Em Guarapuava, a Secretaria Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres, através do Centro de Referência de Atendimento à mulher em Situação de Violência (CRAM) promovem de forma gratuita, atendimento social, psicológico e orientação jurídica, para as mulheres saírem da situação de violência
A violência contra a mulher não é somente agressão física. Ela também pode ser psicológica, quando o agressor usa a chantagem; sexual, quando o mesmo realiza relações contra a vontade; moral, onde se pregam xingamentos; e patrimonial, quando há perda de bens materiais.
De acordo com a psicóloga e Coordenadora do CRAM, Camila Grande da Silva Souza (CRP 08/14265), se tratando de violência contra a mulher, Guarapuava é referência no Estado, no atendimento às mulheres em situação de violência. “O município possui pessoas engajadas e que acreditam em políticas públicas para mulheres. Temos serviços especializados para o Enfrentamento da Violência contra a Mulher, oferecendo gratuitamente trabalhos essenciais para as mulheres romperem com o ciclo da violência”, afirma Camila.
Segundo a Secretária Interina de Políticas Públicas para Mulheres Andresa do Amaral, só nos quatro primeiros meses de 2020 a cidade registrou um aumento de 12,8% de boletins de ocorrências decorrente da violência contra a mulher, em comparação com o mesmo período do ano passado. Muitos são os indícios desse aumento pois, com a pandemia, as mulheres estão procurando muito o nosso serviço, já que contamos com o CRAM, que é exclusivamente para atendê-las”, relatou a Secretária.
O CRAM oferece atendimento social, psicológico e orientação jurídica, de forma gratuita, às mulheres em situação de violência e algumas parcerias precisaram ser estabelecidas para que o serviço do órgão atenda de maneira eficaz essas mulheres. “Temos parceria com o 16º Batalhão de Polícia Militar, que nos envia diariamente, através da Patrulha Maria da Penha, os boletins de ocorrências realizados através do 190. Assim, entramos em contato e oferecemos todo o suporte que a mulher necessita. Também recebemos das Varas Criminais da Comarca de Guarapuava, as medidas protetivas de urgência, concedidas às mulheres em situação de violência, onde a Patrulha Maria da Penha realiza o monitoramento e acompanhamento dessas mulheres para verificar se o autor da violência está cumprindo com a determinação judicial e, também contamos com a Delegacia da Mulher, que também faz parte da Rede de Enfrentamento à Violência contra a Mulher existente e atuante no Município, assim como vários outros serviços”, relata Camila.
Liberte-se do agressor: procure ajuda!
Muitas vezes, vemos pessoas julgando o comportamento de mulheres. Porém, só a mulher pode relatar com exatidão o que passou ou tem passado ao lado do agressor. Por isso, a melhor maneira é procurar ajuda. “As mulheres vítimas de violência precisam ter conhecimento de que elas não estão sozinhas, que possuem equipamentos dispostos e especializados para auxiliá-las no enfrentamento da violência, serviços como o nosso, que são preparados para acolher de uma forma humanizada dando o total apoio e suporte para que se sintam seguras e amparadas”, afirma a psicóloga.
Outro fato que merece destaque é que não é fácil para a mulher romper com o ciclo de violência, pois em várias situações ela é impedida como por exemplo, a dependência financeira que se origina por meio da violência psicológica, a dependência emocional pois o autor da violência doméstica não é um estranho e sim uma pessoa com quem a mulher possui uma relação íntima de afeto, como o marido, ex-marido, noivo, namorado, pai, irmão, filho e outros.
O medo de sofrer violência torna-se ainda maior. “Pesquisas comprovam que o risco de feminicídio durante o processo de separação é maior, por isso, vemos a importância da mulher em situação de violência estar assistida por algum serviço especializado, que possa lhe dar todo o auxílio necessário para que ela rompa o ciclo com segurança”, salienta Camila.
A importância do papel da família
A família precisa ser o ponto de apoio, a base de mulheres que passam por violência. “Muitas vezes, é a família que toma a iniciativa, que vem com a mulher, que ampara ela em outras cidades. As famílias encontram a nossa página e buscam ajuda e por isso, nós temos todo um cuidado na abordagem que fazemos, para que a gente chegue na mulher sem ela entender que estamos invadindo ou a expondo diante do companheiro, sempre fazemos isso de uma maneira muito tranquila e sigilosa”, afirma Andresa.
A rede de apoio, ou seja, filhos, pais, mães, sogros, amigos, vizinhos e outros podem e devem auxiliar no ato da denúncia. “Os filhos, juntamente com as mães, podem esquematizar um plano de segurança para quando ocorrer episódios de violência, combinando um sinal um com o outro, ou até mesmo com os vizinhos, para que auxiliem no momento da violência”, ressalta a psicóloga.
Casa Abrigo
A Casa Abrigo foi fundada em 2015 e é um serviço de abrigamento temporário, destinado as mulheres, a partir de 18 anos, que se encontram em risco iminente de morte, decorrente da violência doméstica, acompanhadas ou não de seus filhos menores de idade.
“O abrigo é sigiloso e conta com segurança 24 horas. As mulheres têm acompanhamento jurídico, psicológico, profissionalizante e social até o momento de poderem ser reinseridas na cidade sem riscos de serem assassinadas”, afirma a Secretária. De acordo com a Psicóloga e Coordenadora do CRAM, graças a Casa Abrigo, foi possível reduzir 52,4% o número de feminicídios na região de Guarapuava.
Outra opção para estas, é o contato com família ou parentes que moram em outras cidades ou estados. Se a família quiser e tiver condições de ajudar essa mulher, a Secretaria fornece a passagem ou deixa a mulher no destino que seja seguro e garanta condições dignas para viver.
Projeto “Lei Maria da Penha nas Escolas”
Uma das máximas sobre a violência contra a mulher é que a partir da educação é possível mudar esse tipo de cenário. Foi assim que o projeto “Lei Maria da Penha nas Escolas” foi criado.
O projeto foi uma iniciativa da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres, desenvolvido em parceria com a Unicentro, Nunape e o Centro Universitário Campo Real, com o objetivo de sensibilizar a comunidade escolar no combate à violência. Dividido em três etapas, visa através de conceitos como a igualdade e equidade mostrar que juntos é possível combater e prevenir a violência contra a mulher. Até o momento, o projeto está nos bairros com maiores índices de violência na cidade. “Em um ano, foram atendidos 156 pais e responsáveis em círculos restaurativos realizados pela equipe, 253 alunos nas oficinas e 86 servidores pedagógicos.
Em briga de marido e mulher, meta a colher sim!
Se você conhece alguém que passa por isso, ouviu ou presenciou algum tipo de violência, entre em contato com o CRAM – Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, o serviço funciona em horário comercial das 8hs às 17hs de Segunda à Sexta-Feira. Atualmente devido a pandemia do Covid-19, o órgão está atendendo em horário diferenciado, atendimento presencial das 13 às 17h, e atendimentos remotos como orientações jurídicas, encaminhamentos sociais e atendimentos psicológicos via telefone, das 8h às 17h de Segunda à Sexta-feira.
A Delegacia da Mulher está atendendo das 14h às 17h e o Poder Judiciário tem expedido as medidas protetivas em 24 horas.
Os demais atendimentos e dúvidas podem ser feitos no CRAM pelo telefone (42) 98405-6206 ou presencialmente no endereço na Av. Moacir Júlio Silvestri, 1545 (Anexo a Secretaria da Mulher).
Em caso de emergências, também estão disponíveis os números 190, da Polícia Militar, 193 da Delegacia da Mulher e o 180 Central de Atendimento à Mulher.