Dieta alimentar balanceada faz a diferença e é essencial para os diabéticos.
Uma alimentação variada, com conteúdo balanceado de nutrientes, rica em grãos integrais, frutas, vegetais, carnes e laticínios magros, fracionada em 6 refeições diárias é o ideal para pessoas diabéticas, assim como para o não portador da doença que opta por uma dieta alimentar adequada. Uma pesquisa do governo revelou dados alarmantes sobre a incidência cada vez maior de casos de diabetes. Os dados apontam que 48% dos adultos estão acima do peso e mais de 30% das crianças de5 a9 anos também. Nos próximos anos, os casos devem aumentar, começando cada vez mais cedo, e as mulheres precisam ficar atentas. Hoje o número delas com diabetes é 30% superior ao número de homens.
Alimentação saudável aliada a exercícios físicos deve ser a regra nº1 da lista dos diabéticos. “Não existe um plano alimentar padrão para o indivíduo com diabetes. A ingestão de cada nutriente deve ser individualizada, baseada na avaliação nutricional, perfil metabólico, peso e objetivos do tratamento”, afirma a nutricionista, Taísa H. Dalla Vecchia. “O diabético tem um padrão alimentar e proporções como a do não diabético, só o açúcar simples que precisa ser restrito na sua alimentação”, completa o endocrinologista, Dr. Lineu D. Carleto Júnior.
O diabético, segundo o endocrinologista, pode e deve ingerir frutas e legumes, mas em quantidades moderadas, optando por comer 1 fruta em cada período do dia, assim como reduzir a ingestão de carboidratos (pão, massas, arroz) e açúcares complexos, dando preferência para os alimentos integrais. “Em relação aos adoçantes artificiais ou edulcorantes podem ser utilizados, considerando o seu valor calórico. Nem todos os produtos dietéticos são destinados aos portadores de diabetes, e para utilizá-los são necessárias cautela e moderação, ler cuidadosamente os rótulos dos alimentos e procurar ajuda do nutricionista”, ressalta Taísa.
Cada indivíduo tem suas particularidades, por isso o melhor plano alimentar é aquele que o paciente e o profissional da saúde que o acompanha obtenham melhora das conduções clínicas. “Especialmente no diabetes tipo 1, o esquema insulínico pode ser determinante na escolha do plano alimentar. Por exemplo, no esquema insulínico tradicional 1 ou 2 doses de insulina/dia, é importante ter horários para comer e manter a consistência, ou seja, comer sempre nas mesmas quantidades, isto ajuda evitar hipoglicemias e hiperglicemias”, esclarece a nutricionista. “O diabético tipo 1 ou 2 que utilizam insulina ultrarápidas e rápida podem fazer um ajuste da dose em virtude da quantidade de carboidrato que será ingerido, através do método de contagem de carboidratos”, explica o médico.
Excesso de peso e alto consumo de gorduras são fatores relacionados para o diabetes tipo 2. “Manter um peso adequado e uma alimentação balanceada favorece o controle da glicemia e pode retardar o aparecimento do diabetes tipo 2. Hábitos alimentares saudáveis que incluem: maior oferta de alimentos pouco processados e naturais, menor consumo de gorduras, sal e bebidas alcoólicas previnem a pressão alta, a elevação dos níveis de colesterol e triglicérides no sangue, contribuindo para manter o nível normal de glicemia”, salienta Taísa. Se for tomar refrigerante, a dica do endocrinologista é optar pelo zero, sem abusar, o que significa 1 copo em determinada ocasião, e priorizar produtos ricos em fibras, frutas e legumes, principalmente frutas com casca ou bagaço que são melhores para a digestão, pois lentifica a absorção do açúcar.
Ao contrário do que muitos pensam, chá e café não são proibidos para o diabético. “Não tem problema tomar essas bebidas, desde que sejam sem a adição de açúcar”, afirma Lineu. Ele diz que doce não é recomendado na dieta alimentar do diabético, mas que se a pessoa não resistir a tentação é melhor comer logo após a refeição, pois estas possuem um teor de gordura e consequentemente a digestão do carboidrato fica mais lenta.
Saiba como contar os carboidratos
Existem vários métodos pelos quais as pessoas com diabetes podem planejar sua alimentação e manter os níveis de glicemia o mais próximo do normal possível. Um desses métodos é a Contagem de Carboidratos. “A contagem de carboidratos é contabilizar os gramas de carboidratos consumidos nas refeições e lanches, com intenção de manter a glicemia dentro dos limites convenientes. A razão pela qual você deve focalizar em contar gramas de carboidratos é porque os carboidratos tendem a ter maior efeito na glicemia”, afirma o endocrinologista.
A contagem de carboidratos ajuda o paciente a ter uma variedade maior na escolha dos alimentos, além de contribuir para o controle mais preciso da glicemia. “Esta estratégia nutricional pode ser utilizada por qualquer pessoa com diabetes, sendo muito útil, até mesmo indispensável para aquelas pessoas que utilizam como forma de tratamento a terapia com múltiplas doses de insulina ou sistema de infusão contínua de insulina, onde esta poderá ser ajustada, baseada no que cada pessoa consome de alimentos”, informa o médico.
