Por Alessandra B. Junger Gavarrete – Ginecologista (CRM 21394)
Os mamíferos têm como hábito o ato de ingerir a placenta após o parto, conhecido como movimento de placentofagia. Os humanos não incorporaram essa tradição, porém, recentemente surgiu um movimento de mulheres, principalmente nos Estados Unidos, interessadas na ingestão da placenta pós-parto. Os benefícios, segundo esse movimento, seriam evitar o sangramento pós-parto pela presença da ocitocina, evitar anemia e deficiências de vitaminas, além de diminuir casos de depressão pós-parto.
A placenta seria consumida crua, cozida, assada, desidratada, em tinturas ou encapsuladas. Embora existam muitas empresas americanas oferecendo o preparo da placenta, não há evidências científicas de nenhum benefício entre os humanos, pois não teria retenção de nutrientes e hormônios suficientes na encapsulação placentária.
Ao contrário do que o movimento de placentofagia acredita, esta prática pode ser prejudicial para a mãe e o bebê. Houve um caso de recém-nascido infectado pelo estreptococo do grupo B após a mãe ingerir a placenta encapsulada contaminada. Por enquanto, o centro de controle de doenças dos EUA não recomenda a placentofagia e orienta que deve ser evitada por não haver benefícios documentados na literatura.