O médico ortopedista Gustavo Werle Ribeiro (CRM/PR 29905 – RQE 20591) nos explica sobre a osteomielite, um tipo de infecção que atinge os ossos
A infecção do tecido ósseo é denominada osteomielite, que pode ser subdividida em aguda, subaguda e crônica.
Infecções de até duas semanas são consideradas agudas. E, acima de três meses crônicas, que é quando o tratamento fica mais difícil.
Em relação às causa pode ser:
- Hematogênica, ou seja, alguma bactéria que entrou na circulação sanguínea se instala no osso;
- Mediante contato direto de um agente externo, como no caso da fratura exposta.
Como é feito o diagnóstico da osteomielite?
O diagnóstico é feito por sintomas como dor localizada em uma região óssea, calor local e febre. Em casos crônicos, aparece a fístula, ou seja, um orifício na pele que surge próximo ao local infectado, apresentando drenagem espontânea de pus.
Exames de imagem como a radiografia simples, tomografia computadorizada e ressonância magnética são de grande valia para diagnosticar e para eventual planejamento cirúrgico. Exames laboratoriais também são importantes, tanto para o diagnóstico como para direcionar o tratamento.
Geralmente ela acomete em um local específico do corpo mas, em crianças pequenas, pode ser multifocal, aparecendo concomitantemente em diversos ossos.
Qual o tratamento para osteomielite?
O tecido ósseo tem baixa vascularização, o que faz com que o corpo tenha dificuldade em combater infecções. Chegam menos células de defesa e há menor ação de antibióticos, o que nos leva a prescrevê-los por longos períodos.
A osteomielite aguda pode ser tratada sem cirurgia.
Porém, em adultos, frequentemente acaba sendo necessário o tratamento cirúrgico, com desbridamentos (limpeza de ressecção de tecidos desvitalizados), retirada de materiais anexos aos ossos, como placas e hastes utilizadas para tratamento de fraturas anteriores, bem como a ressecção do sequestro (tecido necrosado devido a infecção). Pois neste caso o tecido está inviável, não passível de revitalização, passando infecção para o tecido ósseo adjacente.
No caso da necessidade de ressecção do tecido ósseo, caso seja em quantidade significativa, expondo a risco de fraturas pela perda de sustentação, existem duas formas de repô-lo:
- Com enxerto, podendo ser colhido do próprio paciente, ou seja, autólogo, ou de bancos de osso, podendo ser auxiliados por substitutos ósseos artificiais;
- Com a ressecção do bloco ósseo, causando uma falha óssea. Neste caso pode ser encurtado o membro ou, em quando ocorrem falhas maiores que dois centímetros, haver necessidade do alongamento, realizada por fixadores externos.
Importante ressaltar que o tratamento é difícil. Geralmente necessita diversas intervenções cirúrgicas para que haja a supressão total dos sintomas. Bem como a qualquer momento pode haver recidiva, mesmo que improvável.
Cuidados extras para tratar a osteomielite
Tratamentos adicionais como câmara hiperbárica podem ser úteis. Além disso, o controle de doenças de base como a diabetes é fundamental para que haja maiores chances de sucesso.
O tabagismo é um fator que piora o prognóstico da doença, portanto deve se considerar seriamente seu abandono.
A subespecialidade cirúrgica que cuida especificamente dessa condição é a Reconstrução e Alongamento Ósseo. O órgão oficial que reúne seus profissionais é o Comitê ASAMI, sendo auxiliados pelo infectologista para manejo medicamentoso.