Com todas as mudanças que vêm ocorrendo, a psicóloga, terapeuta em EMDR e em terapia sistêmica Tania da Silva (CRP 08/05291) dá algumas dicas de como superar essa fase e os problemas relacionados a ansiedade

De uma hora para outra, repentinamente o mundo viu-se diante de uma grande tempestade. Uma tempestade que caiu sobre todos nós, limitando nossas liberdades, trazendo medos e incertezas. Os novos desafios impostos pelo confinamento se fazem presentes em nosso cotidiano, nos bombardeando diariamente de notícias, números, estatísticas, fórmulas de proteção e cura.

A pandemia do coronavírus tomou rapidamente nossas vidas, trazendo ou potencializando emoções e comportamentos como aumento de ansiedade, depressão, irritabilidade e desânimo. Muitos vivenciando a perda de suas rendas, doença e morte de parentes e amigos, convívio muito intenso com os filhos, distanciamento familiar, além de assumir ofícios talvez nunca vistos como organização e limpeza da casa, tarefas escolares e cuidado com os filhos, preparo de refeições, domínio das tecnologias digitais (lives e vídeo aulas).

De acordo com a psicóloga, toda essa avalanche de situações faz com que nossas “janelas de tolerância emocional” fiquem abaladas, trazendo cargas de estresse cada vez maiores, com risco para os conflitos interpessoais. Pode ser que estejamos mais ativados pessoalmente com essa situação, podendo ocasionar estresse pós-traumático (reações exageradas a algum estímulo, pesadelos, flashbacks, ansiedade e humor depressivo). Mesmo que estejam há anos juntos e que tenham experimentado várias crises e riscos, este período da pandemia, se mostra um desafio diferente, que põe à prova nossos níveis de tolerância e compreensão.

A crise traz uma série de situações que põem em jogo nossas relações pessoais, sejam elas entre amigos, entre parentes, entre colegas de trabalho e principalmente entre casais. “É preciso que o casal desenvolva estratégias para sobreviver a tempestade, fortalecer seus ‘barcos’ perante este mar revolto de incertezas”.

Preservar as rotinas do casal é um bom começo. Aquele horário que almoçam juntos ou compartilhar um café, por exemplo. Cozinhar juntos, preparar uma nova receita, assistir televisão. A conexão de ambos deve ser fortalecida, com atividades comuns e diálogo onde possam exprimir suas ansiedades e medos perante as novas demandas advindas da pandemia.  O espaço do casal precisa ser preservado para se manter a conexão e o sentimento de pertencimento, isso possibilita uma sensação de segurança gerando uma tranquilidade e assim, o estresse não se instala. O casal precisa ser âncora um para o outro.

Autoestima

Cuidar da autoestima, não esquecer dos cuidados com o corpo, isso para ambos os sexos, não relaxando com o visual. Dosar de forma satisfatória o isolamento físico bem como o uso das ferramentas digitais, possibilitando um melhor diálogo entre o casal.

Quando o estresse do casal está alto, gerando discussões frequentes, um ou o outro tendo dúvida com relação ao futuro desse casamento, onde não sentem que estão somando, talvez seja o momento de buscar ajuda profissional em uma psicoterapia de casal para poder trabalhar os traumas pessoais e os que foram gerados ao longo do convívio em comum, pois essas questões paralisam o casal, o estranhamento e o distanciamento pode se instalar. “A psicoterapia de casal tem o objetivo de retomar uma nova conexão e uma adaptação as mudanças que cada um fez ao longo da vida”, afirma Tania.

Também é essencial, planejar algo para depois do período pandêmico, não importa o tamanho do plano. Seja uma viagem, a aquisição de um bem ou outro.  A pandemia se mostra como uma grande tempestade. Uma tempestade que atinge a todos, sem exceções. Cada um de nós representa um barco para enfrentar este mar revolto. Porém, os barcos não são iguais. Existem os mais preparados para as tempestades, melhor orientados, com seus botes salva vidas, com maior resistência às intempéries oceânicas.

“Dessa forma, precisamos estruturar nossos barcos, realizar os planos de navegação, estarmos atentos na proa visualizando o que vem à frente, sejam icebergs, sejam tempestades, no aguardo final de encontrarmos pela frente praias mais calmas”, ressalta a psicóloga.

DEIXE SEU COMENTÁRIO

Por favor deixe seu comentário!
Por favor informe seu nome