O consumidor está buscando cada vez mais por alimentos saudáveis e naturais. Porém ler a embalagem com atenção é necessário para ver se o produto é mesmo o que diz ser e escapar das armadilhas da indústria alimentar
Tomar cuidado para não comprar gato por lebre. O ditado já é antigo e bem conhecido da maior parte da população. A expressão que diz respeito ao ato de se precaver para não fazer uma compra ou contratar um serviço que promete ser algo que não é, quase sempre é levada a sério.
Essa tendência também vem sendo observada na indústria alimentícia. Muitas vezes, um produto anunciado como fit, saudável e natural, acaba não tendo essas características. O comprador pensa que está levando algo que faz bem, mas no fundo só caiu nas armadilhas da indústria alimentar.
O fato é um pouco preocupante, já que o espaço dedicado a esses produtos vem sendo cada vez maior. Um estudo da Esentia Inteligência, observou que 59% dos brasileiros passaram a se preocupar com a alimentação saudável ao fazerem suas compras.
Suplementos esportivos são um dos setores mais afetados
A alimentação e a saúde são dois termos que constantemente se encontram. Uma relação que a indústria alimentícia costuma explorar em suas estratégias de venda. Nessa linha surgem produtos voltados à suplementação alimentar de pessoas que praticam atividades físicas.
“Todos os suplementos que estavam disponíveis no mercado tinham os mesmos sabores e, apesar de morar em um país com um rico bioma, os ingredientes nativos eram pouco explorados”, relata João Pedro Solano, fundador da Mombora, uma foodtech de alimentos.
A empresa criada por João é focada na produção de suplementos que utilizam ingredientes naturais e nativos do bioma brasileiro. Algo que tem sido recorrente buscado pelos consumidores.
“Cada vez mais as pessoas têm procurado essa alimentação por ‘propósito’. Buscando entender o que está ingerindo e também de onde esses ingredientes estão vindo, e claro sem perder o sabor”, conta o empresário.
O próprio estudo Esentia Inteligência, citado previamente, comprova esse cenário. 46% das pessoas ouvidas acreditam que as marcas devem priorizar a produção de alimentos de forma sustentável. Quem compra, quer cada vez mais conhecer sobre quem o produziu, como foi feito e sob quais valores.
O que são Foodtechs?
O termo refere-se à junção de duas palavras em inglês: food (comida) e tech (tecnologia). Basicamente, é como são chamadas as startups do ramo de alimentos.
Até alimentos tradicionais vêm sendo afetados
Mais uma coisa que vem chamando a atenção nas redes sociais é a criação de produtos similares aos originais. É o caso, por exemplo, da mistura láctea condensada, a versão do leite condensado que utiliza apenas soro de leite para cortar custos. Quem também ganhou um dublê foi o queijo ralado, é a mistura alimentícia com queijo ralado.
Ambos os produtos são comercializados ao lado de seus irmãos “originais”. Isso acaba pegando muitos compradores desavisados que não prestam atenção ao rótulo, apenas a etiqueta de preço.
A Chef Carolina Garofani usa suas redes sociais para falar sobre esses fenômenos. Em vídeo em seu perfil no Tik Tok (@caramelodrama) ela analisa a lista de ingredientes da mistura alimentícia com queijo ralado. Além do amido de milho ou mandioca para dar volume ao produto, chama a atenção a presença de “vários queijos ralados”, na composição.
Segundo explica Garofani, essas seriam sobras da produção dos queijos de verdade, que são reaproveitados nesse outro produto.
É preciso ler o rótulo para escapar das armadilhas da indústria alimentar
Para saber se o que você está comprando é de fato o que queria, não tem outro segredo: é preciso prestar atenção. É necessário tirar um tempo durante as compras e ler o que diz na embalagem do que se coloca no carrinho ou cestinha, só assim é possível evitar as armadilhas da indústria alimentar. Isso quem explica é a engenheira de alimentos da Mombora, Kazumi Ramos.
“Os consumidores devem ficar atentos aos rótulos e composição de ingredientes. Quanto mais ingredientes você conhecer, melhor”, comenta.
Além disso, na hora de consumir suplementos, seja por qual motivação for, a consulta a profissionais da área é sempre recomendável, além de um pré-requisito em muitos casos.
“O ideal é sempre buscar também ajuda de profissionais para auxiliarem nessa decisão. Eles irão se basear nas necessidades de cada um”, finaliza.
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