Professora conta como o outubro rosa a ajudou a descobrir o câncer de mama. A doença descoberta aos 34 anos mudou a sua vida
As pernas e as mãos ficaram bambas. O corpo relaxou na cadeira. A respiração ficou presa. O momento ficou gravado na memória. Foi a primeira vez que a professora universitária da área de nutrição, Daniele Vieira, leu a palavra carcinoma em um de seus exames.
“É câncer mesmo”, falou sua mãe, soltando a frase que mudaria sua vida. Ela acabara de ter a confirmação que estava com câncer de mama.
A cena da qual não esquece foi marcada por um furacão de sensações.
“Depois disso parece que tudo congelou. Foi confuso, foi aterrorizante, foi angustiante, minha boca estava seca e minha respiração estava profunda”, confessa.
Porém, não podia demonstrar tudo o que sentia.
“Eu tentei ser o mais forte o possível. Dentro de mim foi uma sensação, mas eu tentava aparentar outra coisa para não assustar as pessoas ao meu redor”, rememora.
A força que Daniele buscava era para não preocupar a sua mãe, que a acompanhava naquela oportunidade. O pai e a irmã faleceram em decorrência de câncer antes, por isso, a professora tentou poupá-la de preocupações maiores.
O quadro familiar inclusive, ajudou-a a descobrir que a sua família é portadora da síndrome de Li Fraumeni, uma condição rara que cria predisposição genética a desenvolver tumores primários.
Prevenção Câncer de mama
A batalha que Daniele enfrentou não foi única. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer, o INCA, indicam que a doença na região mamária é o tipo mais comum no Brasil. Ela é, também, a que mais causa mortes ao redor do mundo, estima-se que foram 684.996 óbitos em 2020.
A melhor forma de combater é a prevenção. Segundo o médico oncologista Alexandre Dias França (CRM PR 24552) um acompanhamento médico de rotina pode ajudar a prevenir o surgimento dos tumores malignos ou diagnosticar precocemente essas lesões.
O principal aliado nessa guerra é aquele que as campanhas de outubro rosa sempre lembram: um simples toque.
“É muito importante realizar o auto-exame das mamas regularmente e a mamografia a partir dos 50 anos de idade”, explica o médico.
“A mamografia, ou outros tipos de exames complementares, podem ser antecipados em casos de maior risco individual ou familiar”, complementa.
A importância das campanhas como o outubro rosa
Descobrir cedo foi o que ajudou Daniele a ter sucesso em seu tratamento. Há época, com 34 anos, ela disse ter sentido um pequeno caroço em um dos seios.
“Eu senti o nódulo sozinha, mais ou menos em agosto de 2019, senti deitada na cama, mexendo no cabelo. Era como se fosse uma ervilha amassada. Era algo diferente. E eu não tinha dor nenhuma”, recorda.
Por achar que podia ser algo relacionado a menstruação e estar com foco voltado ao trabalho, ela resolveu aguardar algum tempo para ver se o caroço continuava presente, antes de tomar alguma atitude.
“Quando vieram as campanhas do Outubro Rosa, eu resolvi procurar minha ginecologista para uma consulta”, conta. “Ela pediu um exame de ecografia mamária. Nesse exame veio uma classificação de risco de nível 4, que vai até 5”.
A partir disso, Daniele começou uma série de exames e acompanhamentos que resultaram no diagnóstico.
Ao total, foram 16 sessões de quimioterapia e uma cirurgia de mastectomia. Um processo que levou mais de um ano.
Hoje a doença de Daniele está em remissão. Ela ainda precisa fazer a cirurgia na outra mama, além de tomar medicamentos da quimioterapia oral por mais alguns anos, porém o saldo de seu tratamento foi positivo.
O sucesso no enfrentamento à doença tem causa.
“Procurei o atendimento cedo, todos os médicos falaram para mim que isso foi importantíssimo, porque eu tive sucesso no tratamento”.
Vida nova
O período de um ano e meio que conviveu com a doença e ficou afastada do trabalho ensinou preciosas lições para Daniele.
“Me sinto curada, tenho uma vida normal. Eu valorizo todos os dias. Eu acordo e agradeço por estar trabalhando novamente. Por estar em contato com minhas colegas de trabalho, minhas alunas. Hoje em dia eu sou mais feliz do que antes do câncer”, reflete.
Ela conta que a experiência a ajudou a mudar a maneira que se relaciona com os demais problemas do cotidiano. Antes estressada, ansiosa e tensa, a professora, que não conseguia se desligar do trabalho, é hoje uma pessoa que tenta aproveitar o momento, procurando ser feliz da maneira que puder.
Essa visão, é a mensagem que ela compartilha para aquelas mulheres que estão entrando no turbilhão que ela já experienciou.
“Viver um dia de cada vez. Um dia, durante o tratamento, a gente estará mal e não vai sair da cama. Mas na semana seguinte você irá levantar querendo viver tudo o que não viveu quando estava mal”, ensina.
“Então meu conselho é esse, ser o mais possível verdadeiro possível consigo mesmo e viver tudo o que você quer sentir. Se permitir”, completa.
Daniele compartilhou mais detalhes sobre o tratamento contra o câncer em seu Instagram @dani_gvieira
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