O humor de quem sofre esse mal se alterna entre alegria extrema à tristeza absoluta. Conheça os sintomas e tratamentos existentes
Primeiro vem a tristeza, a angústia, o desânimo, a falta de vontade de se levantar da cama. Depois vem a animação, extrema autoconfiança, vontade de fazer mil coisas ao mesmo tempo. A primeira impressão é que essas sensações são de duas pessoas, uma depressiva, outra eufórica. Mas, na verdade, trata-se da mesma pessoa: alguém que sofre de transtorno bipolar, doença psiquiátrica que hoje, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge cerca de 3% da população mundial. O humor de quem sofre desse mal se alterna entre dois polos: da euforia extrema à tristeza absoluta, e é daí que vem esse nome.
Segundo a psiquiatra Marine Pereira, o transtorno bipolar é um transtorno mental e comportamental pertencente ao grupo dos transtornos de humor, caracterizado por alterações de humor que se manifestam como episódios depressivos alternando-se com episódios de euforia (também denominados de mania), em diversos graus de intensidade, diferentemente dos altos e baixos normais pelos quais passam todas as pessoas. “Os episódios de depressão e de mania surgem de forma cíclica, na maioria das vezes, ou de forma mista”, explica a médica.
Montanha russa de emoções
Os sintomas de transtorno bipolar costumam variar de pessoa para pessoa. Para alguns, os picos de depressão são os que causam os maiores problemas. Para outros, a preocupação é maior durante os picos de mania (euforia). A psiquiatra listou os principais sinais do transtorno bipolar. São eles:
Fase de depressão
- Humor deprimido;
- Perda do prazer em atividades do dia a dia e nas atividades de lazer;
- Alteração de peso e de sono;
- Agitação ou retardo psicomotor;
- Cansaço e perda de energia;
- Sentimentos de inutilidade e de culpa;
- Diminuição da concentração;
- Pensamentos de morte.
Fase de euforia
- Humor elevado, expansível ou irritável;
- Autoestima elevada;
- Sentimento de grandiosidade
- Aumento da energia, da necessidade de falar, e pensamento acelerado;
- Distratibilidade;
- Gastos excessivos;
- Indiscrições sexuais;
- Investimentos financeiros insensatos.
Causas
A causa exata do transtorno bipolar ainda é desconhecida, mas a ciência acredita que diversos fatores possam estar envolvidos nas oscilações de humor provocadas pela doença. De acordo com Marine, o que se sabe é que existem múltiplos fatores etiológicos envolvidos na causa da doença, como fatores ambientais e de personalidade em indivíduos biologicamente vulneráveis.
Além disso, existe uma tendência de que, em uma mesma família, haja várias pessoas com diagnóstico da doença, o que sugere uma grande participação genética nesse transtorno. Entretanto, ainda não há comprovações científicas. “Podemos dizer então que o transtorno não tem causa apenas hereditária ou psicológica. Ele pode ser uma combinação delas”, explica a médica.
Medicamentos e terapia são o caminho para uma vida normal
Assim como uma série de outras doenças, o transtorno bipolar não tem cura, mas tem controle. É como ter hipertensão ou diabetes: a doença continua ali, mas o paciente aprende a reconhecer sinais, controlar e conviver com ela, enquanto leva uma vida normal. Conforme a psiquiatra, o tratamento do transtorno bipolar consiste basicamente em avaliação e tratamento psiquiátrico com uso de medicação.
De acordo com a profissional, a medicação deve estar aliada com a psicoterapia, que tem um papel muito importante no reconhecimento da doença pelo próprio paciente. “A psicoterapia ajuda a pessoa a entender que tem uma doença e a aceitar o tratamento, para que se possa então evitar novos episódios de depressão ou de mania”, acentua.
Por Camila Neumann