“Com fogo não se brinca”, esse é o tema da campanha criada pela Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ)

No mês passado, iniciou-se a campanha “Com fogo não se brinca”, com o objetivo de alertar para os riscos que queimaduras podem oferecer. A Secretaria de Saúde de Guarapuava juntamente com profissionais membros da SBQ buscam conscientizar os guarapuavanos sobre os cuidados necessários para aliviar esse tipo de lesão.

Grande parte das queimaduras, acontecem em ambiente domiciliar, especialmente em épocas frias. De acordo com o enfermeiro Evandro Borba (COREN 56837) e a fisioterapeuta Adriana Virgínia de Paula (CREFITO 9356- F) ambos membros da Sociedade Brasileira de Queimaduras, as que mais ocorrem são: as térmicas, ou seja, pelo fogo, sol, água quente ou produtos em combustão, as químicas, por meio do uso indevido de soda cáustica para limpeza doméstica e elétrica, com o uso de soldadores em oficinas mecânicas. “Em uma situação de incêndio há a produção de fumaça e  muitas vítimas não morrem apenas pelo calor. Lembramos o que ocorreu na Boate Kiss em 27 de janeiro de 2013, a maioria das vítimas deste triste incidente foram asfixiadas devido a combustão dos materiais no local, o que mais uma vez nos alerta para o perigo da fumaça em situações de incêndio”, alertou o enfermeiro. 

A equipe de jornalismo da Revista Mais Saúde entrevistou o profissional, que explicou os motivos do aumento de incidência de casos no inverno e também deu dicas de primeiros socorros em casos de queimaduras. 

Mais Saúde: por que as ocorrências de queimaduras acontecem mais no inverno?

Evandro: às ocorrências de queimaduras ocorrem durante o ano todo, principalmente em nossa região que é mais fria o que proporciona a utilização do fogo para preparo de alimentos, para aquecimento do domicílio e, muitas vezes, de forma imprópria para queimar materiais acumulados. Outro problema que temos observado é que com o fechamento das escolas diante da pandemia de Covid-19, as crianças têm permanecido mais tempo em casa e por vezes sem a observação dos pais que precisam continuar trabalhando para manter o sustento o que facilita o acesso destes a situações de risco.  

Mais Saúde: qual faixa etária está mais suscetível a acidentes que gere como resultado uma queimadura? 

Evandro: segundo a Sociedade Brasileira de Queimaduras, estima-se que, no Brasil, ocorram em torno de 1.000.000 de acidentes com queimaduras por ano. Destes, 100.000 pacientes procuram atendimento hospitalar e cerca de 2.500 irão falecer direta ou indiretamente de suas lesões e ainda 30% destes pacientes são crianças até 9 anos de idade o que ocorre também em nossa região. 

Mais Saúde: como está sendo feita a campanha neste ano? Quais os principais pontos que é preciso destacar? 

Evandro: este ano mesmo na situação atípica de pandemia nós não podemos deixar de informar e lembrar a nossa comunidade sobre os riscos das queimaduras, porém campanhas diretamente com o público fica inviável. Mas como sempre o interesse dos meios comunicação em divulgar assuntos que “atinjam” diretamente a comunidade nos ajuda muito.  

Mais Saúde: ao se deparar com uma pessoa com queimaduras, quais passos é preciso seguir?

Evandro: se estiver com fogo no corpo sempre, pare, deite e role! Cubra a área ou o corpo se estiver queimando, pois a falta de oxigênio inibe a combustão. Quando ocorrer um acidente doméstico, interrompa o processo de queimadura, remova roupas, joias, anéis, piercing e próteses e ainda cubra as lesões com tecido limpo. Aplique água em abundância e evite colocar qualquer produto no domicílio como: pasta de dente, borra de café, pomadas que estejam disponíveis no domicílio e outros. Procure imediatamente uma unidade de saúde para receber o tratamento adequado. A orientação é que em locais fechados com muita fumaça se “arraste” no chão, pois a fumaça sobe e sempre fica uma área no chão livre desta, além disso, improvise um tecido se possível molhado e coloque nas vias aéreas até sair deste ambiente.

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