Com o estilo de vida atual, a doença deixou de ser um problema exclusivo do público adulto.
As crianças e adolescentes, cada vez mais, vêm gastando menos energia. Moram em locais menores, como apartamentos ou casas sem quintais, preferem jogar vídeo game a brincar na rua, andam mais de carro e se alimentam da maneira errada, preferindo guloseimas como balas, bolachas recheadas, batatinhas fritas e hamburguers. Isso pode trazer sérias conseqüências como à obesidade e a hipertensão arterial sistêmica (HAS).
Na população jovem, especialmente antes dos 20 anos, a causa da HAS corresponde principalmente ao estilo de vida. “É importante ressaltar que quando se identifica hipertensão arterial sistêmica no público jovem é necessário investigar uma provável causa secundária (curável em alguns casos), podendo dessa forma modificar a história natural desta doença”, explica a cardiologista, Rosane Cury Décio. Segundo a cardiologista, a prevalência da HAS secundária parece oscilar entre 5 e 10%, tendo como etiologias doenças renais, a apnéia obstrutiva do sono, tumores das glândulas supra-renais, além do uso de estrogênios (contraceptivos orais) e corticosteróides.
A HAS primária ou essencial é mais freqüente e não tem uma etiologia definida. “A HAS primária é responsável por10 a20% dos casos e a história familiar da doença se faz presente”, afirma Rosane. No entanto, a médica diz que o aparecimento da HAS na população jovem deve-se, além da predisposição genética, a fatores como obesidade, sedentarismo, tabagismo e, em uma frequência menor, o alcoolismo.
Os maus hábitos alimentares como o consumo excessivo de alimentos gordurosos e de sal na preparação das refeições contribuem para o aparecimento precoce da HAS nas crianças e adolescentes com predisposição genética. “O problema da alimentação errada é cultural. Geralmente as crianças que se alimentam de maneira inadequada são espelhos dos pais. Em primeiro lugar, como o mundo modernizou, a mulher saiu de casa para trabalhar, então a alimentação dos filhos teve que ser simplificada. É muito mais rápido e fácil comprar alimentos semi prontos, como macarrão instantâneo, massas prontas, pizzas, hamburguers, do que ter que cozinhar. Somado a isso, muitas crianças não comem frutas e verduras e se os pais forem interrogados, também não o fazem”, alerta a endocrinologista, Fabiana F. Diéguez.
A vida sedentária das crianças e jovens é outro problema agravante. “A prática de exercícios físicos numa frequência menor que 3 vezes por semana e/ou com duração inferior a 20 minutos está relacionada a um risco maior de até 30% em desenvolver a HAS”, revela a cardiologista. È possível reverter este quadro, de acordo com as médicas, começando pelo controle de peso, prática regular de atividade física, redução de sal na alimentação, evitando o tabagismo, o consumo de bebidas alcoólicas e o estresse.
O que a hipertensão arterial pode acarretar?
Segundo a cardiologista, a HAS não controlada aumenta o risco de doenças cérebrovasculares – derrame cerebral, infarto do miocárdio e insuficiência cardíaca – de doenças renais com insuficiência renal, oculares (retina) e obstrução nas artérias periféricas (nas artérias dos membros inferiores leva à dificuldade progressiva na deambulação).
O pior é que na grande maioria dos pacientes a HAS é silenciosa, ou seja, não causa sintomas. “Os pacientes com níveis de pressão mais elevados podem apresentar sintomas vagos como tontura, dor de cabeça, cansaço, nervosismo e vermelhidão no rosto”, diz Rosane.
“Não deve ultrapassar a 6 gramasdiários: 2g presentes naturalmente nos alimentos e os 4g restantes para tempero dos alimentos (2 colheres de chá rasas). Não levar saleiro à mesa e evitar o consumo de enlatados, embutidos, alimentos em conservas, molhos prontos, temperos prontos e salgadinhos tipo snacks”, aconselha a cardiologista. .