologista do IFF/Fiocruz, relata que a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica , ou SIM-P, afeta diferentes partes do corpo de crianças e adolescentes, como:
- oração;
- Pulmões;
- Rins;
- Cérebro;
- Pele;
- Olhos;
- Órgãos gastrointestinais.
“Em geral, os pacientes apresentam febre e vários outros sintomas, incluindo dor abdominal, vômitos, diarreia, erupção cutânea, olhos vermelhos e prostração acentuada”, enumera.
Órgãos de Saúde emitem notas a respeito
Em maio de 2020, a Sociedade Brasileira de Pediatria, SBP, alertou, em nota, médicos e clínicas em todo país a respeito desse tema.
Entre os sintomas, a entidade relatou que os pacientes, geralmente entre 0 e 19 anos, apresentam:
- Febre persistente, acima de 38.5°C;
- Presença de inflamações pelo corpo;
- Dor abdominal;
- Confusão mental (torpor e coma);
- Conjuntivite não purulenta;
- Tosse;
- Problemas para respirar;
- Inchaços de mãos e pés;
- Náuseas e vômitos.
Quem também emitiu nota sobre o tema foi o Centro de Controle e Prevenção de Doenças norte-americano, o CDC. Eles alertam para os mesmos sintomas e destacam ainda:
- Incapacidade de permanecer acordado;
- Pele, lábios e unhas pálidas, acinzentadas ou azuladas;
- Dores ou pressão no peito que não desaparecem.
O órgão reforça que ainda não se sabe exatamente porque algumas crianças desenvolvem o SIM-P, enquanto a grande maioria não sente os sintomas. E, nem quais outras condições de saúde estão associadas ao aparecimento dessa sequela.
A própria Dra. Lívia foi coautora de um documento sobre essa doença. O material “Covid-19 e Saúde da Criança e do Adolescente”, lançado pelo IFF/Fiocruz, foi elaborado pelos especialistas do instituto.
O objetivo é oferecer informações relevantes que possam afetar de maneira positiva a tomada de decisão de gestores e profissionais de saúde na proteção e cuidado à saúde do público infanto-juvenil.
Cenário é incerto
Mais dúvidas que certezas. É nesse ponto que os conhecimentos a respeito dessa síndrome se encontram agora. Muito pelo pouco tempo desde descoberta sua possível relação com a Covid-19, já que o primeiro caso notificado que levou a essa conclusão é de abril de 2020.
Para a Dra. Lívia Menezes o momento pede cautela. A pediatra entende que questões a respeito das causas, impacto possível e demais fatores de risco devem ser esclarecidas. Também é preciso definir os protocolos de diagnóstico e tratamento.
“Conclusões aceleradas podem trazer respostas equivocadas. Acreditamos que muitos estudos ainda são necessários para seu completo entendimento e domínio”, pondera.
Apesar do desenvolvimento do plano de imunização, o fim da pandemia ainda é difícil de enxergar.
Com o passar do tempo, mais informações devem surgir, principalmente no que diz respeito a relação a infecção do novo Coronavírus e a SIM-P. O que resta, por hora, é manter os cuidados de prevenção.
“O desafio imposto pela Covid-19 promete permanecer entre nós por longo período, apesar dos muitos avanços conquistados até aqui”, finaliza.
Prevenir a Covid-19
Apesar da SIM-P aparecer nas crianças em casos extremos, os cuidados de prevenção são extremamente relevantes. Isso é mais importante ainda mais com a volta ao ensino presencial em alguns locais do Brasil. Nesse sentido, algumas medidas podem ser tomadas pelas crianças e suas famílias, e devem ser incentivadas pelos responsáveis.
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