menino tampando os olhos para representar o TEA - Transtorno do Espectro Autista. Ao fundo, compondo a imagem, um mão segurando um coração de quebra cabeça

A psicóloga Rosemeire Silva Pereira (CRP 08/14592) nos ajuda desmistificar e entender um pouco melhor o TEA: Transtorno do Espectro Autismo

1- O Autismo não é uma doença, mas sim um Transtorno

TEA, classificado como Transtorno do Espectro Autista, trata-se de uma questão de neurodesenvolvimento. Espectro significa um conjunto de características ou sintomas, tais como: 

  • Pouco contato visual;
  • Não atender o seu nome quando chamado;
  • Trazer maneirismos ou movimentos repetitivos com as mãos ou com o corpo; 
  • Ter uma brincadeira sem função, como por exemplo se interessar mais pela rodinha do que usar o carrinho pra fazer ‘brumm’. Ou se interessar mais pela caixa, do que pelo brinquedo;
  • Possuir interesses restritos como letras ou números, dinossauros, objetos ou brinquedos que giram;
  • Puxar o adulto ou escalar e subir em coisas para pegar o que deseja, ao invés de pedir.

Veja mais: Vacinas não causam autismo

2- Autistas são capazes de amar e ter empatia

Pessoas dentro do TEA têm mais dificuldade em expressar e compreender emoções, mas isso não significa que não as possuam. Isso ocorre pela dificuldade de manter um contato visual e de compreender os gestos e as emoções no rosto do outro.

Demonstrar suas emoções pode ser uma tarefa bem complexa, o que pode ser aprendida e treinada.

3- Autistas não são agressivos

Como falamos, o indivíduo dentro do TEA traz um déficit na comunicação, isso vai além da fala, traz uma dificuldade em entender o que o outro lhe dá como um comando, e de se fazer entendido.

Ele compreende e aprende as ordens com mais facilidade com a ajuda de pistas visuais, ou figuras do que queremos lhe dizer ou pedir. Uma criança, por exemplo, que tem pouca comunicação, tende a ter mais birras, pois não é compreendida. 

Essa pode ser uma demanda que, quando trabalhada, tende a diminuir os comportamentos mais agressivos, auto agressivos (bater nela mesma, ou em superfícies e objetos), ou heteroagressivo (bater no outro).

4- Cura para autismo

O TEA não tem cura, já que não é uma doença.

Porém, hoje falamos em sair do Espectro, ou seja, melhorar o quadro, diminuir sintomas. E isso depende de algumas situações, como por exemplo, a idade precoce na intervenção, por isso é tão importante falar e divulgar o Autismo. 

Quanto mais cedo os sintomas do TEA forem percebidos, assim também será a intervenção, trazendo uma melhora do quadro futuro, ou seja, tendo um melhor prognóstico, e mais qualidade de vida.

Outro fator que interfere numa melhora do quadro, trata-se ainda das horas de intervenção, quanto mais a família, cuidadores e escola estiverem dentro dos objetivos de um plano interventivo desse indivíduo, melhor ele irá responder. 

Outro fator que interfere também numa evolução positiva do quadro, é se o indivíduo traz um bom funcionamento cognitivo, pois hoje sabemos que alguns diagnósticos trazem o que chamamos de comorbidades, ou seja, mais diagnósticos juntos com o quadro, como por exemplo, a criança pode estar dentro do TEA, e trazer outros diagnósticos como o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade)  ou TOD (Transtorno Opositor Desafiante).

5- O diagnóstico pode acontecer desde cedo

Em alguns casos, por exemplo, até em bebês de 6 meses, dentro de casos onde haja outros diagnósticos na família. 

Então aquela criança que chora demais, ou não chora pra nada, que não acompanha os objetos com os olhos, não atende ao seu nome, não se interessa por brinquedos, ou se interessa por objetos que giram, não mantém um contato visual com a mãe, deve ser avaliada por um neuropediatra.

Isso para que características possam ser levantadas e encaminhadas à intervenção o quanto antes.

