A diabetes gestacional demanda atenção, já que se não controlada, a saúde de mãe e filho correm risco.
Uma brincadeira que sempre acontece com grávidas é falar que ela está comendo a mais por conta da criança que carrega. Por vezes, isso é até usado para justificar um ou outro exagero alimentar.
Porém, uma alimentação desregulada, associada a outros fatores de riscos, durante este período tão importante na vida de uma mulher pode resultar em diabetes gestacional.
Esse é um problema comum, com mais de 150 mil casos registrados por ano no Brasil, de acordo com o Hospital Israelita A. Einstein. Ela ocorre a partir do aumento dos níveis de açúcar no sangue da mãe e costuma surgir a partir da 24ª semana de gravidez (início do 6º mês).
Os cuidados para controlar a condição são importantes, evitando assim sequelas no futuro. Pessoas que desenvolvem diabetes gestacional correm maior risco de desenvolver diabetes do tipo 2 posteriormente.
A macrossomia fetal, o aumento demasiado do feto e fator de risco para partos traumáticos, também pode ser uma consequência. Conversamos com Ane Cunha (CRN/PR 814346), que é nutricionista materno-infantil, sobre esse assunto.
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Mais Saúde: A diabetes gestacional é fruto apenas de uma má alimentação ou pode ter outras causas associadas?
Ane Cunha: Essa condição pode ocorrer em qualquer mulher e nem sempre o diagnóstico é fácil. Por isso que é de extrema importância que todas as gestantes verifiquem como está a glicose em jejum e, principalmente, realizem o teste oral de tolerância à glicose.
Porém, existem sim alguns fatores de risco que podem tornar a diabetes gestacional mais favorável. Exemplos são a idade materna mais avançada e ganho de peso excessivo durante a gestação. Outro é o sobrepeso ou obesidade pré-gestacional, além de problemas como síndrome dos ovários policísticos.
Além disso, história prévia de bebês grandes (mais de 4 kg) ou de diabetes gestacional, histórico familiar de diabetes em parentes de 1º grau, como pais e irmãos, histórico de diabetes gestacional na mãe da gestante. Quem tem hipertensão arterial na gestação ou gestações gemelares também precisa se cuidar.
Mais Saúde: Quais podem ser os riscos da diabetes na gestação?
Ane Cunha: Quando exposto a uma quantidade inapropriada de glicose ainda no ambiente intrauterino, o bebê sofre risco de crescimento excessivo, problema chamado de macrossomia fetal. Essa condição pode acarretar em partos traumáticos, hipoglicemia neonatal, obesidade e diabetes na vida adulta.
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Mais Saúde: O tratamento consiste em um acompanhamento constante com médico e nutricionista, certo? O que costuma ser observado nesses casos?
Ane Cunha: O controle da diabetes gestacional é realizado por meio de orientação nutricional adequada. Para cada período da gravidez, uma quantidade certa de micros e macros nutrientes, divididos em refeições fracionadas corretamente.
A prática de atividade física também é altamente recomendada para redução dos níveis glicêmicos. Mas para isso precisa ser previamente avaliada e com a liberação do médico.
Para as gestantes que não obtém um controle adequado através da alimentação e atividade física, a indicação da SBD (Sociedade Brasileiras de Diabetes) é associar ao uso de insulinoterapia, que é seguro durante a gestação.
É importante destacar que gestações complicadas pelo diabetes, quando tratadas assertivamente e a tempo, provavelmente terão excelentes desfechos. Mantendo bebês e mulheres saudáveis.
A prática de atividade física também é altamente recomendada para redução dos níveis glicêmicos
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Mais Saúde: Essa condição pode continuar após o nascimento?
Ane Cunha: Como informado anteriormente, o histórico de diabetes gestacional é um importante fator de risco para desenvolvimento de Diabetes Tipo 2. Aproximadamente seis semanas após o parto a mãe deve realizar um novo teste oral de tolerância à glicose, sem estar em uso de medicamentos antidiabéticos.
A boa notícia é que o aleitamento materno pode reduzir o risco de desenvolvimento de diabetes. Outro aliado é a alimentação balanceada e a prática regular de atividades físicas.
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