Com cerca de 1 milhão de casos de dengue em 2024, o Ministério da Saúde estima em 4,2 milhões os diagnósticos da doença apenas neste ano. Diante disso, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) alerta para a infecção em mulheres com câncer de mama.
Isso porque, conforme o mastologista André Mattar, este público corre o risco de desenvolver formas graves da dengue.
Nestas pacientes, a imunidade tende a ser mais baixa e configura fator de risco para o desenvolvimento das formas mais graves da dengue, principalmente entre as que estão em tratamento oncológico. Nós temos hoje uma epidemia de dengue no Brasil. Mas para a SBM, a possibilidade de infecção da doença em mulheres com câncer de mama é motivo de grande preocupação.
Nestas pacientes, o tratamento da dengue, segundo o mastologista, é basicamente direcionado aos sintomas, com melhora da dor, hidratação adequada via oral e mesmo aplicação de soro. “No entanto, há uma atenção redobrada com o grupo que se submete à quimio e à radioterapia”, diz.
TRATAMENTO
Nos dois procedimentos prescritos para o tratamento de câncer de mama, o organismo se ressente com a baixa imunidade. “Nestes casos, o quadro de dengue pode ser mais grave e, eventualmente, temos mesmo que suspender as medidas contra o câncer, algo que não apenas atrasa o tratamento, mas compromete a saúde geral da paciente”, destaca.
Eventualmente, a quimioterapia ataca o fígado da paciente com câncer de mama. “A dengue também tem potencial para afetar as células do órgão e provocar lesões. Os efeitos que advêm da combinação das duas doenças podem ser severos”, alerta o especialista da SBM.
VACINA
Por conter o vírus vivo atenuado, a vacina da dengue é contra-indicada para pessoas imunossuprimidas. “E aqui nós incluímos as pacientes com câncer de mama”, afirma. “Mesmo para o grupo de mulheres que se submete somente à radioterapia, não há a recomendação da vacina”, completa. Conforme o profissional, as mulheres que passam por quimio ou radioterapia devem esperar seis meses após o tratamento para se vacinarem.
O vírus da dengue é transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. Atualmente, há quatro sorotipos diferentes circulando no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença. No entanto, idosos, pessoas com doenças crônicas e mulheres diagnosticadas com câncer de mama têm maior risco de evolução para casos graves da dengue.
Para prevenir, o uso de repelente, especialmente no fim da tarde, quando há maior circulação do mosquito, também é indicado pelo especialista. “Deve-se observar a frequência recomendada para as aplicações e utilizar produtos com pelo menos 20% de icaridina”, diz. Este princípio ativo é eficaz contra mosquitos provenientes de climas úmidos e tropicais.