Marionita Gonçalves Dias é uma empreendedora, psicóloga, mãe, esposa e sobretudo, um ser humano, que assim como muitas pessoas passou por situações que a fizeram olhar para a realidade e encará-la
Há alguns meses, na edição 106ª, nós te contamos a história da psicóloga e empreendedora Marionita Gonçalves Dias, que com o seu espaço – o Marionita Beleza e Bem-Estar vem se tornando destaque em Guarapuava. Mas, nessa edição, vamos falar também de superação, já que a Marionita passou por uma série de questões que iniciaram ainda na infância e, somente com diagnóstico e tratamento corretos, conseguiu passar por cima dos conflitos.
Quem conhece a Marionita, deve saber do que vamos falar. Uma mulher autêntica, de sorriso fácil, que encanta e motiva as pessoas ao seu redor. Mãe, esposa, empreendedora e, acima de tudo, mulher. Ela abriu o seu coração, compartilhando a sua história com a gente. Por um momento, deixe de lado o trabalho que ela realiza e se concentre em conhecer a mulher Marionita, cheia de peculiaridades e uma grande inspiração para outras tantas.
Ainda criança, em Minas Gerais, Marionita desenvolveu uma estrutura ansiogênica, ou seja, que causa sofrimento pela expectativa de que algo inesperado ou perigoso aconteça, além de possuir um déficit de atenção, o qual não tinha conhecimento. Segundo ela, na época, não era comum buscar diagnóstico médico, pois isso era julgado como preguiça, distração, desinteresse e ainda mais no caso dela, com uma origem humilde. Sem ser compreendida, criou estratégias para lidar com toda essa carga sozinha.
Na adolescência, surgiram crises de ansiedade, as quais se tornaram frequentes. Junto delas, veio a insatisfação com o próprio corpo. Assim, a jovem foi parar pela primeira vez em um acompanhamento psicológico, o qual a ajudou a atenuar as crises, além de aprender a conviver com as críticas. “Lembro de escutar de uma professora que eu nunca seria nada, outra que me comparava o tempo todo com os meus irmãos, chamando-me de decepção. Isso marcou muito a minha autoestima, me sentia incompreendida e, por isso, só sabia chorar”, conta Marionita.
Com apenas 12 anos, começou a trabalhar e foi assim que descobriu o seu amor e talento com a psicologia. Porém, a vida da jovem que já não era fácil, se tornou ainda mais difícil com a ausência da mãe, que faleceu. Foi então que se mudou para Montes Claros – cidade do norte de Minas Gerais e lá, passou a trabalhar e estudar muito, almejando entrar na faculdade.
Marionita foi se destacando por sua agilidade na execução das tarefas, porém, em alguns momentos, levava advertências por uma distração ou outra, já que suas estratégias para conviver com o déficit nem sempre funcionavam. Ao entrar para a faculdade, Marionita viveu uma fase ainda mais delicada: se distraia e se perdia em devaneios, além de conviver com a ansiedade. Passou a ser humilhada e por vezes, respondia de forma ríspida. “Lembro que quando procurei um programa de ajuda psicológica da faculdade, a psicóloga que me atendeu (era uma das minhas professoras) me aconselhou a desistir do curso, falou que eu não levava jeito, fez questão de ser cruel. Depois daquele dia, eu vomitava todos os dias antes de ir para a faculdade de tão difícil que era para mim”, relata.
Mas, Marionita não é mulher de desistir fácil de seus sonhos não é mesmo? Dê a ela um limão, que a limonada é certa! No meio do curso, conseguiu uma transferência para outra faculdade e, foi lá que as coisas realmente mudaram, graças as amizades que a apoiaram. Nessa faculdade conheceu uma colega que a indicou uma psicóloga sistêmica e então, iniciou uma terapia considerada por ela o grande norte em sua vida.
A partir disso, passou a dedicar-se ao esporte, que lhe ajudou a trabalhar com a ansiedade e a concentração. A terapia sistêmica deu tão certo que Marionita fez até pós-graduação no tema e não parou mais de estudar sobre o assunto.
