Esse hábito pode estar ligado à ansiedade, baixa autoestima ou excesso de perfeccionismo
Procrastinar é o hábito de adiar constantemente a realização de algo, que pode ser uma tarefa, responsabilidade ou compromisso pessoal ou profissional. Isso está comumente associado a culpa, levando a um sofrimento psicológico. “É como se a mente do procrastinador funcionasse mais ou menos assim: por que fazer hoje o que eu posso deixar para amanhã ou depois?”, explica a psicóloga Jéssica Belo (CRP 08/25371).
A psicóloga afirma que esse comportamento envolve um “conforto temporário” por não realizar determinada tarefa que a pessoa não queria naquele momento. “Porém, é apenas temporário, porque quem adia constantemente suas tarefas, acaba se deparando com alto nível de estresse e sensação de culpa por não ter feito suas atividades antes delas ficarem ainda maiores”, comenta.
Existem diversas causas para uma pessoa criar o hábito de procrastinar, uma delas é o excesso de perfeccionismo, ou seja, quando a pessoa duvida da sua capacidade de fazer as coisas de maneira perfeita e, por isso, opta por não tentar. Esse comportamento também pode estar ligado à falta de organização e planejamento. “Às vezes, a pessoa até vence o desconforto e começa, mas quando percebe, ela para no meio do caminho por conta de distrações, problemas ou outras coisas”, ressalta Jéssica.
Contudo, não devemos confundir procrastinação com preguiça. “O procrastinador está sempre deixando suas tarefas para depois, mas em algum momento acaba executando, mesmo que atrasado. Além disso, a procrastinação geralmente está relacionada à problemas de ansiedade, baixa autoestima, estresse, comportamentos autodestrutivos, dificuldades de concentração, bloqueios de criatividade e sentimentos sabotadores. Já a pessoa preguiçosa opta por não tomar nenhuma atitude, pois está sempre indisposta e escolhe ficar o dia inteiro ociosa. Quem tem muita preguiça mostra que não tem nenhum compromisso e responsabilidade com seu desenvolvimento pessoal e profissional”, pondera a profissional.
Dicas para lidar com a procrastinação, segundo a psicóloga Jéssica Belo:
– Identifique a fonte do problema: o primeiro passo é conhecer quais são as fontes de sua procrastinação. Será desmotivação, baixa autoestima, falta de tarefas desafiadoras, estresse, excesso de compromissos, repetição de comportamentos ou falta de objetivos?
– Organize-se: crie uma lista de afazeres e compromissos em uma agenda ou aplicativo e coloque lembretes com os prazos de entrega. Quando tiver uma tarefa para realizar, seja ela simples ou mais complexa, em vez de deixar para começar amanhã, você pode focar em iniciá-la no mesmo dia. Isso ajuda a evitar que você invente desculpas para não fazer seu trabalho. Essa organização também vale para evitar atrasos e para que consiga reprogramar sua mente a mudar e agir diferente;
– Tenha metas e objetivos: quando há metas e objetivos bem definidos, ou seja, quando sabemos o que queremos para nossa carreira ou vida pessoal, a nossa motivação aumenta. Sem planejar, a chance de não fazer fica maior ainda. Escolha uma meta forçada (geralmente são os objetivos maiores, finais), e depois divida-a em objetivos menores que sejam específicos, que possa ser medido, seja executável e tenha um prazo. Com objetivos menores, você simplifica as suas atividades;
– Motivação: antecipe o quanto vai ser maravilhoso quando você conseguir completar suas metas e objetivos. Muitas vezes, a parte mais difícil quando não temos vontade ou prazer é começar. A primeira coisa que temos que fazer é encarar que nem tudo que precisa ser feito vai nos gerar prazer. Então se pergunte: por que fazer o que eu preciso fazer? Que benefícios isso me trará? Isso ajuda você a se conectar com a importância daquilo para seus valores e objetivos que, às vezes, não estão visíveis imediatamente;
– Foco: o objetivo é ter em mente um repertório de como agir e se manter concentrado, diante das distrações que são bem prováveis de aparecerem. Para isso, imagine o que vai acontecer: quais são os obstáculos e distrações que você acredita que aparecerão? Depois, pense nas soluções, como você pode se livrar das distrações. Mantenha o foco em cada atividade: Se você fizer várias coisas ao mesmo tempo, acabará se perdendo e obtendo resultados poucos satisfatórios. Por isso, dedique-se a fazer uma coisa de cada vez para manter seu foco;
– Tome decisões: no nosso cotidiano podem ocorrer imprevistos. Nesta hora, antes de simplesmente agir por impulso e desistir do que precisa ser feito, elabore os diversos futuros e pense em termos de probabilidade. O que é mais impactante? O que merece ser resolvido primeiro?