Maus hábitos alimentares aliados ao estresse são uns dos principais causadores do problema
A incidência da gastrite tem aumentado nos últimos anos. Uma pesquisa realizada pela Federação Brasileira de Gastroenterologia estima que aproximadamente 70% dos brasileiros tenham gastrite. Mas nem todas as pessoas entendem a gravidade e a necessidade de tratamento. “A gastrite é uma danificação ao revestimento do estômago. Se origina do enfraquecimento da barreira mucosa que protege a parede estomacal. Assim, os sucos gástricos danificam os tecidos de proteção do estômago”, afirma o cirurgião geral Edson Bruck Waepechowski.
A gastrite é classificada em diferentes grupos, dependendo do seu grau de intensidade, sendo causada por diferentes fatores. “Um deles, por exemplo, é através de bactérias, a mais comum é a helicobacter pylori, que surge no estômago e faz com que a pessoa adquira a gastrite, em casos mais graves úlceras e até mesmo câncer de estômago”, explica. Segundo Edson existem duas formas de gastrite:
Gastrite Aguda: É esporádica, a gastrite aguda ocorre, por exemplo, em casos em que uma pessoa consome muita bebida alcoólica em um dia e no dia seguinte enfrenta uma grande queimação no estômago. Essa queimação é resultado da produção em excesso do ácido do estômago, que acaba inflamando a mucosa do órgão. O consumo em excesso de alimentos e as situações de estresse também podem gerar produção em excesso do ácido. A doença pode ser originada, também, por meio da Gastrite Medicamentosa, causada por ingestão excessiva de alguns tipos de remédios, como os anti-inflamatórios, que tenham potenciais lesivos nas células capazes de causar gastrites hemorrágicas com sangramentos gástricos, às vezes, graves.
Gastrite crônica: Na gastrite crônica, a mucosa do estômago se encontra inflamada por períodos mais longos de tempo, permanentemente e independente da quantidade de ácido produzida, pouco, normal ou em excesso. Nesses casos os pacientes podem ou não ter dor persistente. Entre as possíveis causas da gastrite crônica estão a Gastrite Nervosa, como a pessoa com transtornos de ansiedade ou pelo estresse crônico e a Gastrite eosinofílica, causada por reações alérgicas autoimunes ou presença de parasitas que causam reações alérgicas (vermes do tipo estrongilóides).
Edson aponta as causas que originam o desenvolvimento da gastrite:
- Remédios: alguns remédios como antibióticos, analgésicos e antiinflamatórios são danosos para o revestimento da parede do estômago, causando um enfraquecimento do mesmo;
- Alimentação: bebidas alcoólicas, refrigerante e café quando consumidos em excesso irritam o estômago e dificultam a produção de suco gástrico. Além disso, alimentos como frituras, embutidos, enlatados, excesso de carne vermelha entre outros, são grandes potencializadores da gastrite;
- Cigarros e outras drogas: um dos fatores que mais incidem para causa da gastrite são os cigarros, narguiles e outras drogas. Eles são extremamente danosos ao sistema imunológico além de provocar danos irreversíveis ao estômago e todo sistema digestivo;
- Estresse: é muito comum, atualmente, pacientes reclamarem do excesso de atividades diárias, o estresse assim como outras doenças psicológicas como a depressão, são catalisadores do mal estar gástrico;
- Doenças autoimunes: algumas doenças podem desenvolver anticorpos que atacam a células que compõem o revestimento do estômago;
- HIV / Aids: a infecção pelo vírus do HIV, causador da Aids, apresentam falhas no sistema imunológico e estão mais sujeitas à ação de bactérias e outros vírus, assim como pacientes diagnosticados com a doença de Chron e com infecções provocadas por parasitas;
- Idade: pessoas mais velhas têm mais chances de desenvolver gastrite, uma vez que o revestimento estomacal está mais frágil, no entanto, isso não é mais uma regra, cada vez mais jovens têm adquirido a gastrite.
Sintomas de Gastrite
Para o cirurgião geral, cada pessoa possui características singulares. Portanto, a doença será diferente em cada organismo. “Há pacientes com mais sensibilidade no estômago, que sentem muitas dores, mas quando examinados encontramos um grau baixíssimo de gastrite, já há outros que nem sabem que têm a doença e já estão em uma situação mais crítica”. O especialista elencou algumas características que apontam se o indivíduo pode ter a doença:
- Indigestão;
- Dores;
- Sensação de queimação e azia;
- Sensação de saciedade;
- Gases e arrotos;
- Náuseas;
- Vômitos;
- Falta de apetite;
- Dores abdominais;
- Inchaços abdominais;
- Fezes escuras;
- Vômito de sangue ou material semelhante à borra do café.
Tratamento para a Gastrite
Segundo Edson, é importante, ao sentir qualquer um desses sintomas procurar um médico especializado e fazer os exames iniciais para identificação da doença. “Antes de tudo se faz a endoscopia, é ali que poderemos analisar o tipo e a gravidade da gastrite, e indicar o tratamento adequado para cada indivíduo, muitas vezes, a gastrite pode ser confundida com desconforto estomacal, por isso é importante os exames para tirar todas as dúvidas”.
É comum as pessoas iniciarem tratamentos em casa para a gastrite, se automedicando ou usando de remédios caseiros. Para o médico, a automedicação é perigosa, uma vez que todos os medicamentos possuem ação e reação no organismo. “Geralmente, trabalha-se com remédios do tipo omeprazol, pantoprazol, lansoprazol, esomeprazol. No entanto, apenas o médico pode indicar a quantidade e o período necessário para cada paciente, e claro, além de outras formas de tratamentos, uma reeducação alimentar é recomendada para todos os casos”.
O especialista, ainda, desmistifica um mito proliferado nas redes sociais de que omeprazol vicia. “O remédio não causa dependência, o que acontece é que, em alguns casos, as pessoas desenvolvem uma dependência psicológica. Obviamente, não é recomendado o uso excessivo por um longo período, mas que ele causa dependência química, não é verdade”.
Por quê uma doença do século XXI?
Edson acredita que as mudanças sociais têm forte impacto no surgimento dessa patologia. “Tudo está muito rápido, as pessoas não param mais nem para se alimentarem corretamente. A quantidade de informações que recebemos e as atividades que precisam ser desenvolvidas no dia, tudo isso aliado a uma expansão tecnológica e a mudança na percepção de tempo das pessoas, tem favorecido o estresse, angústia e nervosismo, características psicológicas que agridem diretamente o corpo”.
Como evitar a doença?
Um passo importante é adquirir ações que possam evitar a doença. “Uma alimentação balanceada, saudável é primordial, mas também comer regularmente, de preferência de três em três horas. Não abusar de bebidas alcoólicas e com cafeína. Evitar alimentos industrializados ao extremo e produtos que sejam nocivos, como cigarros e o automedicamento em excesso, é um começo para manter o estômago em boas condições”. Isso aliado a atividades que possam inibir o estresse do dia a dia são pontos a favor da saúde e para longe da gastrite.