A aterosclerose pode afetar a circulação dos membros inferiores e de todo o organismo.
A aterosclerose, segundo o angiologista e cirurgião vascular, Francisco José Fernandes Alves, é uma doença crônica que se desenvolve nas artérias do organismo formando as “placas de gordura”. “Essa placa vai aumentando com o tempo podendo diminuir ou até mesmo impedir a passagem do sangue, o que prejudica a irrigação dos órgãos ou membros”, explica o médico.
Os fatores de risco para a aterosclerose são os conhecidos da doença cardiovascular – tabagismo, diabetes melitus, hipertensão arterial (pressão alta), dislipidemia (colesterol alto) e sedentarismo.
A doença acomete com mais freqüência idosos, especialmente os diabéticos e tabagistas, indivíduos do sexo masculino, mulheres após a menopausa e pessoas com antecedentes familiares da aterosclerose. O que a aterosclerose pode acarretar depende da região ou vaso da artéria. “Se a placa de aterosclerose atingir uma artéria da perna, isso pode resultar em uma trombose arterial, comprometendo a viabilidade do membro; se for na artéria coronária (que irriga o coração) pode evoluir com uma angina ou infarto do miocárdio; se for uma artéria do cérebro ou a carótida (artéria que fica na região do pescoço) pode ocorrer um acidente vascular cerebral”, afirma Francisco.
Os sintomas também dependem do local de desenvolvimento da placa de aterosclerose. Quando ela compromete os membros inferiores (doença aterosclerótica periférica), conforme o cirurgião vascular, o sintoma comum é a claudicação intermitente, por exemplo, o paciente sente dor na perna ao caminhar que piora quanto maior for a distância, e quando ele para de andar a dor melhora, sintoma decorrente da falta de oxigenação nas pernas. Além da claudicação intermitente, a trombose também pode se instalar subitamente causando dor aguda. “A perna fica fria e arroxeada (trombose arterial aguda), e é uma urgência”, diz o médico.
Medidas de prevenção
A prevenção é baseada no diagnóstico precoce e tratamento dos fatores de risco.
“Caso você apresente dores na panturrilha ao caminhar, especialmente se tem os fatores de risco supracitados, é importante fazer uma avaliação com o cirurgião vascular”, ressalta Francisco.
Parar de fumar, controlar o diabetes melitus, a hipertensão arterial, o colesterol são medidas essenciais para o tratamento, segundo o médico. Caminhar também é um exercício muito importante para a doença aterosclerótica periférica. “Além disso, existem medicações específicas que devem ser usadas, mas sob orientação médica”, declara.
Tratamento
O tratamento depende da situação clínica do paciente. “A maioria dos pacientes com doença aterosclerótica periférica podem ser tratados apenas com o tratamento clínico, ou seja, uso de medicações, correção dos fatores de risco cardiovascular”, revela Francisco.
Conforme o cirurgião vascular, quando a falta de circulação é mais grave o tratamento cirúrgico deverá ser empregado. “Nessa situação é realizado um ‘desvio’ da circulação por uma ‘ponte de safena’, melhorando a circulação da perna. Existe também o tratamento endovascular, realizado através de cateterismo de uma artéria, dilatando o local da placa e melhorando a circulação”, explica.
Quando a falta de circulação é extrema, o membro perde sua vitalidade evoluindo para gangrena (necrose). “Dependendo do caso, cirurgias de amputação poderão ser necessárias. Contudo, é importante ressaltar que cada paciente deve ser avaliado de maneira criteriosa para definir qual é o melhor tratamento de acordo com a sua situação”, informa Francisco.