A saúde terá sempre uma única definição: bem estar físico, emocional e social
Por Edson Carlos Crema (CRM 4042)
Pandemia se define como enfermidade disseminada para regiões do globo por um mesmo agente e de forma semelhante. Já a epidemia se refere ao aumento do número de casos numa região, num período e pode atingir um município, um estado ou um país. A história dos homens está marcada por epidemias e pandemias. Foram muitas ao longo da história, como peste negra, cólera, tuberculose, gripe espanhola, Aids (SIDA) que dizimaram milhões de pessoas. Erradicamos quase todas, com medicamentos vacinas e outras mantidas como controladas, mas ainda sem curas. Vivemos a pandemia do Covid-19. O coronavírus vem de uma família de vírus que causam infecções respiratórias, broncopneumonias e Síndrome de Insuficiência Respiratória grave (SARA) e foi identificado na China, em dezembro de 2019.
Cabe diferenciar neste texto o termo “endemia” que se refere às doenças típicas de uma localidade ou região. Entre elas estão malária, febre amarela, dengue, esquistossomose, doença de chagas e outras. Vale ressaltar a denominação agente etiológico e vetores. O vetor é aquele agente responsável por transmitir o agente determinante da doença, que
pode ser vermes, mosquitos, besouros, pulgas, pernilongos, gatos, ratos, carrapatos, peixes e outros. Sendo assim, o vetor será sempre o agente intermediário entre dois seres, podendo ser o homem o reservatório final. Porém, nem toda doença precisa de vetores e, às vezes, aparece pelo agente causador viral ou bacteriano diretamente até ao homem.
Segundo a OMS, o Covid-19 tem como causa os morcegos como transmissores do vírus ou como vimos são os vetores da doença. A grande questão está no comportamento humano e sua intervenção na natureza. Destruímos o habitat natural dos animais e várias es-
pécies passaram a procurar alimentos e abrigos próximo às cidades. O desma-
tamento de nossas florestas faz mal à saúde e já estamos vendo a incidência maior de leishmaniose e malária. Também os morcegos começaram a buscar novos habitats e se aproximar mais dos humanos. Ninguém pode prever o futuro, mas, seguramente poderemos reconstruí-lo melhor. O mundo parou e a ansiedade e desentendimentos tomam conta do psicológico humano. Precisamos uns dos outros para nos superarmos e necessitamos urgentemente reformular nossa educação e reconstruir um novo homem.
Entre você e eu existe o nós, que se tranque eu e se libere o nós. Educação de qualidade pode mudar tudo. Imagine uma atitude: há sessenta anos, eu sabia tudo e agora sei que nada sei. Uma educação progressiva da nossa ignorância é o que constata e se é estamos agora bem esclarecidos sobre nossa ignorância, entendamos, pois, fomos nós que criamos o Covid-19. Neste sentido, disciplinas como psicologia e filosofia básica podem agregar valores e proporcionar cura, pois ao se dar conta o homem que ele tem dentro de si uma força instintiva, criadora e destruidora, este homem pode seguir caminhos muito mais éticos, orientando melhor suas palavras, pensamentos e atitudes na construção de si. Mas para que isto aconteça a razão deve ser a referência para o instinto. Pois acontece o contrário nossas ações se processam primeiro pelo pensamento e depois chega à razão, às vezes chega tarde. A educação em tal sentido, nunca será despesa, é
investimento com retorno garantido. Esta nova filosofia e psicologia da educação deverá ser embasada em conceito ético e morais tão necessários ao homem moderno, alheio que foi a uma realidade espiritual, provocando o desaparecimento de Deus do horizonte da humanidade. E já estamos vendo mudanças que ficaram muito evidentes nestes tempos de recolhimento. Deus começa a reemergir na alma dos homens, no exato momento, em que a razão e falta de fé parecem ter alcançado o fim de estrada. O Pós epidemia, trará tempos novos que dizem sobre nossa temporalidade e nossa finitude e nos tornamos todos interdependentes de nossa vulnerabilidade e a individualidade deve dar lugar ao coletivo. Que a passagem do Covid-19, seja um alerta e uma espécie de cura dolorosa para nossa insensibilidade, indiferença e tanta ingratidão que habita em nossa interioridade, características de uma alma doente consumista, prepotente e incrédula. O cristianismo sempre nos possibilitou um horizonte ético para direcionamento e cura da nossa psique. Mas, as forças do nosso ego nunca estiveram consonantes com consciência, razão e
espirito. São necessários, contudo, não imperiosos, algum vazio da alma é pre-
enchido, mas não a totalidade da psique.
Agostinho, de Hipona, neste viés diz que o homem tem um vazio dentro de si que só pode ser preenchido por Deus. E, por esta via, que o cristianismo tem muito a nos oferecer. A educação vendo o homem total e não fragmentado.
Se a medicina fala em corpo, mente e social em harmonia, a psicologia cristã confirma e acrescenta a dimensão espiritual ao todo. O homem como exterioridade, interioridade e profundidade. A dimensão espiritual deve ser o grande educador e referencial para a psique. O exercício da empatia faz nascer o amor. E nos traz a noção de mundo melhor. Que seja um laço invisível na conexão das pessoas, um cimento de saúde social e trabalhe a educação na construção do amor, é uma bolha de bem que vai e retorna a você.
Se o homem é espirito, social, mental, é corpo também. Vejo que a medicina tradicional trabalha bem a questão de busca de medicamentos no combate as doenças, como vem buscando a droga que dará final a este tão deletério agente viral. Porém, não podemos es-
quecer da nossa imunidade, que se estiver boa, dificultará a entrada de agentes causadores de doenças. A população idosa é a mais carente em vitamina D3 e se agrava por ter doenças associadas. O mundo está carente de vitaminas e nutrientes ligados a imunidade humana. É o caso da melatonina, vitamina D3 e todo o elenco de vitaminas.
Quem não está atento a demanda de estresse em que vivemos e o papel nocivo das toxinas ambientes, está desconectado com a vida. Temos várias referências de checagem dos elementos envolvidos com a saúde. Exames como cortisol, proteína C ultra sensível, serotonina, TSH, FSH, testosterona, estrógenos, colinesterase e outros marcadores podem nos informar sobre fadiga, falta de energia, depressão, ganho de peso, insônia, pele, unhas e cabelos. Infecções frequentes além de melhorar o enfoque em doenças como diabetes, hipertensão, osteoporose, doenças autoimunes, as cardiovasculares e prevenção de câncer.
Auguste Comte (1798-1857), fundador da sociologia moderna elaborou uma sentença sociológica, após grandes crises, que o homem tem como remediar o caos social principalmente em guerras, revoluções internas e nós acrescentamos o mais terrível confronto que é o enfretamento de grandes epidemias. Os fenômenos universais serão dependentes e deverão ser estudados. Serão esses fenômenos
universais, essas catástrofes, guerras ou pandemias decorrentes de designos de forças sobrenaturais? (designos de Deus?). Será que tudo isso é condizente com a má conduta humana? Nós entendemos que as ciências exatas e humanas se completam e podem dar uma resposta que nos satisfaça. Auguste Comte desempenhou papel importante nos ideais brasileiros, muito em falta em nossos dias. É de sua autoria a frase e lema dos ideais brasileiros “Ordem e Progresso” e eu acrescento “Avante Brasil”.