Casais jovens tem feito cada vez menos sexo

Pessoas na casa de 20 a 30 fazem menos sexo com relação a geração anteriores. Entenda as questões que envolvem esse problema

“Ninguém transa, Julinho. As pessoas falam que transam, mas não transam”, afirma o personagem Renan, do programa humorístico Choque de Cultura. A piada, como diz o ditado, tem seu fundo de verdade.

Estudos conduzidos nos Estados Unidos e no Reino Unido revelam uma tendência que desafia as expectativas. Durante o auge de vigor e sexualidade, a juventude, as pessoas têm transado cada vez menos.

Uma informação relevante vem do National Opinion Research Center, da Universidade de Chicago nos Estados Unidos. O centro de pesquisa tem realizado entrevistas pessoais com milhares de pessoas sobre uma ampla gama de tópicos, incluindo comportamento.

Os resultados divulgados em 2019 mostram que 23% dos entrevistados relataram não ter feito sexo nos últimos 12 meses. Isso que equivale quase ao dobro do número registrado em 2008.

Os pesquisadores ficaram surpresos com a proporção significativamente maior de homens abaixo de 30 anos que declararam não ter transado por pelo menos um ano, 28% dos participantes. A amostra ouviu indivíduos com idades entre 18 e 30 anos.

Esse percentual é três vezes maior do que o registrado em 2008.

Já entre as mulheres mais jovens, a tendência é a mesma. Elas também estão tendo menos relações sexuais, mas o aumento neste grupo foi de apenas 8% na última década.

Francisca Molero diretora do Instituto Ibero-Americano de Sexologia também observa essa tendência. Ela conta que  jovens na faixa dos 20 anos têm procurado muito mais consultas de terapia de casal.

Porque os jovens não fazem mais sexo?

A resposta parece estar bastante presente no estilo de vida atual. Tendências eróticas, abuso de estímulos em redes sociais e demais fatores acabam superficializando as relações e diminuindo o desejo. Outro problema: projetar as próprias experiências naquilo que se vê na mídia ou em conteúdos online.

Francisca afirma atender frequentemente casais jovens que geralmente vivem juntos há pouco tempo. Para eles, o sexo é algo muito importante em suas vidas e um tema frequente de conversa com colegas. Há, entretanto, um porém: muitos não têm relações sexuais constantes. Alguns passam até mesmo 4 meses sem transar.

Apesar da vontade do casal, há muita pressão de uma das partes, e ao mesmo tempo a outra acaba se sentindo culpada, porque nem sempre tem vontade ou consegue satisfazer o outro. Consequentemente as aventuras sexuais ouvidas na roda de amigos só aumentam a sensação de perda de tempo e frustração – confirma Francisca.

O especialista Toni Martín, médico, sexólogo clínico e terapeuta de casais acredita que dois fatores influenciam drasticamente o desejo no momento do sexo.

“Eu culpo dois fatores importantes. O primeiro consiste em usar redes sociais e telas depois das 10 da noite, que nos impedem de desconectar. Uma das primeiras medidas que propomos quando há problemas de relacionamento é o apagão digital, a partir de determinadas horas e em determinados dias”, sugere o médico. 

Problema da pornografia

“Por outro lado, há a pornografia: o excesso de pornografia acostumou as pessoas a estímulos muito fortes, que depois não correspondem à vida cotidiana. Com o pornô é muito fácil ficar excitado, mas o grau de satisfação é inversamente proporcional, sem contar a sensação de vazio que ele deixa”, analisa Martín.

Caio Bittencourt, especialista em relacionamentos do MeuPatrocínio, concorda. 

“Hoje em dia a pornografia leva jovens a terem uma mentalidade muito imatura, inexperiente e com expectativas surreais quando o assunto é sexo. Eles acabam perdendo rapidamente o desejo e tesão em uma mulher, terminando relacionamentos por não ser mais uma novidade. Achando que aquela relação não está nos seus padrões por perderem interesse na cama devido às referências do pornô que assistem “, diz.

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