A discriminação com deficientes ainda é presente na sociedade, entenda como isso prejudica no desenvolvimento pessoal e autoestima

 

No dia três de dezembro se comemora o Dia Internacional do Portador de Deficiência. “Deficiência é todo e qualquer comprometimento que afete a integridade física da pessoa e traga prejuízos para a sua locomoção, fala e compreensão de informações, que pode afetar o relacionamento com as outras pessoas”, explica a psicóloga Marionita Gonçalves Dias.

Quando usamos a palavra “deficiência” ela vem carregada de significados fortes, avalia Marionita, sendo muitas vezes relacionada ao oposto de “eficiente”, sugerindo que estas pessoas são incapazes, o que não é um fato, já que todos  temos a capacidade de desenvolver novas habilidades que podem suprir qualquer deficiência.

“Seguindo essa linha de pensamento, tratar uma pessoa portadora de deficiência com ‘dó’, pode significa tirar dela o direito de superar as limitações e desenvolver-se”, ressalta a psicóloga. Ainda, segundo ela, é preciso aceitar que todos somos diferentes, cada um com suas características físicas, psicológicas e culturais, uma deficiência não deve ser motivo para tratar  alguém como “o diferente”.

 

Os malefícios para o portador

Entender que não somos todos iguais é o primeiro passo para acabar com os problemas sociais que os portadores de deficiência enfrentam, o comportamento intolerante só traz resultados negativos. “Os portadores passam a ser tratados de forma relativamente agressiva, sendo rotulados, segregados, discriminados, excluídos e, em alguns casos, até mesmo exterminados. Devido a isso, o portador de deficiência passa a ter atitudes de isolamento, autopunição e, as vezes, agressividade”, explica Marionita.

Os familiares têm papel importante de tratar o portador de deficiência com consciência de suas diferenças. “Quando familiares e escola tratam o portador de deficiência com dó, fazendo tudo por eles, criam no indivíduo um sentimento de incapacidade, o transformando em vítima da sua própria história, transformando a deficiência em algo muito maior do que realmente é”, afirma a psicóloga.

Atualmente existem programas que ajudam na inclusão de portadores, mas ainda assim, eles não se sentem inclusos, pois o preconceito vem de uma questão cultural da sociedade. “Desde os primórdios, a estrutura da sociedade sempre inabilitou os portadores de deficiências, marginalizando-os e privando-os de liberdade”, cita a psicóloga.

“Na minha carreira profissional presenciei inúmeros educadores que receberam capacitação adequada para trabalhar com crianças com necessidades especiais, mas por não existir um trabalho psicológico com o próprio educador, fez com que o mesmo não criasse uma demanda interna para acreditar no seu trabalho e acreditar no desenvolvimento e capacidade dos portadores”, salienta Marionita.

 

O processo de aceitação, como ajudar?

A profissional esclarece que o tratamento psicológico utilizado com portadores de deficiência, que sofrem com estas questões, é o mesmo que o usado para não portadores. Marionita cita que um dos aspectos que fazem a diferença, é a inclusão da família no tratamento terapêutico, pois além de dar apoio, a família também precisa receber apoio e ser acolhida, afinal, a família do portador também enfrenta desafios e o preconceito. “É importante citar que a questão emocional é algo que todos têm em comum, independente de ser um portador, ou não”, explica.

Nos últimos anos, ações isoladas de educadores e de pais têm promovido e implementado a inclusão, nas escolas, de pessoas que portam algum tipo de deficiência ou necessidade especial, visando resgatar o respeito humano e a dignidade, no sentido de possibilitar o pleno desenvolvimento e o acesso a todos os recursos da sociedade por parte desse segmento.

“É necessário que todos tenham consciência que somos diferentes uns dos outros, e dificuldades e deficiências todos nos podemos apresentar em algum momento da vida, seja ela física ou psíquica, e vamos precisar lutar para supera-las ou adaptar à nova situação. Então, não há porque tratarmos pessoas portadoras de deficiência como diferentes. O preconceito é reforçado em nosso meio em decorrência da mídia ter criado um estereotipo de corpo perfeito, e quem não se enquadra nos padrões é visto como diferente”, finaliza a psicóloga.

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