Bairros planejados e smart cities: elementos relacionados a moradia e o cotidiano podem ter impacto direto no bem-estar e qualidade de vida
Chega um momento da vida que é hora de deixar o ninho. Como na letra da famosa composição de Joel Marques, “No dia que eu saí de casa”, música famosa nas vozes de Zezé di Camargo e Luciano, “O filho vira passarinho e quer voar”.
Deixando de lado as metáforas relacionadas a aves, esse é só mais um fato que leva pessoas a busca por recolocação residencial. Entretanto, a escolha pelo novo lar não pode ser feita de maneira leviana, já que isso tem impacto importante para as pessoas.
Quem está passando por esse processo atualmente é a psicóloga Caroline Minski, de 27 anos. Apesar de não ter problemas em morar com a família atualmente, ela busca por espaço próprio, onde reencontre mais privacidade, como quando dividia casa com o ex-namorado. Desde que começou as buscas, no começo de 2021, ela tem mirado em um apartamento, com cerca 50 ou 60 metros quadrados, espaço que considera ser suficiente para ela e sua cachorrinha.
Entre os filtros que definiu para escolher seu novo endereço, um é extremamente importante. “O bairro ideal para mim ter que ser perto do meu trabalho e do estúdio de dança que frequento. Que tenha uma distância boa entre as atividades que eu tenho que fazer no dia a dia”, conta. Outros aspectos que a jovem considera estão a segurança e o acesso a serviços essenciais, como mercados e farmácias.
O arquiteto Guilherme Marcondes do Espírito Santo (CAU A167242-8) cita os elementos que Caroline procura em seu novo bairro entre os indicadores que medem a qualidade de vida dos indivíduos de acordo com os estudos de Urbanismo.
Algumas variáveis que pesam nessa equação são quanto o local em que as pessoas moram oferece serviços de:
- saúde;
- ambientais;
- comerciais;
- culturais;
- educacionais;
Outro ponto bastante impactante é o quanto a mobilidade urbana é facilitada.
“Acredita-se que quanto menor for o deslocamento de uma pessoa para realizar as tarefas diárias, ou extraordinárias, maior a possibilidade de ela ter uma qualidade de vida melhor, pode não parecer, mas o local em que se mora está relacionado diretamente nestas atividades rotineiras”, esclarece Guilherme.
Como fazer a escolha certa
Além da distância entre os afazeres e serviços, alguns outros pontos podem ser pensados para considerar a qualidade de vida. Observar se os cuidados com meio ambiente são aplicados através de saneamento básico, coleta de lixo e limpeza urbana, podem ajudar a evitar doenças, por exemplo.
Além disso, o acesso a espaços que promovam a socialização dos moradores deve ser contabilizado. Praças e parques próximos ajudam a ter uma vida mais ativa. Isso promove a saúde em geral, evitando doenças relacionadas ao sedentarismo. “Um conceito interessante a se ter em mente é que se o bairro é convidativo a se andar a pé ou de bicicleta. Certamente será um local que proporcionará qualidade de vida ao morador”, ensina o profissional.
Pensar em cidades e bairros para as pessoas e não para os carros. É isso que o arquiteto enxerga como crucial para fazer a vida dos moradores melhor. Ele conta que municípios considerados referências no assunto são as que possuem ruas chamativas para a caminhada, que possuem comércio voltado à rua, que tem um cuidado com os espaços públicos. “Lugares que promovem o sentimento de pertencimento ao ambiente, são cidades feitas para a escala das pessoas”, finaliza.
Bairros Planejados e Smart Cities
Novidades no urbanismo, os dois temas podem ajudar a promover uma vida melhor para seus moradores. Isso é o que conta o arquiteto Guilherme Marcondes do Espírito Santo.
“O conceito de bairros planejados é de se criar unidades autossuficientes em uma determinada região. Nesses bairros planejados procura-se promover, além dos locais destinados à moradia, também os equipamentos de saúde, de segurança, de comércio, de socialização, de educação e de sustentabilidade. O intuito é reduzir distâncias entre serviços e usuários, sem perder a conexão com o restante da cidade”.
“Já o conceito de smart cities parte do advento da tecnologia. Elas utilizam os sistemas de informação para promover a qualidade de vida urbana através da análise de dados coletados. A partir disso, vão se propondo melhorias nos processos de uma cidade. E esses processos passam também pelos mesmos serviços dos bairros planejados”.
“Morar em bairros e cidades que aplicam estes conceitos proporciona uma qualidade de vida maior. Isso se dá na medida que o ambiente urbano se torna muito mais acessível, sustentável ambientalmente e seguro. Lembrando que são conceitos diferentes, mas que podem se complementar”.