Livro narra a história de Karen Franciosi, de sua filha Maria Júlia, e de como o amor e a resiliência materna podem mudar histórias

 

“Eu pedia para Deus que me desse um motivo para continuar”, recorda a empresária Karen Franciosi. A súplica é uma memória dos momentos logo após a morte de sua filha, Maria Julia Franciosi Gelinski, em decorrência de um severo linfoma não Hodgkin.

Mais de 10 anos depois, as razões para seguir parecem não faltar para Karen Franciosi. Por mais turbulenta que a vida possa lhe ser, ela segue fazendo a diferença para as pessoas. Dona da Viesca Turismo, ela passou a ser conhecida como Tia Karen, um presente das centenas de adolescentes que já acompanhou em viagens à Disney. 

Mas, o principal motivo de seguir em frente talvez seja continuar o legado de sua filha, mostrando ao mundo como ela continua impactando vidas. Afinal de contas, essa não é uma matéria sobre Karen, mas sim sobre um anjo que a tocou, bem como a incontáveis pessoas. 

 

Apoio e resiliência materna

 

“Quando um anjo me tocou” é um livro escrito por Michele Tupich Barbosa. A obra narra, como o próprio subtítulo diz, uma história de amor, luto e resiliência materna. Essa é só mais uma das maneiras pela qual Maria Júlia continua vivendo dentro das pessoas, mesmo depois de tanto tempo de sua partida. 

“Só quem passa por essa dor que não tem nome consegue entender uma mãe em pleno desespero ao sentir que perdeu a luta. Esse livro é exatamente para isso. Para que muitas mães que passam por tamanha dor consigam sobreviver”, relata Karen.

O livro foi construído a partir de uma série de entrevistas feitas pela autora. O objetivo é que mostrar a história auxilie mulheres em situação similar. “Por várias vezes fui surpreendida à noite, pensando em como é devastadora essa experiência, mas também como é incrível lembrar de alguém que deixou saudades como Maria Júlia deixou”, escreve Michele.

 

Ajudando a salvar vidas

 

Outro aspecto bastante nobre da iniciativa, além de gerar apoio emocional, é ter finalidade filantrópica. Toda a renda obtida com a comercialização da obra será revertida ao Hospital Pequeno Príncipe, instituição onde Maria Júlia foi tratada e que recebe inúmeras outras crianças em situação parecida. “Eu pude vivenciar o dia a dia de centenas de crianças em tratamento oncológico que são atendidos. Mais de 70% das vezes, pelo SUS”, revela Karen.

Essa, porém, é só mais uma das maneiras que a história vivida por Maria Júlia e sua mãe mudou vidas nos últimos 10 anos. 

Ainda na época de seu tratamento, as campanhas para doação de medula óssea fizeram com que o número de doadores registrados no banco do Hemocentro de Guarapuava dobrassem. Em 3 meses foram 5000 novos cadastros. Esse é o mesmo número que somavam os 5 anos anteriores, desde que o banco de doadores havia sido criado na cidade.

Karen lembra que eram tantas pessoas querendo doar que o Hemepar, que fornece material para que sejam feitos os procedimentos, ficou com o estoque zerado em todo o estado. Hoje, a sala de coleta recebe o nome Maria Julia Franciosi Gelinski. “Seja um doador de medula óssea. Quem sabe um dia você poderá salvar uma vida”, apela a mãe.

 

O livro, lançado no dia 22 de março, exatamente 11 anos após a morte da Maria Julia, é apenas um dos marcos que exemplificam como ela vem mudando tantas histórias. A menina conhecida por todos por seu coração grande, sorriso cativante e fé sem fim, ficará sempre conhecida como um anjo que tocou a vida de Karen e incontáveis outras pessoas.

 

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