6- Não é todo autista que é superdotado

Uma pequena parte das pessoas com TEA são o que chamamos de alta funcionalidade, aqueles gênios que conhecemos, e que sempre são mais divulgados pela mídia.

Porém, o mais comum são as comorbidades, quadros com mais de um diagnóstico, e um deles, dificuldades de aprendizagem ou de pouco rendimento escolar.

7- Quem tem autismo não consegue fazer amigos

O TEA tem mais dificuldade em iniciar e manter uma interação social.  Ele tende a se engajar em brincadeiras de forma individual, e com mais dificuldade em perceber o outro.

Essa demanda precisa ser treinada, com pares ou em grupo, para que essa habilidade possa ser melhor desenvolvida. 

8- Esse transtorno não é causado pelos pais

Cada criança dentro do TEA traz características e um quadro bem diferente da outra. Sempre é considerado um conjunto de sintomas, pois estes variam muito. Cada um é único.

As causas do transtorno ainda são desconhecidas, mas pesquisas apontam para uma causa genética. É mais comum ter mais pessoas na família com o diagnóstico, ou que passaram a infância com esse diagnóstico de forma imperceptível. 

O que vemos muito, por exemplo, é o filho vir para a avaliação, e em seguida o pai perceber-se com algumas características dentro do quadro, ou apontar que quando era criança também fazia isso. 

9- Não são apenas meninos que são autistas

Acontece que o TEA ocorre mais em meninos do que meninas, para cada quatro meninos, uma menina é diagnosticada. Por isso a cor do dia da conscientização do autismo, comemorado em 2 de Abril, é azul. 

Outro fator que ocorre ainda é que em alguns casos os quadros de TEA em meninas são mais difíceis de serem percebidos e apontados, pois além do fator genético, as meninas são mais tímidas. Em algumas situações esse fator pode atrasar o fechamento de um diagnóstico. 

Lembrando que mesmo que um diagnóstico não seja fechado para o TEA, mas poucos sintomas são vistos, esses devem passar por intervenções para que possamos tirar de uma linha de risco, ou da dúvida de qualquer outro diagnóstico. 

10 – As pessoas que estão dentro do TEA  não são todas iguais

O indivíduo TEA não apresenta características físicas, e sim comportamentos relacionados ao transtorno.

O diagnóstico é realizado através de uma observação comportamental, sem exames adicionais para a detecção. Porém, é comum que o neuropediatra peça outros exames complementares para o descarte de outras possibilidades.

O que precisa ser avaliado e indicado para a intervenção são os comportamentos. Esse diagnóstico é fechado por uma equipe multidisciplinar, com fonoaudiólogo, psicólogo, terapeuta ocupacional, pedagogo, ou escola, e neuropediatra.

Veja mais: 6 perguntas e respostas sobre o autismo

AGMA – Associação Guarapuavana Mundo Azul

Guarapuava conta com uma organização que trabalha em prol da população dentro do TEA e para a conscientização sobre a causa. É a AGMA, Associação Guarapuavana Mundo Azul. 

A entidade é sem fins lucrativos e atua no âmbito da assistência social e saúde. Assim, conta com programas, projetos e serviços de proteção social básica. A finalidade é desenvolver e executar oportunidades de formação continuada nas áreas que contempla a pessoa autista como:

  • direitos humanos;
  • saúde;
  • prevenção;
  • educação;
  • habilitação;
  • lazer;

O objetivo é a inclusão e a qualidade de vida das pessoas dentro do TEA e sua família em todos os contextos sociais.

A AGMA é mantida por recursos oriundos de doações e trabalho de voluntários. A psicóloga Rosemeire Silva Pereira, que preparou esse conteúdo com a Mais Saúde, é um exemplo.

Para conhecer mais sobre o trabalho da Associação e se informar como ajudar, acesse as redes sociais.

Outra opção é o contato pelos telefones (42) 3304 2543 e  (42) 98442 5694.

Facebook:  @ASSOCIACAOAGMA 

Instagram @AGMA_GPUAVA

Leia mais informações como essa na Mais Saúde

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