No dia 1º de abril se comemora o dia da mentira, mas atos como este merecem comemoração? 200 mentiras por dia é a quantidade média que mentimos, segundo um estudo realizado em 1997 na Universidade da Califórnia do Sul, nos Estados Unidos. Perante tais informações surgem dúvidas: omitir informações é o mesmo que mentir? Tais comportamentos podem ser saudáveis em certas situações? E quando o “único” caminho é mentir para não magoar alguém?
Segundo a psicóloga Egleide M. de Melo, mentir é não cumprir com a palavra, é enganar, iludir e ludibriar, entrando no mesmo perfil e causando os mesmos resultados que a omissão de informações. “A mentira, uma afirmação contrária à verdade, é a afirmação de algo que se sabe ou suspeita ser falso ou enganador. Também podemos entender como negar o conhecimento sobre alguma coisa que é verdadeira. Muitas vezes ela acontece por medo da verdade, por algo que gera incômodo”, explica.
Em casos mais extremos, a mentira pode ser considerada um transtorno que deve ser tratado, refletindo frustrações e medos do paciente que as realiza. “Mentir de maneira exagerada ou de forma compulsiva como dizemos “fulano mente que não se sente” pode ser um sinal de um transtorno psicológico chamado de Mitomania. O mitomaníaco usa a mentira para sentir-se mais aliviado, e esta vem para mascarar suas angústias”, conta a psicóloga.
A mentira pode ser aceitável?
A psicóloga explica que em algumas situações a omissão está intrínseca e não se torna prejudicial, como em atuações de peças de teatro, cinema ou novela. Em situações sociais, as pessoas costumam omitir a respeito de uma situação embaraçosa para não gerar constrangimento, como, por exemplo, quando durante uma confraternização é servido um prato do qual não gostam, ao ser interpelados, diz que estava saboroso. “Em contrapartida a mentira geralmente tem um impacto nocivo, prejudicial, perigoso para os envolvidos e o sentimento de traição se eleva com muita facilidade. Neste caso se faz necessário identificar a situação geradora da mentira o mais rápido possível, para que os danos possam ser minorados”, alerta Egleide.
Muitas controvérsias surgem quando o assunto é omitir informações no relacionamento, e de acordo com a psicóloga, este é mesmo um assunto muito polêmico. “Alguns ingredientes são importantes para que uma relação possa acontecer com confiança, cumplicidade, companheirismo, amizade, comunicação, entre outros. Em se tratando de relação de casal, todos esses ingredientes são bem importantes e ainda podemos acrescentar o amor, sexo e algo em comum (os filhos ou projetos de vida)”, diz a psicóloga, que alerta: “existe um jargão popular do qual fala: “a mentira tem perna curta”, o qual entendemos que mais cedo ou mais tarde, a mentira será descoberta, e é o que geralmente acaba acontecendo”.
“Em minha prática terapêutica, observo muitas dificuldades quando a mentira permeia as relações. Percebe-se que a base mais sólida das relações é a confiança, e quando a mentira entra em cena o que contracena é a perda da confiança e a base das relações perde sua força. As pessoas ficam indo e vindo em meio a confiança e desconfiança, sentem-se enganados, decepcionados, esses sentimentos geram muito estresse. Precisa-se muita disposição e investimento na relação para que as partes possam seguir em frentes. Geralmente as pessoas ficam traumatizadas e carregam por toda a vida esses traumas”, revela.
Fique atento aos sinais
Existem algumas maneiras através do comportamento não verbal que pode revelar que estamos pregando uma mentira. Os estudos revelam que é muito mais fácil mentirmos com as palavras do que com as expressões faciais, posturas e gestos. No dia a dia quando expressamos algo não nos preocupamos com os sinais comportamentais não verbais que emitimos.