A psicóloga Marionita Gonçalves Dias (CRP 08/19722) fala sobre a tentativa constante de equilibrar os cuidados domésticos com a carreira, e como isso é fonte de problemas emocionais para mulheres
Lidar com a culpa por não ter aberto mão do negócio que criou com a chegada dos filhos gêmeos. Essa era a batalha cotidiana travada pela psicóloga e empreendedora, Marionita Gonçalves Dias. “Uma empresa recém aberta, a surpresa da chegada dos gêmeos e não ter aberto mão da empresa para dedicar exclusivamente aos três filhos gerou um sentimento de culpa ainda não superado”, confidencia, ao lembrar do quadro depressivo que enfrentou durante o período.
A sócia proprietária do Marionita Beleza e Bem Estar e Esmalteria da Marionita entende que seu caso não é único. Segundo fala, a origem do sentimento é cultural, já que a sociedade, por décadas, ensinou que a responsabilidade feminina era cuidar da casa, filhos e marido. Apesar do tempo ter passado, a pressão não diminuiu, apenas se intensificou.
Atualmente os problemas são maiores por conta do ambiente comunicacional em que vivemos, em que as redes sociais acabam prestando um desserviço ao lidar com a autoculpabilidade. “Você precisa ser uma grande profissional, uma mãe exemplar e ainda ser bela e andar na moda. É o que te vendem todos os dias”, lembra a psicóloga. “Faça um filtro em tudo isso”, aconselha.
Como consequência, uma sobrecarga, tanto física, quanto psíquica, pode ocorrer. Desse fato, algumas patologias podem se originar, como a depressão, ansiedade, síndrome de burnout, depressão pós-parto, entre outras. O machismo também pode influenciar negativamente esse quadro, como lembra Marionita, já que, seja por medo de críticas, ou por desinteresse do parceiro, as esposas não conseguem dividir as tarefas do lar, Tornando-se centralizadoras e frustradas por não conseguir dar conta.
Autoconhecimento é o caminho
Como dica para superar esses problemas, a psicóloga e empresária explica que é necessário reconhecer o padrão de funcionamento familiar no qual está inserida e definir em que a mulher se distingue. “O caminho é entender essas histórias e definir no que você é diferente e no que você quer fazer. Persistir, sem se culpar, caso muitas vezes você não consiga”.
Marionita também usa seu caso como exemplo positivo. Ela relata que procurou profissionais capacitados e especializados para ajudar na administração do seu negócio, assim começou a conseguir conciliar suas duas jornadas, a maternal e a empresarial. “Precisei aceitar que eu amo ser mãe e vou dar sempre o meu melhor para os meus filhos, que eu não preciso ser perfeita para ser amada por eles, e que isso, e o bem-estar deles, é o que importa, não o que os outros pensam de mim.”, finaliza.
Conselho de Marionita.
“Toda mulher de mente brilhante tem suas fraquezas, afinal ela é humana, certo? E essas fraquezas serão usadas contra ela por quem quer apenas sugar o seu potencial, fazendo-a acreditar que não é tão boa assim. Nunca se esqueça disso, não deixe ninguém, absolutamente ninguém, lhe faltar com respeito ou te colocar para baixo!
É nas mais dolorosas crises que podemos definir o que queremos ou não para nossas vidas e assim trabalhar nosso poder de resiliência”.
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