Em decorrência da pandemia, o distanciamento social é a prática mais segura de evitar o contágio. Várias escolas, universidades e empresas aderiram ao home office e as aulas online. Veremos que a prática de exercícios físicos também pode ser feita em casa!

Que a prática de exercícios físicos regulares é responsável pela boa saúde física e até mesmo mental todo mundo já sabe! Mas para sabermos como introduzir esta prática em nossa vida diária no conforto de nossa casa, precisamos entender alguns fatores importantes, que podem te ajudar a começar a praticar! 

Um fato interesse é que existe uma diferença entre atividade física e exercícios físicos. De acordo com a fisioterapeuta Joana A. Klosovski Likes (CREFITO 146173-F), a atividade física nada mais é do que movimento corporal, com ação básica de movimentar o corpo para que possa exercer suas atividades de vida diária de forma funcional. O movimento está presente no corpo em 100% do tempo, muitas vezes quase que inconscientes, como se fosse programado para exercer determinadas tarefas, é como se ele estivesse operando em “piloto automático”, realizando atividades como andar, puxar, empurrar e agachar. 

Para otimizarmos estes movimentos do corpo, ou seja, condicioná-los, precisamos de estímulos que vão além do movimento básico e simples da vida diária. Precisamos de exercícios físicos, que são atividades específicas que proporcionam maior precisão e aptidão física, como Pilates, musculação, artes marciais e outros. 

“Infelizmente, quando falamos em condicionamento, a primeira coisa que vem na mente das pessoas é apenas a questão do desempenho muscular, ou seja, pensamos em força, potência e resistência. Claro que são variáveis importantes para todo o conjunto final sobre aptidão física. Mas não são as únicas. Falar sobre condicionamento físico vai muito além do desempenho muscular. Precisamos pontuar variáveis como: desempenho cardiorrespiratório, mobilidade global funcional, controle postural e equilíbrio, percepção e consciência corporal, controle muscular e mental”, ressalta a fisioterapeuta.

Neste momento de isolamento domiciliar, onde toda uma rotina mudou, em todos os setores: profissional, social e familiar, comprometer-se com o próprio corpo está cada vez mais difícil. O termo “dor nas costas” foi o mais pesquisado no país nos últimos meses de acordo com o Google e cada vez mais ouvimos as desculpas “em casa é difícil pois surge uma coisa aqui e outra ali” ou “não tem ninguém para nos cobrar” ou  “são poucas as opções de exercícios e é entediante”. 

Durante a primeira grande guerra mundial, um visionário chamado Joseph Pilates foi preso em um campo de concentração britânico, e lá conseguiu desenvolver uma maneira de restaurar e promover a integridade física de seus companheiros de prisão, isolados em um lugar onde não havia nenhum recurso físico e em uma época onde não existiam recursos nem conhecimento suficientes, ele utilizou-se de toda sua imaginação, se recorrendo por exemplo às camas e suas molas e estruturas (que posteriormente deram origem ao famoso aparelho Cadillac) e assim criar um sistema de exercícios. 

Joseph Pilates, o criador do método Pilates, não deu seu sobrenome à sua criação e ao seu conjunto de exercícios, e sim de contrologia. “Muitos pensam de forma bastante equivocada, que Pilates é um conjunto de exercícios pré-estabelecidos que visam apenas o alongamento. Errado! Joseph Pilates definia contrologia como a arte de controlar e obter o equilíbrio entre corpo, mente e espírito e enxergar o corpo humano em sua totalidade. Para isso, ele seguia princípios básicos que devem ser feitos à risca durante os exercícios para que ocorra esta conexão entre mente e corpo: controle, concentração, respiração, contração do Core, fluidez e precisão”, destaca Joana.

Quando aplicamos todos os princípios do Pilates em um determinado movimento, o simples levantar-se da cama passa a ser Pilates. “Podemos realizar Pilates em qualquer lugar, e isso não sou eu quem está falando, Joseph disse que podemos obter todos os benefícios do Pilates em nossa própria casa, sem aparelhos ou estúdios”, afirma a profissional destacando que é possível sim fazer atividades em casa.