Diferença entre Diet e Light
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o termo diet pode ser utilizado nos seguintes produtos:
- Alimentos para dietas com restrição de nutrientes, como por exemplo: carboidratos, gorduras, proteínas, sódio, glúten, entre outros.
- Alimentos para dietas com ingestão controlada de nutrientes (para manutenção de peso ou de controle de açúcares, entre outros). Por exemplo, alimentos para ingestão controlada de açúcar não pode haver inclusão deste, sendo permitido apenas a existência de açúcar natural do alimento. “Todos os produtos diet devem ter isenção de algum nutriente. Nem sempre o alimento diet apresenta menos calorias, por isso a importância de avaliar as informações nutricionais no rótulo do produto”, alerta a nutricionista.
Já os alimentos light devem ter redução mínima de 25% em algum nutriente ou calorias, comparado ao alimento convencional. Para que ocorra a redução de calorias é necessário que haja a diminuição no teor de algum nutriente energético (carboidrato, gordura e proteína).
A real diferença entre diet e light está na quantidade permitida de nutrientes. Enquanto o diet precisa ser isento 100% o light deve apresentar uma diminuição mínima de 25% de nutrientes ou calorias. Outra diferença, é que o alimento light não é, necessariamente, indicado para pessoas que apresentem algum tipo de doença (diabetes, colesterol elevado, celíacos, fenilcetonúricos). Se o alimento light apresentar eliminação de um determinado nutriente, por exemplo, açúcar (refrigerante light), poderá ser consumido por pessoas com diabetes. “É importante lembrar que esses produtos devem ser consumidos nas porções recomendadas. Geralmente as pessoas acreditam que podem consumir mais, por ter menos calorias”, ressalta Taísa.
Ler os rótulos dos produtos light e diet e compará-los com o alimento convencional é a melhor forma de verificar se eles atendem as suas necessidades. Portanto, fique atento na hora da compra, pois como esses produtos podem ter maior custo, quando comparados com os convencionais, você poderá ter gastado mais por um produto sem que haja necessidade de ser substituído.
Açúcar está fora do cardápio?
Evidências disponíveis de estudos clínicos demonstram que a sacarose dietética oferecida como nutriente simples, como parte de um alimento, preparação ou refeição, não aumenta a glicemia mais do que quantidades isocalóricas de amido. “Assim, se a sacarose fizer parte de um plano alimentar, ela deverá ser substituída por outras fontes de carboidrato ou se for adicionada será necessário ajustar as doses de insulina ou de outra medicação hipoglicemiante”, explica Taísa.
A recomendação de diversos órgãos é que a ingestão de açúcar simples não ultrapasse mais que 10% do valor calórico total da dieta e que tal consumo deve estar inserido no contexto de uma dieta saudável. Indivíduos com sobrepeso ou com hipertrigliceridemia indica-se a utilização de adoçantes.
Carnes, ovos e queijos não contêm açúcar, mas possuem proteínas que, em excesso, alteram a glicemia e sobrecarregam os rins. “Esses alimentos também contêm gorduras saturadas e colesterol que, em exagero, podem acarretar em complicações crônicas (pressão alta, doença renal, ou doenças cardíacas). Somente a avaliação nutricional por um profissional capacitado poderá determinar as quantidades ideais para cada pessoa”, afirma a nutricionista.
Todas as frutas podem ser consumidas, não existe proibição. Contudo, os profissionais avisam que não se pode consumi-la à vontade, pois também aumentam a glicemia. Outra dica importante é preferir comer a fruta ao invés do suco.
Não é apenas o alimento que altera a glicemia. Conforme Taísa, a atividade física, a medicação, o estado emocional e de saúde também alteram. “Medir as glicemias em horários diferentes pode ajudar a equipe a determinar se o paciente está comendo pouco ou muito, ou se a quantidade de medicação está insuficiente, ou se a atividade física está excessiva ou inadequada”, diz.
Mudar o comportamento é preciso
O paciente precisa reconhecer que existe o problema e que há de fato o desejo de mudá-lo. O nutricionista e o endocrinologista são apenas os facilitadores das mudanças de comportamento. Eles dão apoio emocional, auxiliam na identificação de problemas nutricionais e de estilo de vida, sugerem comportamentos a serem modificados e facilitam a compreensão e o controle do indivíduo.
“A principal meta é aprender a atender o indivíduo e seus problemas, a ponto de conhecer os obstáculos que ele enfrenta quando tenta alcançar seus objetivos no plano alimentar. O papel do educador nutricional é fornecer estratégias, novos comportamentos e novas maneiras de pensar ao seu cliente, facilitando o processo pelo qual ele identifica mais claramente onde está, onde quer estar e o que precisa aprender para chegar lá”, declara a nutricionista.