A hérnia de disco cervical pode ser responsável por acarretar sintomas debilitantes ao paciente.
Tabagismo, sedentarismo, causando perda no condicionamento muscular, sobrepeso, ergonomia, perfil do trabalhador, como o trabalhador braçal, são alguns fatores de risco para a hérnia de disco cervical. A coluna vertebral é composta por vértebras, e no seu interior existe um canal por onde passa a medula espinhal ou nervosa. Entre as vértebras cervicais, torácicas e lombares, estão os discos intervertebrais, estruturas em forma de anel, constituídas por tecido cartilaginoso e elástico, cuja função é evitar o atrito entre uma vértebra e outra e amortecer o impacto.
O termo hérnia discal, para o neurocirurgião, Bruno Saciloto, é designado somente para situações em que o disco intervertebral (núcleo pulposo) atravessa os limites do ânulo fibroso (porção externa do disco intervertebral) e dos ligamentos da porção posterior do espaço intervertebral. “Nessa situação, pode ser observado déficit motor, dor intensa e refratária a medicações analgésicas (inclusive opióides) e fisioterapia motora. A alteração do disco intervertebral mais comumente encontrada é a protrusão discal, quando o disco não rompe o anel fibroso, seja ela unilateral ou difusa, com a possibilidade de compressão das raízes nervosas ou da medula espinhal”, afirma o médico.
Com o tempo e o uso repetitivo, os discos intervertebrais se desgastam, o que facilita a formação de hérnias de disco. O problema é mais freqüente na coluna lombar devido à movimentação fisiológica da coluna vertebral. Além disso, conforme Bruno, a doença degenerativa da coluna vertebral, ou doença própria do envelhecimento, pode contribuir para a degeneração de múltiplos níveis da coluna vertebral (disco intervertebral). “Na coluna cervical acontece em menor prevalência, porém os sintomas podem ser debilitantes, como déficit motor, compressão da medula espinhal”, salienta o neurocirurgião.
Além do déficit motor (paralisia), a hérnia de disco cervical pode ocasionar, segundo Bruno, alterações da sensibilidade nos dermátomos (segmentos inervados pelas raízes da coluna vertebral), dor característica irradiada para os membros superiores e fraqueza dos músculos dos membros superiores.
Diagnóstico e tratamento
De acordo com o neurocirurgião, o diagnóstico da hérnia de disco cervical é clínico, feito através do exame neurológico detalhado e através da ressonância nuclear magnética da coluna cervical. Eventualmente estudos eletrofisiológicos também são necessários para o diagnóstico diferencial (Eletroneuromiografia).
“Cerca de 80 a 90% dos pacientes com diagnóstico de hérnia discal cervical melhoram com tratamento conservador – analgésicos, anti-inflamatórios, fisioterapia motora analgésica”, revela Bruno. Segundo ele, a cirurgia é reservada para os pacientes que não apresentam melhora satisfatória ou que apresentam déficit neurológico progressivo. O tratamento cirúrgico envolve a descompressão anterior ou posterior da coluna cervical.