O hábito de ingerir apenas comida crua vem ganhando espaço no Brasil
A alimentação viva, ou o movimento chamado raw food (em tradução livre comida crua), surgiu na década de 1990 nos Estados Unidos e está conquistando seu espaço no Brasil. Apesar de ter gerado certa desconfiança no início, hoje, o crudivorismo está presente em diversos regimes alimentares no mundo.
É importante frisar que não é uma dieta, mas sim, um estilo de vida. Seus seguidores optam por uma dieta baseada em alimentos crus, frescos ou desidratados. O cardápio é variado: pode-se comer vegetais, sementes, grãos germinados ou brotos (grão de bico, alfafa, trigo, arroz, lentilha e ervilha, por exemplo) e até alguns produtos de origem animal, como laticínios e mel.
Dentre os benefícios dessa alimentação, está a melhora na disposição, a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, como a obesidade e diabetes, e também o aproveitamento integral dos nutrientes. “É um método alimentar totalmente de origem vegetal, em alguns casos, animal, in natura e se abstém de aplicação térmica, ou seja, não há destruição das enzimas, que são as responsáveis por transportar os nutrientes para as nossas células”, explica a nutricionista Thalyta Matoso.
A alimentação viva pode ser interessante também para quem busca o emagrecimento, como ressalta a nutricionista. “A raw food é tão rica em nutrientes que irá reformular seu organismo. Primeiro, o corpo será desintoxicado e naturalmente ocorrerá uma restrição calórica, pois, esse modo de se alimentar é subsidiada por origem vegetal somente, que tem baixo teor calórico e consequentemente o emagrecimento”.
A terapeuta e instrutora de yoga, Caroline Mazur, de 28 anos, é adepta ao crudivorismo e há quatro anos, iniciou um curso em Curitiba onde aprendeu a fazer trufas e doces a partir de castanhas e frutas secas. Ela já era vegana há um ano na época. “Tenho como principal razão a busca pela verdadeira harmonia com a natureza, a sustentabilidade e a liberdade de todos os seres. O crudivorismo veio como uma possibilidade ainda maior disso tudo”, afirma Caroline.
Para ela, a maior diferença ao se tornar adepta ao raw food, foi a questão da energia, desencadeando uma melhor disposição, digestão e qualidade do sono. “Nós comemos para ter energia para realizar nossos afazeres, certo? Então por que toda vez que nos alimentamos nos sentimos pesados e sonolentos? Na alimentação crua isso não me aconteceu mais. Ela não consome energia, ela soma. Todos os órgãos do nosso corpo funcionam em plena harmonia”.
Já a designer de moda Flávia Bampi, de 29 anos, que é vegana há quatro anos e no último ano está com 90% de sua alimentação baseada em produtos essencialmente crus, relata que a transição a fez ter mais consciência do que é saudável e também o hábito de consumir alimentos frescos, orgânicos e de produtores locais e isso resultou em inúmeros benefícios na sua vida. “Tenho percebido uma energia e disposição cada vez maior. Consigo observar e entender meu corpo cada dia mais, além de ser um incrível autoconhecimento. Além de melhorar o funcionamento do intestino, a pele também melhorou”, diz. Atualmente, ela e o companheiro estão em processo de transição ao crudivorismo, sendo que já são adeptos ao frugivorismo.
Qualquer pessoa pode iniciar o raw food como estilo de vida, que é extremamente saudável. Essa opção faz com que os alimentos de baixa qualidade nutricional que trazem aditivos como conservantes, aromatizantes e corantes, deixem de fazer parte da alimentação. Mas antes é recomendável realizar uma avaliação com um nutricionista para que se alcance o objetivo com qualidade, e acima de tudo, com saúde.