Reeducação Postural Global (RPG) trata a desarmonia da coluna e busca o equilíbrio para o corpo.
Aquela dor chata e inconveniente nas costas são conseqüências, na maioria das vezes, de posturas erradas e movimentos inadequados. Quem já sentiu dores nas costas sabe bem como é. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% das pessoas já sentiram ou vão sentir um episódio de dor nas costas.
A coluna é o eixo do corpo e quando algo não está respondendo bem neste segmento se transforma em um problema que tira o sossego de qualquer um. Contudo, uma das alternativas, que está sendo bem aceita no Brasil e no mundo, é a Reeducação Postural Global (RPG). “A proposta de globalidade e individualidade do RPG é eficaz no tratamento de várias patologias e de forma especial as da coluna vertebral”, relata o fisioterapeuta membro da sociedade brasileira de RPG, Dr. João Orlando Cabreira Neto.
Baseado no princípio que os problemas posturais e músculos-esqueléticos são produzidos pelos encurtamentos das cadeias musculares, o RPG vai tratar as desarmonias e retrações do sistema muscular causadas pelas agressões do dia-a-dia, como sentar de maneira errada, fazer atividades sem tomar o devido cuidado com a coluna e a postura.
As principais patologias da postura são as retificações das curvaturas da coluna, como a lordose, cifose, lombalgia e a escoliose que se agravam, principalmente, em crianças. “Como as crianças estão em desenvolvimento a patologia tende a se agravar muito mais do que em adulto, pelo simples fato de sua coluna estar crescendo. Por isso as crianças devem ser observadas muito atentamente para que se possa fazer um diagnóstico precoce e um tratamento mais rápido, a fim de não afetar o seu desenvolvimento”, explica Cabreira.
Contudo, para iniciar o tratamento de RPG, conforme diz o fisioterapeuta, é necessário o encaminhamento médico com diagnóstico de alguma anormalidade e, a partir disto, o fisioterapeuta irá fazer uma avaliação do paciente para verificar qual cadeia ou cadeias musculares são responsáveis pelas queixas do mesmo. “O método RPG busca as causas do problema e trata o corpo como um todo, mesmo que a dor esteja concentrada em apenas um local. Assim é possível trazer o reequilíbrio e a harmonia para o corpo por meio de posturas terapêuticas que alongam, equilibram e reeducam as cadeias musculares. O RPG propicia respostas rápidas ao paciente, já na primeira consulta ele vai sair do consultório melhor do que entrou. Além disso, o índice de retorno pelo mesmo problema é muito menor que o da fisioterapia convencional”, assegura Cabreira.
Qual a diferença entre a fisioterapia convencional e a fisioterapia usando o método RPG?
“A fisioterapia convencional trata o segmento com o problema, e não a causa, ou seja, se o paciente chega ao consultório com lombalgia, o fisioterapeuta vai tratar só a coluna lombar. Porém, a lombalgia (dor lombar) pode estar relacionada há inúmeras causas, sendo esta um sintoma e não uma doença propriamente dita. No RPG será identificado as retrações e encurtamentos musculares que o segmento enfermo apresenta e, com isto, tratar as causas e conseqüências do problema com o trabalho de alongamento e respiração”, explica o fisioterapeuta.
Como vários músculos fazem parte de uma cadeia, segundo Cabreira, ao alongar o corpo, o paciente vai sentindo as retrações, não somente na região afetada e que provoca dores, mas até chegar aos reais culpados pela situação.
Para analisar e comparar os resultados do tratamento realizado com a fisioterapia clássica e o com a fisioterapia RPG, o autor de uma tese de mestrado da UNIFESP, Sandro Rogério dos Santos, acompanhou grupos que sofriam de lombalgia. Foram feitas 20 sessões, sendo duas por semana, e os resultados constatados foram: após a primeira sessão com a fisioterapia clássica, 20% apresentaram melhora, enquanto no RPG – 60%. Depois da 10º sessão – 45% não sentiam mais dor no método clássico, e no RPG o número foi de 80% dos casos.
O tratamento com RPG é individual. “Não existe RPG em grupo, pois o fisioterapeuta precisa acompanhar todas as compensações que o paciente está sentindo”, ressalta Cabreira. O número de sessões será definido na primeira consulta, onde é analisado o problema, as retrações e os músculos envolvidos.