Mesmo que o curativo não pareça ter a suma importância, saiba de seus benefícios no processo de cicatrização.

Quando o paciente é submetido a uma cirurgia ou sofre alguma lesão a preocupação maior, na maioria das vezes, é com as complicações que esses podem acarretar a sua saúde. Contudo, esquecem que os cuidados pós-operatórios também são fundamentais para uma boa cicatrização e para um resultado final satisfatório. “Após o procedimento cirúrgico, é indicado ao paciente repouso, que vai depender da extensão e tipo da cirurgia, cuidado local com procedimento de curativos para manter a ferida limpa e seca”, explica o cirurgião plástico, Antônio Marcos Cabrera Garcia.

Os cuidados com a região da ferida dependem da sua etiologia e situação do paciente. “A escolha do tipo de curativo varia conforme o tipo de ferida, a qual pode ser classificada quanto à causa como cirúrgicas, traumáticas e ulcerativas, quanto ao conteúdo microbiano em limpas, limpas-contaminadas, contaminadas e infectadas, em relação ao grau de abertura como abertas ou fechadas e quanto ao tempo de cicatrização em agudas ou crônicas”, afirma a técnica de enfermagem e acadêmica do último ano de enfermagem, Ana Paula de Oliveira Hass.

O profissional de enfermagem em seu processo de trabalho de assistência ao paciente irá observar o aspecto da ferida e determinar a forma de curativo que, segundo Ana Paula, pode ser semi-oclusivo, oclusivo, compressivo ou aberto. O curativo é um procedimento importante para impedir a contaminação de feridas limpas (sem infecção), facilitar a cicatrização, reduzir a infecção nas lesões contaminadas, absorver secreções, facilitar a drenagem de secreções e promover conforto ao paciente. “A cirurgia plástica, por exemplo, é uma agressão controlada ao corpo que precisa de proteção onde ocorreu à fissura da pele para evitar microorganismos e infecções, e em situações que envolvem alguma complicação cirúrgica, como abertura de pontos, o curativo deixa de ser uma barreira protetora e passa a ser uma barreira terapêutica”, salienta o cirurgião plástico.

Existem no mercado vários tipos de coberturas de curativo e produtos que podem ser utilizados no tratamento das feridas. Ana Paula cita alguns exemplos como o hidrogel com alginato de cálcio para desbridamento autolítico (técnica para limpar a ferida e remover o tecido desvitalizado) em áreas necróticas e curativos para cobertura como os hidrocolóides, entre outros. Porém, é imprescindível enfatizar que o produto apenas terá o efeito desejado se o seu uso for recomendado e acompanhado por profissionais habilitados. De acordo com a técnica de enfermagem, todos eles possuem o momento certo para utilização, bem como suas indicações e contra-indicações, considerando que a evolução da lesão deve ser rigorosamente avaliada, pois em uma mesma ferida podem ser utilizados vários tipos de curativos, cada um apropriado à determinada fase do processo de cicatrização.

O sucesso do tratamento do paciente ocorre principalmente quando existe o entrosamento de uma equipe multidisciplinar, cada qual com sua atribuição, mas visando um mesmo objetivo – tratar adequadamente aquela ferida e melhorar a qualidade de vida. “É importante ressaltar que cuidar de uma ferida não é apenas executar uma técnica, mas cuidar de um ser humano de forma holística, respeitando suas crenças, suas dores, suas dificuldades e conquistar a colaboração do mesmo e de sua família, sem impor normas e padrões, ressaltando a educação em saúde como forma de viabilizar resultados desejáveis”, declara Ana Paula.

Conforme Garcia, o período determinado para a troca do curativo depende da origem da ferida, podendo ser diariamente, toda semana ou até mesmo por mês. “A escara é um exemplo de procedimento onde o curativo é feito por”, diz.

 

Procedimento:

1. Lavar as mãos com água e sabão;

2. Reunir o material e levá-lo próximo ao paciente;

3. Explicar ao paciente o que será feito e fechar a porta para a sua privacidade.

4. Colocar o paciente em posição adequada, expondo apenas a área a ser tratada;

5. Abrir o pacote de curativo com técnica asséptica;

6. Colocar gaze em quantidade suficiente sobre campo estéril;

7. Calçar as luvas;

8. Remover o curativo anterior com uma das pinças usando soro fisiológico 0,9 %;

9. Desprezar esta pinça;

10. Com outra pinça, pegar uma gaze e umedecê-la com soro fisiológico;

11. Limpar a incisão principal, utilizando as duas faces da gaze, sem voltar ao início da incisão;

12. Limpar as regiões laterais da incisão cirúrgica após ter feito a limpeza da incisão principal;

13. Ainda com a mesma pinça, secar a incisão cirúrgica após ter feito a limpeza da incisão principal;

14. Ocluir a incisão com gaze e fixar com micropore ou ataduras se necessário;

15. Manter o curativo ocluído enquanto houver exsudação;

16. Lavar as mãos e fazer a evolução da ferida e anotações de materiais na papeleta do paciente.

 

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