Não há receitas prontas para educar os filhos, porém através da educação é possível garantir que eles se tornem bons adultos no futuro

                 A personalidade da criança e do adolescente é estruturada e moldada essencialmente no meio familiar. Os pais, responsáveis pela educação e orientação de seus filhos, devem assumir o seu papel e, além de oferecer amor, devem também impor limites a eles, assim como também devem os dar liberdade.

De acordo com o psicólogo Eduardo B. Nogueira, a questão do limite e da liberdade na educação dos filhos, sejam eles crianças ou adolescentes, sempre causam dúvidas aos pais. “Sempre esperamos que haja uma receita pronta ou um modo correto de fazer e que poderia ser usado por todos. O problema é que não há essa receita pronta. E quanto mais acharmos que há um jeito único e certo de fazer as coisas maiores serão as chances de incorrer erros, trazendo mais dificuldades do que soluções”, pondera.

Segundo o psicólogo, o primeiro fator a que se deve ser pensado é que as crianças e adolescentes são seres em desenvolvimento, e sendo assim o que se espera é que se tornem adultos com características esperadas em adultos. Para isso, eles dependem de orientações, e limites e regras fazem parte dessas orientações. “As crianças estão descobrindo o mundo a sua volta, descobrindo o que podem fazer com seu corpo, descobrindo o que são as relações com as outras pessoas, enfim descobrindo as coisas do mundo. Então, precisam de alguém que possa apresentar o mundo a elas e ao mesmo tempo apontar onde estão os limites desse mundo”, explica.

Por outro lado, conforme o psicólogo, os adolescentes já conhecem uma porção significativa do mundo e por isso às vezes querem crer que já sabem tudo. Eles estão buscando sua identidade própria, querem se tornar o que podem ser, e isso quer dizer ser eles mesmos, diferente daqueles que os rodeiam. Por isso, muitas vezes desafiam os pais, que são as figuras de autoridade dentro do lar, na tentativa de se diferenciar deles. Essa é aquela famosa fase conhecida como “aborrecência”, onde muitos pais encontram dificuldades em impor limites a seus filhos.

É preciso ter muito cuidado para não cair na confusão que se dá entre “educar” os filhos agredindo-os e educar os filhos com firmeza, de acordo com Eduardo. “Certa rigidez e firmeza são essenciais para que o futuro adulto consiga lidar com a vida, pois a própria vida nos impõe limites o tempo inteiro. Mas não é preciso fazer isso através da força física, agredindo o filho. O que é necessário é que os pais sejam pais, ou seja, responsáveis pelos filhos, onde responsável significa aquele que decide o que pode ou não ser feito. E para isso não precisa bater, mas precisa estar presente na vida da criança e do adolescente”, afirma.

Mas até que ponto os pais devem impor limites aos filhos? Segundo o psicólogo, não há como delimitar o que é esse limite, pois cada filho demandará um tipo de permissividade e de liberdade. “O que pode acontecer se os pais derem muita liberdade? Ou se aprisionarem muito os filhos? O que acontecerá com essas crianças? Não se sabe a resposta. Cada criança e adolescente vai lidar de um jeito muito singular com essa relação de permissões e proibições de seus cuidadores”, acentua.

Conforme o psicólogo, hoje é muito comum filhos se rebelando contra pais muito controladores e também filhos com muita liberdade pedindo aos pais que lhes deem a atenção necessária. “O que sabemos é que a personalidade de uma criança ou adolescente se moldará com aquilo que aprendeu na infância e adolescência, com os pais, tios, avós, amigos, professores. Sabemos também que os pais podem errar na educação de seus filhos, mas é melhor que errem pela presença do que pela ausência”, diz.

 

Por Camila Neumann

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