Pesquisas apontam que estar em um relacionamento pode ser significante na percepção do bem-estar. O amor pode ser o segredo para a qualidade de vida
Não tem nada de escolher a vida de casado ou a de solteiro. Há muitas pessoas que são felizes mesmo não estando em um relacionamento.
Agora, o que não dá para negar, é que ter um amor faz bem. E mesmo que isso seja uma certeza para a maioria das pessoas que o vivem, alguns estudos nos ajudam a visualizar melhor isso.
Um artigo de pesquisadores da USP, Manoel Antonio dos Santos e Fabio Scorsolini Comin, buscou compreender as correlações entre a vida a dois e o bem-estar. A investigação submeteu um grupo de 106 indivíduos a um questionário.
Quem respondia as perguntas fazia parte de diferentes grupos sociais e demográficos. A análise das respostas revelou que as pessoas que se dizem satisfeitas com a vida, em diferentes domínios, também o fazem em relação à experiência conjugal.
Segundo o artigo, a satisfação com a vida está positivamente correlacionado com a satisfação entre os cônjuges.
“O que nos permite sugerir que uma vida a dois rica e carregada de elementos e vivências positivas poderia estar diretamente ligada à percepção de satisfação com a vida expressa por cada membro”, aponta o texto.
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Demonstrar carinho é mais um segredo para a qualidade de vida
O tema também foi foco do trabalho de pesquisadores de fora do Brasil. Esse é o caso, por exemplo, de um estudo feito em conjunto por pesquisadores das Universidades suíças de Lausana e Friburgo, e de Toronto, no Canadá.
O artigo publicado no periódico international Personality and Social Psychology Bulletin cruza os resultados de análises variadas e conclui algumas coisas interessantes. Por exemplo, relações interpessoais positivas, como o afeto, estão diretamente ligadas ao bem-estar.
O texto considera os relacionamentos sociais como uma necessidade básica do ser humano. Outro destaque é que pessoas que experienciam o afeto têm risco menor de sofrerem de problemas psicológicos, como depressão e ansiedade.
E o carinho nem sempre é verbal: o sexo, o toque e atitudes podem ter efeitos positivos.
Nesse sentido, ter alguém para trocar amores tem um impacto positivo no bem-estar da pessoa. Sendo esse principal o segredo para a qualidade de vida
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A chave para um casamento de sucesso
A psicóloga Marionita Gonçalves Dias (CRP 08/19722) é especialista em Terapia Familiar Sistêmica. Ela concorda que uma união saudável é o segredo para a qualidade de vida e bem-estar a todos os envolvidos.
Segundo explica, um casamento harmonioso, independente de qual tipo ele seja, é quando o casal lida bem com os conflitos. Já que isso é algo natural de toda relação.
“O casamento, além de ser o primeiro passo para a formação de uma família seja qual tipo ela for, também vem cheio de sentimentos e expectativas que já tínhamos previamente. O conhecimento a respeito dessas expectativas, deixando elas claras um para o outro, é fundamental para ter um casamento mais saudável”, argumenta a especialista.
Assim como um casamento tem potencial para contribuir para o bem-estar dos indivíduos, ele também pode ser fonte de problemas.
“Na terapia familiar sistêmica (quando cito isso não estou falando de constelação, é algo completamente diferente e isso é importante deixar claro), se acontece algo hoje que se torna um trauma, essa mudança de padrão de comportamento acaba atingindo as outras gerações. Isso acaba fazendo com que se desenvolva nas famílias transtornos psicológicos e vários problemas e queixas”, conta.
Por isso, a recomendação de Marionita é que se busque trabalhar essas questões com um profissional durante a terapia.
“Se um casal quer um relacionamento tranquilo, prosperado juntos e resolvendo conflitos, é importante ter o conhecimento em mãos”, complementa.
É preciso saber ceder
Uma dica que a psicóloga dá para o relacionamento ser saudável, em qualquer formato de união, é saber ceder. Durante os conflitos todos precisam saber abrir mão. Isso pode ser outro segredo para a qualidade de vida.
Nesse sentido, o diálogo e a empatia são chaves para um melhor entendimento.
“Reconhecer o que cada um já cedeu e buscar resolver os conflitos com sabedoria. Entender que a relação não pode ser algo em que ‘só eu mando’. Pelo contrário, o casal precisa chegar em um consenso em todas as decisões que for tomar”, recomenda Marionita.
O último ponto que a especialista destaca vem de uma questão bastante cultural e atinge, principalmente, casais heterossexuais. “Algo que eu gosto muito de frisar por conta de nossa sociedade, é aquela mulher que acaba exercendo o papel de mãe ao invés de esposa”, aponta.
De acordo com a psicóloga, é preciso que o casal tome cuidado para evitar a confusão nos papéis. Assim, o diálogo novamente entra em campo. O objetivo é gerar essa consciência dentro do par e mantendo a saúde da relação.
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