Conecte seu corpo e sua mente

O criador do método Pilates afirma que “é preciso estar presente, concentrado e não distraído. É a mente que esculpe o corpo”. Por isso, é impossível querermos realizar alguma atividade física em casa, se antes não aprendermos a realizar esta conexão entre corpo e mente, de termos comprometimento. “Esta é a palavra certa, antes de mais nada, as pessoas precisam parar de se sabotar e de culpar uma segunda pessoa que precisaria estar ali presente de forma física para ‘cobrá-la’ de realizar os exercícios. Quem melhor que nós mesmos para nos cobrar sobre a saúde do nosso corpo?”, questiona-se Joana. 

Dessa forma, é preciso movimentar primeiro a mente, conectando-se, pois segundo Joana, quando começamos a trabalhar esta conexão, conseguimos realizar uma leitura de nosso corpo. “Você já fez esta leitura do seu corpo? Qual seu ponto fraco? E seu ponto forte? Suas maiores dificuldades e facilidades e seus maiores medos em relação ao corpo? Quando começamos a fazer esta leitura, conseguimos desenvolver uma via de conexão, para que a mente comece a dominar o corpo”, diz.

Mexa-se! 

São vários tipos de exercícios que podem ser realizados em casa sem a necessidade de acessórios específicos, como exercícios funcionais e Pilates. Para realizá-los, muitas são as possibilidades, basta utilizarmos a criatividade e bom senso, pois existem muitas pessoas que se machucam ao realizar atividades de forma errada. Estes acessórios são muito versáteis e foram bem aceitos, como a cadeira, uma bola de plástico, um cabo de vassoura, um tecido que deslize no chão, garrafas de todos os tamanhos cheias de água para formar pesos com diferentes resistências, cordas, acessórios domésticos que servem como obstáculos, um giz de quadro e outros. 

Foi seguindo as recomendações da fisioterapeuta a aluna S.A. e seu esposo continuaram as atividades que já desenvolviam na clínica, só que agora em casa. “Nesse período, ficamos muito tempo parados e sabemos que precisamos exercitar o nosso corpo, estávamos sentindo falta do exercício físico. Sabemos também da limitação que essa pandemia nos passou e da falta do convívio social. Mas, com o auxílio da nossa fisioterapeuta estamos desenvolvendo as atividades duas vezes na semana, da forma que fazíamos anteriormente na clínica, só que hoje, através dos vídeos estamos conseguindo manter a atividade física”, afirma a aluna. 

Para Joana, praticar Pilates não há contraindicação, podendo ser realizado por todas as faixas etárias (desde que seja possível o conhecimento e consciência dos princípios). Independentemente do tipo de exercício realizado em casa, estar amparando de um profissional qualificado, mesmo que a distância, faz total diferença para aquelas pessoas que possuem limitações em decorrência de lesões ou dores, por isso a importância de a pessoa já ter passado por uma avaliação presencial. 

A aluna relata que algumas atividades, mesmo feitas em casa, utilizam equipamentos emprestados da clínica, além de alguns objetos domésticos, porém, usados de maneira responsável e sob a orientação do profissional qualificado. “Conseguimos desenvolver as atividades bem e não pensamos de maneira nenhuma em parar”, destaca a praticante. 

Vemos que nos dias de hoje existe a necessidade de adaptação também da parte dos profissionais de saúde, como é o caso de Joana, que é fisioterapeuta. Vários profissionais estão prestando atendimentos online. “Tenho pacientes que realizam o atendimento em tempo real de forma sincronizada e outros por métodos assíncronos. Meus pacientes encontram-se com o Kit de Pilates em casa e assim vão alternando os acessórios domiciliares com os de Pilates, para ter dinamismo nas sessões, fazendo com que se comprometam mais com os exercícios”, avalia Joana.

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