mudanças nos rótulos de alimentos

Novas regras exigem mudanças nos rótulos dos alimentos que devem informar excessos de nutrientes. Apesar do avanço, ainda há muito a melhorar

Em suas últimas idas ao supermercado você notou algo diferente? Não estamos falando do preço, que anda aborrecendo bastante ultimamente, por sinal. A diferença que estamos falando hoje é outra. 

Alguns consumidores já estão por dentro da novidade, mas muitos não perceberam uma mudança que passou a valer em outubro. São os rótulos das embalagens.

Agora, os produtos precisam se adequar a um novo modelo de informações nutricionais. A ideia é deixar mais claro se aquele produto carrega muito de um nutriente que pode fazer mal.

A mudança é fruto das normas RDC 429/2020 e a IN 75/2020, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A legislação foi publicada ainda em 2020, mas somente neste ano começou a valer em todo o país. 

Entendendo os novos rótulos dos alimentos

A nova regulamentação obrigará a sinalização frontal em produtos com altos teores de açúcar, sódio e gorduras saturadas. Esse tipo de informação não é nenhuma novidade e pode ser encontrada em outros lugares do mundo, inclusive em nosso entorno. Alguns países vizinhos, como o Uruguai, Chile, Colômbia, Peru, México, e, recentemente, Argentina, também adotaram a rotulagem frontal. 

Apesar da mudança, o Brasil não estabelece obrigatoriedade de declaração de alto teor de calorias na frente da embalagem. O mesmo acontece com as as gorduras trans. Essa é uma prática comum em outras nações.

Por outro lado, é o único país Latino que atrelou as informações do rótulo frontal com as normas de rotulagem nutricional.

Expectativa é que não só a embalagem mude

Domênica Maioli é gerente técnica da área de alimentos da Visanco, uma empresa de consultoria técnica em assuntos regulatórios. Ela acredita que os fabricantes de alimentos podem reavaliar seus processos para melhor se adaptarem à exigência, pensando inclusive na reformulação de produtos. 

“As empresas fabricantes de ingredientes e aditivos destinados ao processamento industrial, também precisarão se adequar no mesmo prazo dos produtos destinados aos consumidores. Isso representa um grande desafio”, complementa a executiva.

Mudança no rótulos dos alimentos é positiva, mas não é perfeita

Apesar do intuito de informar ao consumidor, o novo modelo não deixa de ser passível a críticas.  O projeto de jornalismo investigativo sobre alimentação, O Joio e o Trigo, fez uma publicação em seu perfil no Instagram (@ojoioeotrigo) comentando o caso. 

“A sensação que fica é a de que a Anvisa optou por um modelo de rotulagem, que não avança o suficiente. A lupa adicionada aos rótulos de alimentos industrializados no Brasil para indicar excesso de sal, açúcar e gorduras saturadas parece funcionar mais como um gatilho do que como um informe fiel aos riscos que cada produto oferece à saúde dos consumidores”, informa o texto.

Para o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), mesmo não atendendo a todas as necessidades, o cenário demonstra uma evolução para melhorar a qualidade da informação nutricional.

“Consideramos que o Brasil avançou no sentido de proteção à saúde, mas segue atendendo aos interesses da indústria em detrimento dos interesses de saúde pública, o que não garante o direito à alimentação em sua plenitude”, comentou no site da organização, Janine Coutinho, coordenadora do programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Idec.

“Ainda assim, nunca estivemos tão perto de garantir o direito à informação sobre os riscos à saúde dos produtos alimentícios, e seguiremos até que toda a sociedade tenha garantido seu direito de saber o que está comendo”, conclui a especialista.

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