As finanças podem ser o motivo para problemas psicológicos. Como agir nessas situações?
Chega o fim do mês e as contas começam se acumular? Está difícil dormir sem se preocupar se o dinheiro é suficiente para pagar tudo? Para quem está endividado, muitos distúrbios psicológicos costumam surgir, como síndrome do pânico, estresses, ansiedade e outros. De acordo com a psicóloga Liridiane de Melo Fabrício (CRP 08/22774), isso costuma ocorrer porque tudo em nós é interligado, se uma parte é afetada, as demais sofrerão com algum dano.
“A saúde mental vai além da ausência de doenças mentais, ela também diz respeito em como lidamos com todas as demandas do dia a dia e se conseguimos enfrentar os desafios e mudanças cotidianas com equilíbrio”, afirma a psicóloga, que garante que a melhor maneira de não passar por esse tipo de problema é manter sempre uma organização financeira e evitar dívidas.
Como se organizar financeiramente?
De acordo com dados de uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) em 2015, todos os consumidores entrevistados cedem em algum grau às compras por impulso, sendo 46,6% com grau médio de impulsividade e 41% admitem que “às vezes compra coisas no calor do momento”.
Outro dado interessante observado nesta pesquisa é que em todos os estágios das compras por impulso estão associados a satisfação e sensações positivas: euforia, calma, felicidade, alegria e disposição. Caso seja identificado que a maioria dos gastos são desse gênero, algumas dicas podem ajudar. São elas:
- Quando sair evite levar o cartão de crédito, prefira carregar uma quantidade limitada de dinheiro;
- Procure atividades que não envolvam gastos financeiros, como fazer uma caminhada e atrações gratuitas;
- Tentar identificar o real motivo das compras, qual tipo de emoção ou ganhos secundários busca alcançar e tentar encontrá-los em outros meios;
- Recomenda-se que a pessoa análise e mude seus hábitos financeiros e se necessário peça ajuda.
Segundo Liridiane, o primeiro passo é identificar a causa do endividamento e quais são os maiores gastos. Na sequência, recomenda-se fazer uma planilha para mensurar o valor das dívidas e quem são os credores.
Estipular metas de pagamento das dívidas e para poupar dinheiro também podem ajudar. Além disso, é importante que o indivíduo reveja seus hábitos para que não ocorra um novo endividamento, bem como, tirar um tempinho para buscar informações sobre organização financeira com o intuito de aprender a utilizar melhor o seu dinheiro e formas de eliminar e negociar dívidas. “Não tenha medo ou vergonha de pedir ajuda. Às vezes, numa simples conversa com amigos e familiares podem surgir boas ideias para resolver o problema”, alerta a psicóloga.
O que dá para eliminar do orçamento?
Muitas vezes, para conseguir fazer uma organização adequada na vida financeira, é necessário fazer uma “limpeza” na vida pessoal. De acordo com Liridiane, é importante avaliar a saúde física, psicológica e social e identificar comportamentos e até pensamentos que acabam prejudicando a própria pessoa, como exemplo as compras por impulsos, excesso de álcool, tabagismo. Também há alguns comportamentos que se frequentes podem desencadear doenças, como o vício em jogos e internet, alcoolismo e compras compulsivas. Ambas as situações se não cuidadas podem desencadear gastos financeiros desnecessários e problemas de saúde.
“Vale lembrar que em tempos de pandemia é essencial cuidar da saúde emocional, para isso escolher fontes confiáveis de informações e evitar olhar as notícias a todo momento”, ressalta a psicóloga.
Toda mudança tende a gerar um desconforto emocional, mas também é uma oportunidade de aprendizagem. A família deve estimular o diálogo e evitar conflitos, promovendo reflexões sobre os prós e contras das mudanças e tentar olhar para a situação de maneira realista (nem positivo demais e nem negativo demais) buscando encontrar soluções.
Normalmente, em períodos de mudança a pessoa já tem preocupações e insegurança decorrentes da situação, é saudável que a família ofereça um espaço acolhedor e seguro psicologicamente falando. Em casos de dificuldades em lidar com mudanças, é recomendado a ajuda psicológica.
A psicoterapia pode trazer diversos benefícios, tais como melhorar o autoconhecimento, aprender a lidar com frustrações, medo e a ansiedade, prevenção e diagnóstico de doenças mentais, identificar e corrigir crenças e pensamentos disfuncionais, entre outros. Através das consultas o paciente consegue organizar seu pensamento e expor o que sente, aumentando a clareza sobre o que está vivenciando. Cuidar da nossa mente e das nossas emoções é fundamental para a nossa qualidade de vida e é também um ato de amor próprio. Indivíduos mentalmente saudáveis conseguem reconhecer que todos tem falhas e sabem procurar ajuda quando necessário.
Dica!
Muitas pessoas estão em situações bem difíceis financeiramente e ainda encontram-se desempregadas. Neste caso o ideal é que a pessoa some todos os recursos que ainda possuir, como por exemplo benefícios, fundo de garantia, verbas rescisórias, investimentos e tente guardar para pagar as dívidas. Se possível fazer um reserva de emergência a partir desses valores. Tendo em vista que a pessoa está desempregada e sem previsão de quando terá uma fonte de renda fixa novamente, o ideal é estipular prioridades e evitar gastos supérfluo bem como parcelamentos e créditos.