Você pode ajudar a salvar inúmeras vidas, basta informar os familiares de sua vontade.
A cada ano, milhares de pessoas no país contraem doenças que afetam órgãos essenciais, como coração, rins, pâncreas, córneas, pulmões e fígado. Infelizmente, uma grande parcela apresentará falência completa desses órgãos e necessitará de um transplante para sobreviver. “Ao longo dos últimos 20 anos, rins e córneas têm sido os órgãos mais comumente transplantados. Hoje, no entanto, já existe a possibilidade de transplante de coração, coração/pulmão, fígado e pâncreas com bons resultados”, afirma a oftalmologista, Eliana F. Pires.
O Brasil possui um dos maiores programas públicos de transplantes de órgãos e tecidos do mundo.
Com 548 estabelecimentos de saúde e 1.376 equipes médicas autorizadas a realizar transplantes, segundo Eliana, o Sistema Nacional de Transplantes está presente em 25 estados do país, por meio das Centrais Estaduais de Transplantes. “Com o sucesso crescente dos transplantes, as listas de espera aumentam cada vez mais e muitas pessoas morrem porque não existem doadores suficientes. Temos hoje cerca de 3.800 paranaenses inscritos aguardando por um transplante na fila de espera da Central Estadual de Transplantes do Paraná”, informa a médica.
Para quem espera um órgão, o transplante não apenas salvará sua vida, mas também devolverá a oportunidade de uma participação produtiva na sociedade e convivência com a família. Em Guarapuava, conforme a oftalmologista, tem Estabelecimentos de Atendimento a Saúde (EAS) credenciados e capacitados para realizar a captação de múltiplos órgãos como coração, valvas cardíacas, rins, pâncreas, fígado, pele, ossos, globo ocular e córneas. “Lembramos ainda que para realizar a doação de múltiplos órgãos, o doador deverá estar em morte encefálica dentro de um hospital credenciado para tal, mas para a doação de córneas, poderá ser feita a captação até 08 horas após o óbito com parada de todos os órgãos, podendo ser no Hospital, IML, Casas funerárias, Centrais de Luto, na residência, enfim, desde que os familiares tenham em mãos o atestado de óbito”, ressalta Eliana.
Quando constatada a morte encefálica do paciente, uma ou mais partes do corpo que estiverem em condições de serem aproveitadas poderão ajudar a salvar vidas de outras pessoas. “Para ser um doador, não é necessário fazer nenhum documento por escrito. Basta que sua família esteja ciente de sua vontade. Muitas pessoas acham que é preciso registrar a opção de doador de órgãos na carteira de motorista, mas isso não é mais necessário”, alerta a oftalmologista. Ela lembra ainda que alguns órgãos podem ser doados em vida, são eles – parte do fígado, um dos rins e parte da medula óssea.
Os principais fatores da longa fila de espera para transplante e, em alguns casos, não toleráveis para manter um paciente vivo, na opinião da médica, são a falta de conhecimento tanto da comunidade, sobre como doar, como dos EAS, que nem sempre estão preparados, seja por falta de estrutura, por falta de equipes intra-hospitalares atuantes junto a Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante.
Coração, pulmões, fígado, pâncreas, intestino, rins, córnea, veias, ossos e tendões são os órgãos e tecidos que podem ser doados por uma pessoa falecida. Portanto, um único doador pode salvar inúmeras vidas. Em relação ao receio que muitos familiares têm de o corpo do doador ficar deformado após a doação, não é verdade. “A retirada dos órgãos é uma cirurgia como qualquer outra, em centro cirúrgico, e o doador poderá ser velado normalmente”, explica Eliana.
Não existe limite de idade para doação, porém, segundo a médica, todos os casos de doação são avaliados pela equipe de transplantes quanto à viabilidade dos órgãos. “Um gesto muito simples, apenas uma conversa, pode ajudar muitos brasileiros que precisam de um transplante para viver. Se você deseja ser um doador de órgãos, avise os seus familiares. Se você tem um doador de órgãos na família, respeite a sua vontade. Doar uma vida é fazer valer muitas vidas”, salienta a oftalmologista.