Outra grande mudança na vida dela foi morar em Guarapuava, já que no mesmo período, continuou indo para Belo Horizonte para fazer terapia. Após o término da faculdade, passou a ser atendida por Reges Chagas, o qual entendeu de fato o que ela sofria, a incentivou a buscar ajuda médica, especialmente pela falta de diagnóstico adequado, que afetou tanto a saúde física quanto a mental de Marionita. Com sintomas fortes de depressão, a cada dia que passava, as crises eram ainda piores.
Foi difícil para Marionita aceitar que existiam questões fisiológicas que precisavam de intervenção e, por isso, o acompanhamento médico era tão fundamental. Quando aceitou ajuda, já estava no fundo do poço onde nenhuma estratégia para lidar com o déficit funcionava mais e com os sintomas depressivos fortes.
Nessa fase, ela já era mãe e empreendedora. Ao ir tão longe, criou uma falsa ilusão de que iria dar conta, mas, na verdade, só piorou sua saúde, ficando ainda mais debilitada. Entretanto, como uma fênix, Marionita renasceu graças ao amor pelos filhos. Foi deles que extraiu forças para aceitar que precisava de ajuda médica. “Por um acaso eu conheci uma psiquiatra que foi certeira no meu caso, ganhei muita qualidade de vida com a medicação, a ideia que eu tinha sobre medicação também mudou! A terapia e o acompanhamento médico precisam andar juntos, principalmente em casos graves”, afirma.
Mesmo sem cura da TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada) e do déficit de atenção, Marionita faz o tratamento e afirma que jamais desistirá, por ela, pelo marido e pelos filhos! O amor e garra que essa mulher tem pela família são inexplicáveis. O mesmo amor eles têm por ela. A família é muito importante para todas as pessoas, que passam pela mesma situação. Apegue-se nas pessoas que mais ama! No caso de Marionita, o marido foi o seu porto seguro, assim como ela é o dele, que também tem suas lutas. Já sua irmã mais velha foi o seu aconchego e os seus colaboradores e funcionários seus grandes parceiros.
Se ela não se sente bem, o melhor remédio é olhar para os filhos e lembrar do quanto precisa lutar, pois se não estiver bem, eles também não estarão. Após ter vivido tudo isso, Marionita aprendeu com a doença que não precisamos dar conta de tudo, não precisamos ser os melhores em tudo. Precisamos de ajuda e entender que é possível melhorar! Além disso, respeitar os processos, adaptar a medicação ou até mesmo a terapia (que não acontecem tão rápido). O terapeuta tem as ferramentas, mas quem colocou elas para funcionar foi Marionita.
Assim como a Marionita, deixe de lado coisas que você faz apenas para ser aceito (a), priorize realmente o que lhe dá prazer. Essa mulher, que como já dissemos é forte, realizou desejos de quando era criança, como dançar, fazer aulas de tango, balé clássico como sempre sonhou, mas achava que era tarde demais para aprender. “Hoje, eu sei que não é tarde demais para nada!”, diz.
“Eu estou aqui para dizer que não é fácil aceitar uma doença psíquica e que após a aceitação e a busca por ajuda é possível ter qualidade de vida, sempre respeitando o nosso próprio tempo e nos momentos que precisamos nos recolher”, salienta.
Mesmo com uma história marcada por tantos problemas, Marionita se preocupa com o próximo. Em meio a pandemia, uma de suas maiores preocupações foram as questões emocionais que envolvem os impactos de uma quarentena e, em parceria com uma psicóloga que mora no Canadá, passou a disponibilizar terapia on-line com um valor simbólico de um quilo de alimento não perecível para quem precisa. Essa mulher é realmente uma caixa de surpresas não é mesmo? Com uma história dessas, precisamos entender que buscar ajuda é essencial! Por isso, apegue-se na história da Marionita e supere-se!